As potencialidades das três cidades que disputam a ESA

Vocação militar é a credencial de Santa Maria

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Ariéli Ziegler (prefeitura)

Não é demagogia quando se fala que Santa Maria é uma das principais cidades militares do país. Pelo contingente de militares e o expressivo número de organizações instaladas, o município entrou neste jogo com fortes e respeitáveis credenciais. Enquanto muitas cidades corriam contra o tempo para oferecer estruturas e destinar áreas ao Exército, Santa Maria, conhecida nacionalmente como a "capital dos blindados", foi gradativamente avançando como um enxadrista neste tabuleiro complexo. Sem cantar vitória ou vantagem, o município soube capitalizar toda a estrutura aqui colocada para chamar a atenção da "família militar", e, assim, montou uma ampla frente suprapartidária e com o engajamento da sociedade para convencer ao alto comando do EB para que o endereço da ESA seja o Rio Grande do Sul.

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Além de ser uma cidade com menor custo de vida em relação às demais concorrentes, Santa Maria também conta com Hospital Geral do Exército (HGeSM), Hotel de Trânsito e duas escolas militares. Para garantir a infraestrutura adequada - o terreno para a construção da escola já pertence ao Exército -, a cidade recebeu garantias de melhorias e ampliação da capacidade elétrica de redes de água e esgoto. Também já há área garantida para a nova Vila Militar.

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O governador Eduardo Leite e o prefeito Jorge Pozzobom, ambos do PSDB, envolveram-se diretamente na disputa. O governo do Estado sinalizou com apoio e liberações de recursos, caso for necessário, para obras de infraestrutura. Pozzobom também articulou com políticos do Estado, liderou a campanha para que a cidade seja a escolhida e costurou apoio junto aos mais altos cargos do Exército.

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Com 9,5 mil militares e 22 organizações militares, Santa Maria tem a maior capacidade de combate da Região Sul do país. Considerada a Capital dos Blindados, é referência nacional quando se fala em Exército. Generais e oficiais que por aqui passaram, e até de fora, reconhecem Santa Maria pela excelência, bem como pela sua ampla quantidade de organizações (que abrangem quase todas as armas) e estruturas, como o Centro de Blindados, acervo de veículos e instrutores especializados. 

Recife sinaliza com milhões para levar a escola

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Divulgação

Uma das principais cidades do nordeste brasileiro e notável polo de tecnologia do país, Recife, capital de Pernambuco, também entrou na disputa como forte candidata. Para manter sua competitividade, o governador Paulo Câmara (PSB) anunciou que o Estado estaria disposto a investir mais de R$ 300 milhões em mobilidade, transporte, infraestrutura hídrica e viária, entre outras áreas. Tudo para receber a Escola de Sargentos das Armas. No dia 20 de julho, o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, visitou Recife, destacando que "Pernambuco está muito bem" na disputa.

Várias concessões foram feitas ao Exército para a instalação da nova ESA, como áreas para a construção de um complexo logístico e de um centro de convivência e bem-estar.

Única capital entre as concorrentes, Recife traz consigo todos os problemas enfrentados de uma cidade grande, como a violência e o custo de vida elevado, já que também é uma cidade turística e que recebe milhares de pessoas todos os anos.

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Se instalada em Pernambuco, a ESA construirá sua nova estrutura no Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti, na cidade de Abreu e Lima e entre outros seis municípios da região metropolitana de Recife.

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Na última visita que fez a Recife, o comandante do EB elogiou as instalações da cidade. Quem o recebeu foi o governador do Estado. Os jornais locais que cobriram o encontro, no entanto, não citaram a presença do prefeito de Recife, João Campos (PSB). Das vezes que visitou Santa Maria e Ponta Grossa, Paulo Sérgio foi recebido pelos governadores e prefeitos das cidades.

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Sede do Comando Militar do Nordeste e da 7ª Região Militar, Recife conta com organizações militares importantes, como o 4º Batalhão de Comunicações de Exército, o 4º Batalhão de Polícia do Exército, a 5ª Companhia de Inteligência, o 7º Depósito de Suprimentos, o Parque Regional de Manutenção da 7ª Região Militar e o Hospital Militar de Área do Recife, entre outras unidades. Em todo o Estado, são 25 organizações e mais de 6 mil militares.

Ponta Grossa aposta na infraestrutura

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Divulgação

Considerada a principal "rival" de Santa Maria nesta disputa, Ponta Grossa investiu pesado para atrair a Escola de Sargentos das Armas. Uma série de concessões foi anunciada pelos governos municipal e estadual para garantir a cidade no páreo. Com um dos principais entroncamentos rodoferroviários do sul do país, o município também tem investido em mobilidade, com ampliação do aeroporto - que tem voos regulares para São Paulo - e melhoria nos acessos à cidade.

No começo de junho, o Paraná venceu um dos últimos entraves burocráticos para consolidar sua candidatura à ESA. O Estado conseguiu convencer a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) a desocupar a área em que está instalada a chamada Fazenda Modelo (o valor de mercado da área seria de aproximadamente R$ 500 milhões), deixando o terreno de 4,5 mil hectares à disposição para a construção do complexo militar. Em contrapartida, a Embrapa receberia uma área do Exército localizada em Palmeira, vizinha de Ponta Grossa.

Localizada a 108 quilômetros de Curitiba, capital paranaense, a candidata está entre as 10 primeiras colocações no ranking de saneamento básico das 100 maiores cidades brasileiras e tem o maior parque industrial do interior do Paraná.

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Com o objetivo de convencer o Comando do Exército de que Ponta Grossa também está preparada para a ESA, o governador Ratinho Júnior e a prefeitura da cidade, Elizabeth Schmidt, ambos do PSD, costuraram diversos apoios políticos. Os dois estiveram em Brasília neste período. A chefe do Executivo municipal chegou a ter uma reunião com o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB).

Apesar de o Conselho do Exército afirmar que a escolha da cidade se dará por questões técnicas, sem interferências políticas, entre os governadores dos três estados, Ratinho Júnior é o que tem maior proximidade com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

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Ponta Grossa tem grandes estruturas militares: o 13º Batalhão de Infantaria Blindando (BIB) e a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada, que tem entre as unidades o 3º Regimento de Carros de Combate (RCC). Ao todo, o município conta com cinco unidades militares e 1,6 mil militares.