VÍDEO: um ano depois, conheça a história do primeiro caso confirmado de Covid-19 em Santa Maria

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Foto: Pedro Piegas (Diário)
Rafael Carvalho ainda guarda no celular o teste positivo do dia 17 de março de 2020

O primeiro atestado médico da vida de Rafael Alves Carvalho, de 33 anos, é também o primeiro de Santa Maria e região que apontou Covid-19 como o motivo. Foi ele o primeiro caso confirmado de contaminação pelo coronavírus no município e em toda a região. Neste domingo faz um ano que o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen) confirmou o teste positivo de Rafael. Foi em 21 de março que a pandemia chegou, oficialmente, no Coração do Estado.

Rafael, que trabalha como gerente contábil e ainda reside na cidade, topou conversar com a reportagem do Diário e contou como contraiu o vírus e passou pelo período de isolamento. Na época, mesmo ainda sem casos confirmados, Santa Maria já vivia sob medidas restritivas. Dias antes da primeira confirmação, as aulas em escolas municipais e estaduais haviam sido suspensas. No sábado, 21, passava a valer o decreto que fechava o comércio não essencial na cidade.

O Estado já contabilizava 60 casos e nenhum óbito. No país, eram 1.128 casos confirmados e 18 mortes. O primeiro caso de contaminação no país foi confirmado em 26 de fevereiro - um paulista que tinha viajado para a Itália. No município, vivia-se um clima de medo e apreensão pelos dias seguintes. O choque pela mudança repentina na vida cotidiana ainda era visível. A confirmação do primeiro caso na cidade aumentou o temor. O anúncio foi feito na noite de sábado, 21 de março de 2021, pelo prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), em uma live de 2min36s no Facebook.

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- A situação é grave, é séria. Nós temos um problema sério, não é brincadeira. Com muita tristeza, eu venho no sábado, no final da noite, dar essa notícia - afirmou Pozzobom, à época, sem relevar o nome do primeiro contaminado.

O pedido de ficar em casa foi seguido à risca. No domingo, as ruas de Santa Maria ficaram praticamente vazias. Agora, um ano depois, a cidade registra mais de 320 mortes e 22 mil casos de contaminação.

HÁ UM ANO

Antes de todas medidas , no dia 6 de março de 2020 , uma sexta-feira, quando a vida seguia normalmente em Santa Maria, Rafael viajou, de ônibus, até Joinville, em Santa Catarina, para encontrar o irmão. Ele passou o fim de semana na cidade e, na segunda-feira, dia 9, foi até o Porto de Navegantes, em Santa Catarina, onde faria a retirada de um veículo. É esta a visita a qual Rafael atribui a contaminação.

- Eu fui no porto, e lá tem muitos estrangeiros circulando. Eu passei por duas catracas até acessar a zona portuária. São catracas grandes, quase como se fosse uma porta giratória de um banco, mas toda de alumínio, de metal. Para mim, foi ali - relata.

Ainda na segunda-feira à noite, ele foi, com o irmão, que não se contaminou, em um show do cantor Daniel, em Joinville. A volta para Santa Maria foi de ônibus, durante a madrugada.

- Não fazia a menor ideia do risco. Eu nem imaginei que tivesse o vírus - conta.

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Na quinta-feira, exausto da sequência de viagens, sentiu os primeiros sintomas, como dor de cabeça e cansaço. Orientado pelo gestor da empresa onde trabalha, ele buscou atendimento em uma clínica particular. Foi ali que ele recebeu o primeiro indício que de que poderia estar com o coronavírus. Rafael fez a coleta para um teste e foi orientado a permanecer em casa. O resultado saiu na sexta-feira, dia 20 de março - 11 dias após o momento da contaminação. Com o teste positivo, ele foi procurado, no sábado, dia 21, por uma equipe da Vigilância Sanitária do município. Ele fez uma nova coleta, enviada para o Lacen, até então único órgão público do Estado a realizar o teste. Ele soube o resultado pela imprensa.

- Me disseram que levava uns quatro dias para o resultado. Mas, de noite, já tinha um monte de gente me enviando as reportagens de que havia sido confirmado. Mas ninguém tinha me falado até então. As pessoas que me conheciam, que sabiam que era eu, ficaram desesperados - revela.

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A partir dali, Rafael permaneceu isolado e se recuperou sem precisar do auxílio de remédios. Segundo Rafael, ele recebeu duas ligações de acompanhamento da Vigilância Sanitária, além dos contatos quase diários de um médico da clínica particular. 

* colaboraram Pâmela Rubin Matge e Leonardo Catto