“Eu não sou condenado em processo nenhum”, afirma Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Operação Lava Jato em entrevista ao Diário

“Eu não sou condenado em processo nenhum”, afirma Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Operação Lava Jato em entrevista ao Diário

Foto: Fabiano Byas (Divulgação)

Ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, o ex-procurador federal Deltan Dallagnol esteve em Santa Maria para uma palestra, na noite da última quinta-feira (7). Embaixador nacional do partido Novo, ao qual ingressou em setembro, ele tem viajado o país para divulgar as ideias da sigla e angariar filiados. Em entrevista ao Diário, Deltan falou sobre sua cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o argumento de ter fraudado a lei ao renunciar ao cargo de procurador, enquanto respondia a procedimentos administrativos no Conselho Nacional do Ministério Público, evitando ficar inelegível.

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O ex-procurador também comentou as mensagens entre procuradores e o juiz da operação à época, Sergio Moro, na chamada Vaza Jato, e sobre o Novo rever a posição e decidir utilizar recursos públicos dos fundos Partidário e Eleitoral. Hoje, ele tem um salário equivalente a de um deputado, cerca de R$ 40 mil, pago pelo partido para fazer esse trabalho pelo país. Confira os principais trechos da entrevista:


Cassação

“Para quem acompanhou a minha história, sabe que eu trabalhei na Lava Jato. Fiz o meu melhor: conseguimos recuperar bilhões, colocar corruptos na cadeia, pela primeira vez. Depois de o sistema reagir e destruir instrumentos de combate à corrupção, isso nos levou a dar um passo para a política, onde a mudança podia ser feita... Uma vez na política, o sistema continuou cassando quem combateu a corrupção para que ninguém mais ouse enfrentar os poderosos no Brasil. E isso terminou com a minha cassação. E o grande aprendizado é a ideia de que uma andorinha só não faz verão sem bando”.


Pelo Brasil

“A gente precisa encher de um monte de gente boa no Congresso Nacional. Não basta uns cinco, 10 Deltans, Maréis van Hattem, uns cinco,10 Giuseppes...Para isso acontecer, a gente precisa unir as pessoas em um time. Por isso, eu tenho viajado não só o Rio Grande do Sul, mas o país chamando pessoas para fazerem parte desse time, que é o Novo, que tem a coragem de enfrentar os donos do Poder e que preza por honestidade e competência na política”.


Fraudado a lei?

“É muito absurdo! Todo mundo que conhece o básico da lei entende e, mesmo as pessoas que não sabem, quando eu entro em Uber, em táxi ao redor do Brasil, as pessoas dizem que é ‘uma sacanagem’ (cassação). Afinal, eu não sou investigado em processo nenhum, eu não sou condenado em processo nenhum. Eu fui retirado do Parlamento depois de ser o deputado mais votado do Paraná, já os corruptos, inclusive confessos,investigados, acusados e condenados, são mantidos no Parlamento. E, além disso, a regra que foi aplicada no meu caso, ela não existia, foi uma regra inventada pelo tribunal (TSE) para me cassar. A regra que existia é que, quem for membro do Ministério Público e sai na pendência de um processo disciplinar, que possa conduzir a pessoa a uma demissão, ela se torna inelegível. Eu não tinha nenhum processo disciplinar contra mim, eu tinha reclamações”.


Reação

“Nós temos um sistema que, basicamente, reagiu contra quem combateu a corrupção e continua reagindo. Veja: Sergio Moro (juiz da Lava jato, hoje senador), por exemplo, está respondendo ao processo de cassação, enquanto outro Sérgio, o Cabral (ex-governador do Rio), foi condenado a mais de 400 anos de prisão e tá livre, leve e solto. Sergio Moro está respondendo por uma acusação criminal no Supremo Tribunal Federal por ter feito uma piadinha de festa junina com Gilmar Mendes (ministro do STF)”.


Diárias

"No Tribunal de contas da União, quatro ministros, sendo três deles delatados na Lava Jato, me condenaram a devolver para os cofres públicos R$ 3 milhões (diárias) que eu não recebi, que eu não mandei pagar."


Ministros

“Você acha que existe justiça para Lava Jato nas mãos de Dino (Flávio, indicado para o STF)? Você acha que existe justiça para Lava-Jato nas mãos de Dias Toffoli (ministro do STF), delatado na Lava Jato? É claro que não existe. O Aras (Augusto, ex-procurador-geral da República) foi uma pessoa que nunca fez nada na história do Ministério Público, era mais advogado do que o procurador. Nunca foi considerado por uma lista tríplice, não deu respaldo interno (à Lava Jato). Foi escolhido por conta do caráter político, da aproximação da classe política. O sistema reagiu para destruir a Lava Jato, destruir o combate à corrupção e impedir que operações como essas venham a acontecer novamente”.


Bandeiras

“Por isso, eu decidi entrar nesse time. O Novo sempre apoiou a Lava Jato, o combate à corrupção, é um time que se coloca contra os abusos de poder do Supremo Tribunal Federal e do desgoverno de Lula, é o time que defende a liberdade de expressão, que promove emprego e renda, que defende a liberdade de expressão religiosa, a vida, a família... Aqui, em Santa Maria, é representado pelo Giuseppe, que é o nosso pré-candidato a prefeito, que carrega os valores e princípios do Novo”.


Vaza Jato

“Me diga um caso em que teve essa combinação (entre procuradores e o juiz serio Moro)? O que houve ali foi uma série de deturpações e interpretações e, nos casos em que foram investigados, se comprovou que não teve nada daquilo. Eu vou dar um caso em que foi instaurado um inquérito no Superior Tribunal de Justiça para investigar se nós teríamos investigado indevidamente ministros do STJ, porque aquelas mensagens apontariam. Mas seria altamente burro, porque, se a gente fizesse algum acesso ilegal, isso não poderia ser usado como prova contra quem quer que seja, muito menos contra ministro do STJ, que é quase um Supremo na nossa República. Essa narrativa não se sustenta, o Moro absolveu em mais de 20% dos casos que a gente pediu condenação."


Troca

“Eu sou muito grato ao Podemos. Eu entrei no Podemos num momento em que existia um projeto presidencial do hoje senador Sergio Moro, é uma pessoa com competência, integridade. Eu busquei entrar num time de pessoas que está mais alinhada com a minha visão do mundo e que cuida e que cultiva com excelência a integridade, competência e boa gestão."


Fundo eleitoral

“Você não tem condição de entrar num jogo futebol, enquanto o adversário joga com 11, e você entra com cinco, você vai perder. Você não entra numa guerra com estilingue e o Novo estava indo para a guerra sem usar o Fundo Eleitoral. Ele (O Novo) vai usar só que de um modo diferente do que os outros partidos: com transparência, com prestação de contas, com respeito ao dinheiro público, diferente do que a gente vê em outros partidos”.

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