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VÍDEOS: santa-marienses contam como está a rotina com o coronavírus em outros países

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Muitos santa-marienses saem para desbravar o mundo depois de formados ou em busca de alguma oportunidade no exterior. Com a pandemia do novo coronavírus, a rotina no mundo inteiro foi afetada, forçando as pessoas a ter mais cuidados e a ficar em isolamento social.

Na busca por jovens que saíram do coração do Rio Grande para outros continentes, encontramos o Paulo, na China, a Lais, na Itália, a Kelley, nos Estados Unidos, e a Graciele, na Bélgica. O relato de todos eles converge em um ponto: a importância das medidas de prevenção à Covid-19 e como isso impacta a vida nos países em que estão atualmente.

Confira os relatos:

A vida em meio à pandemia é cheia de incertezas e preocupações em qualquer lugar. Agora, imagine estar longe da família e da terra natal, e ainda por cima morar em um país que já registrou mais de 13 mil mortes pela doença? Essa é a realidade da enfermeira Ivania Froner Costa, nascida em Santana do Livramento e radicada em Santa Maria, porém moradora da Itália há mais de 16 anos.

Atualmente, Ivania mora no Vale da Aosta, na capital de mesmo nome, no noroeste do país, a cerca de 300km de Milão. Com ela, estão o marido Matteo Casella, italiano e chefe de cozinha, e os filhos Matteo e Elisa de 12 e 9 anos, respectivamente.

Até a data em que a entrevista foi gravada, a clínica em que Ivania trabalha não estava atendendo pacientes com coronavírus. Porém, desde a última segunda-feira, o local está auxiliando o hospital da cidade e recebendo casos positivos do covid-19. Na entrevista, a enfermeira relata como é a rotina dela e da família no país que é epicentro do novo coronavírus na Europa.


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"Eu trabalho de casa (mas essa já é minha realidade porque sou profissional liberal). Todas as pessoas que conheço estão trabalhando em regime home office no momento aqui. Meu marido trabalha na indústria química e ele, alguns dias, vai trabalhar e, em outros, trabalha de casa, de acordo com as demandas. As indústrias também estão fechadas, exceto algumas categorias consideradas essenciais, e que foram mantidas ativas.

Os únicos serviços abertos aqui são mercados, farmácias, bancos e correios, em horários limitados, bancas de revistas e tabacarias (que, aqui na Itália, exercem alguns serviços diferentes do Brasil). A gente sai só para ir no mercado, sempre tem filas e pode ir apenas um representante da família para fazer as compras.

Existem pessoas assustadas, preocupadas com os seus e com a situação de maneira geral, mas elas não estão inconscientes, elas observam os dados e percebem a situação que estamos vivendo. Sabem que o momento é importante e exige a colaboração e o cuidado de todos.

A rotina das cidades e da vida das pessoas está totalmente alterada desde o final de fevereiro, especialmente aqui no norte da Itália. As pessoas estão trabalhando na sua maioria de casa e a circulação é super restrita a situações verdadeiramente necessárias e urgentes. Existe um cuidado e uma preocupação constante com o aumento dos casos e toda a população está acompanhando isso.

No início, existia uma descrença com relação à necessidade das medidas restritivas, mas com o passar do tempo e o avanço dos contágios (e das suas consequências) toda a população foi sensibilizada. Se não houver a colaboração de todos, não podemos superar essa emergência. Os italianos valorizam muito a interação social, e eles sentem esse momento, mas também me parecem engajados na colaboração.

Diariamente tem boletim da defesa civil e os dados são atualizados. Me parecem bastante transparentes os dados divulgados, e eles encaram com muito pesar o desafio que estão vivendo. É considerada a maior crise depois da segunda guerra. Então, eu diria que a nossa rotina mudou muito.

Todas os tipos de lugares que poderíamos frequentar (restaurante, cinema, entretenimento e etc) estão fechados. Parques e lugares de convivência estão fechados. Os esportes ao aberto também são desaconselhados (inicialmente não era um problema, mas com o isolamento começaram a ser uma alternativa para todos e eles tiveram que restringir). Eu costumo andar muito de bicicleta aqui e, ultimamente, não tenho podido mais fazer esse tipo de passeio tbm.

O decreto mais restritivo aqui foi prorrogado até o dia 13 de abril."

Lais Weber Righi, 32 anos, empreendedora. Mora com o marido, Vitor Lacerda Mauricio, em Monza, na região da Lombardia (a mais afetada pelo vírus), na Itália.

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"Já estamos em casa há quase três semanas. Antes da quarentena nós costumávamos sempre fazer alguma coisa depois do trabalho. Ir num restaurante, num parque, na academia, no cinema...Também raramente ficávamos em casa no final de semana. Mas, agora, a nossa rotina é toda dentro de casa. Passamos o dia todo na frente do computador, trabalhando. Normalmente falamos com as nossas famílias por vídeo e matamos um pouco a saudade antes de ir dormir. Ficar "preso" dentro de casa não é fácil, mas sabemos que é a melhor alternativa.

Eu trabalho com pesquisa e desenvolvimento de vacinas, então, meu trabalho não parou. O laboratório continua tão movimentado quanto antes. Como estou grávida, minha chefe deixa eu trabalhar em casa. Passo o dia todo analisando os dados que estão sendo gerados no laboratório, organizo as amostras a serem testadas e quais os próximos testes que devem ser feitos. Passo bastante tempo em reuniões também. Usamos o Skype para compartilhar a tela e o sistema de chamadas da empresa para o áudio. 

Eu estou com 20 semanas de gestação. Até então, estava fazendo consultas presenciais com a minha médica. Agora, é tudo online. Tivemos que comprar balança e medidor de pressão e nós mesmos medimos e mandamos os dados para a médica. Minha obstetra está ajudando os hospitais da cidade com os casos de coronavirus, então, não pode entrar em contato com as pacientes grávidas nesse momento. Espero que as coisas melhorem daqui alguns meses. Outra coisa que a quarentena está dificultando é na obtenção do enxoval. Como todas as lojas estão fechadas, eu nem tenho olhado nada. Esse é meu primeiro filho, então eu não tenho experiência e gostaria de testar carrinhos e cadeirinhas para o carro. 

Não poder ter consultas presenciais e não saber se minha obstetra poderá fazer meu parto também adiciona mais uma camada de estresse. Eu tento me manter positiva pois sei que pode afetar o bebê, mas tenho medo. Também não sabemos ainda como esse vírus afeta o feto e as gestantes. Meus pais e meus sogros que estavam planejando vir passar um tempo com nós mas, agora, não podem mais. Como somos pais de primeira viagem, não ter a experiência dos avós por perto vai ser bastante difícil. São várias incertezas que vão somando umas às outras.

Como estou grávida, eu tenho tido um cuidado ainda maior e não saio de casa para nada. Os restaurantes e comércio estão fechados, e um decreto determinou que continuem assim até junho. Os parques estão fechados também. 

Kelley de Vasconcellos Gonçalves, 30 anos, veterinária formada pela UFSM. Mora com o marido, Bernardo Bravo, em Richmond, no Estado da Virgínia, nos Estados Unidos.




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"Estamos isolados desde do dia 14 de março. Primeiramente, a ideia era fechar somente as escolas, e o comércio/restaurante durante os finais de semana. Mas já no dia 17, o comitê da

epidemia (formado por ministros de várias áreas) resolveu fechar tudo. A única coisa que está aberta desde então é supermercado e farmácia. Meu marido está trabalhando de casa desde do dia 13. Ele é da área de TI, e eu, como trabalho em um laboratório que faz análise de frutas e vegetais para o Ministério da Agricultura, continuo indo às vezes até o trabalho, e, às vezes, trabalho de casa. Como ele é considerado essencial, tenho comprovante da diretora para comprovar onde trabalho e porque saí de casa.

As empresas têm que permitir que os empregados trabalhem de casa. Como existem trabalhos que não podem ser feitos de forma remota, há muitas pessoas desempregadas, agora, recebendo um auxílio do governo, de mil euros. As empresas podem ser multadas se manterem as pessoas trabalhando. Eu trabalho 50% do tempo em casa, agora. Em abril, vou fazer 80% do horário em casa. Tento ensinar minha filha que, mesmo em casa, estamos trabalhando. Estamos nos organizando para tentar tirar férias para ficar em casa com ela, cada um por um período. Estamos organizando a rotina. Tento colocar na cabeça que estamos saudáveis. 

A minha filha recebe atividades diárias da professora para fazer em casa. Essa é a segunda parte do ano letivo, então, ela tem recebido muita coisa para fazer. Ainda não se sabe como vai ser quando voltar, se vão recuperar aulas ou não, então, os professores estão tentando fazer o máximo de coisas online. Pais que têm mais filhos vão à loucura, porque é realmente muita atividade.

Aqui, observam muito a Itália. Lá, foram fechar tudo depois de uma duas ou três semanas. Então, resolveram fechar tudo. Faz duas semanas que tudo está fechado.

Podemos ainda sair e fazer caminhadas na rua, ou ir correr, andar de bicicleta, desde que tu esteja com a tua família, com as pessoas que moram na tua casa, e respeitando a distância. É difícil ficar com uma criança de 6 anos o dia todo e estar trabalhando de casa. Uma coisa legal que eu esqueci de contar é que, aqui na vizinhança, eles colocaram ursos nas janelas das casas e carros (como na foto acima). Então, saímos a contar ursos na vizinhança. Achamos 50 ursos aos total. É muito legal para as crianças, porque é como se eles estivessem saindo a caça dos ursos."

Graciele Necchi Rohers, 36 anos, química formada pela UFSM. Mora com o marido, Lieven Verdonck, e com a filha, Sofia Verdonck, de 6 anos, em Gent, na Bélgica.





Paulo Fernando Pierry, 24 anos, mora na China com a namorada. Durante o pico da doença no país, estava visitando os sogros em Hangzhou, a cerca de 740 km de Wuhan, epicentro da doença no país.


"O local tem cerca de mil habitantes e não foi tão afetado como outras cidades. Mesmo assim, o governo se fez presente avisando a população, para as pessoas só sairem em caso de necessidade, como para ir ao mercado ou farmácia. Só mercados, farmácias e hospitais ficaram abertos.

Minha rotina não foi tão afetada porque eu estava fazendo um curso online para ser professor de inglês. Então, meu curso não foi afetado. Quando o Brasil enviou o avião para a China [para repatriar os brasileiros que estavam lá] meus pais perguntaram se eu não queria voltar, mas eu tranquilizei eles bastante e disse que confiava no que a China estava fazendo para conter o vírus. A política de cuidado social que a China tinha e tem até hoje, como o uso obrigatório de máscaras e a leitura de QR code [que comprova que a pessoa está saudável ao entrar em lugares públicos] me deixa tranquilo até hoje.

O tratamento aos pacientes com coronavírus é bastante eficiente também. Agora, a China já está voltando ao normal, ainda não está em situação normal completa, mas o comércio e os transportes públicos já voltaram a funcionar. Apenas as aulas, em escolas e universidades, salas de cinema e locais de aglomeração continuam fechados. O uso de máscaras e a leitura dos QR codes continuam.

Os aeroportos estão fechados desde o dia 28 de março [porque a China começou a ter casos importados da doença], o que dá uma tranquilidade maior para quem mora aqui."

Paulo Fernando Pierry, 24 anos, publicitário formado pela UFSM. Mora com a namorada em Hangzhou (a cerca de 740km de Wuhan, o epicentro do coronavírus na China). 

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