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VÍDEO: conheça a rotina dos profissionais da coleta de lixo em meio à pandemia

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Foto: Renan Mattos (Diário)
Rotina diária dos coletores envolve muita correria e atenção

O céu noturno no distrito de Santo Antão, interior de Santa Maria, é mais bonito que o visto na área urbana - sem a forte iluminação, as estrelas ficam mais visíveis. Entretanto, não há tempo para ficar admirando as constelações. Às 6h, quando ainda está escuro, as equipes de coleta de lixo domiciliar de Santa Maria partem apressadamente, em seis caminhões, para iniciar os trabalhos. A rotina diária exige dos profissionais um bom preparo físico, muita atenção e técnicas apuradas para deixar a cidade limpa.


Para homenagear estes trabalhadores, que, mesmo durante a pandemia, não param de correr para garantir a destinação correta dos resíduos produzidos pelos santa-marienses, o Diário acompanhou um dia de trabalho de uma das equipes da Sustentare, empresa terceirizada que realiza o serviço de coleta domiciliar no município. Neste sábado, dia 16, é comemorado em todo o Brasil o Dia do Gari, que é a denominação dada ao profissional responsável pela limpeza das vias públicas. Em Santa Maria, convencionou-se a data também para os coletores de lixo. Na empresa, a manhã de sexta-feira foi de festa e homenagens a esses profissionais, inclusive com a presença de autoridades do poder público. É um trabalho que, na rotina diária da cidade, pode passar despercebido, mas é de fundamental importância para a saúde e o saneamento.

"É que nem um time de futebol, todo mundo já sabe sua posição"
O dia de Juliano Gavião, 32 anos, começa às 4h30min. Depois de tomar um café reforçado e vestir o uniforme, nas chamativas cores laranja e verde, ele aguarda o micro-ônibus da empresa que busca os funcionários todos os dias em diferentes bairros. Com o céu ainda escuro, eles chegam à empresa, no distrito de Santo Antão, um pouco antes das 6h. Muitos nem se importam com frio. Na quinta-feira, com uma temperatura de 7ºC, teve quem chegou de manga curta e calção. É que, em minutos, com o corre do dia a dia, o frio nem fará diferença. Com a pandemia do coronavírus, as cabines dos caminhões passam por uma higienização antes da saída. Quem vai chegando se dirige até a área comum. Ali, Juliano se encontra com Felipe Benites, 25 anos, Erik Martins, 28, e o motorista Lucas Dutra, 31, com quem faz o circuito do recolhimento há mais de um ano.

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Foto: Renan Mattos (Diário)
Lucas Dutra (da esq. para a dir.), Juliano Gavião, Erik Martins e Felipe Benites formam uma das equipes de coleta de lixo

- Cada um sabe o que tem que fazer. A gente já tem um entrosamento. É que nem um time de futebol, todo mundo já sabe sua posição. É um trabalho que exige muito da preparação física e da atenção, tanto do motorista quanto dos coletores. É um grupo, todos têm a responsabilidade - explica Juliano.

Às 6h, os caminhões partem da sede da empresa para a primeira carga, que vai durar cerca de três horas. De manhã cedo, com as ruas ainda vazias, a passagem do caminhão de lixo gera uma sinfonia curiosa de barulhos, que envolve assovios, gritos, o motor do caminhão e, principalmente, dos latidos dos cães de rua e até mesmo os dos pátios das residências, quase sempre hostis aos coletores. Este, inclusive, é um dos desafios enfrentados pelos profissionais. Ataques de cães, assustados com o barulho, chegam a ser comuns durante o serviço.

Cada equipe tem um motorista, responsável por dirigir o caminhão, e três coletores, que correm e levam as sacolas de lixo até a parte traseira do veículo. Um gari fica responsável pelo lado direito da rua, outro pelo lado esquerdo, e o terceiro, fica de apoio, correndo na frente para agilizar o serviço ou auxiliando o colega em locais com mais acúmulo de sacolas. Para dar conta do bairro inteiro, o ritmo é frenético. Os coletores também são responsáveis por auxiliar o motorista na manobragem do caminhão, com sinais e gritos, e orientar pedestres e outro veículos a dar passagem.

- Eles cuidam bastante. Rua, pedestre, atenção com o trânsito, sinalizar. Enquanto eles não gritarem, sinalizarem, eu não posso dar ré no caminhão - explica Lucas, que foi coletor por mais de seis anos e dirige o caminhão há cerca de um ano e meio.

PROBLEMAS COM AS SACOLAS
Com o ritmo intenso, seguidamente os garis têm problemas ao lidar com sacolas mal fechadas ou rasgadas, que se abrem e derrubam o conteúdo pelo chão. Resíduos cortantes, como cacos de vidro, também causam acidentes, um ou dois por mês, de acordo com Rodrigo Barcellos, coordenador de tráfego.

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Foto: Renan Mattos (Diário)
Cacos de vidro e sacolas rasgadas são problemas na hora do manuseio do lixo

O Diário acompanhou o recolhimento no Bairro Patronato e na Vila Lídia. O contato com a população, em geral, é amigável, com o tradicional cumprimento de longe e o grito de bom dia. Alguns moradores, ao ouvir o barulho do caminhão chegando, se apressam para deixar as sacolas de lixo em frente à residência.

- Tem pessoas que tratam a gente bem, valorizam nosso serviço, outros, nem tanto. Mas tem bastante gente boa. Por exemplo, tinha um senhor em Camobi que a gente chegava e ele tinha uma mesa de café pronta para a gente - conta Rodrigo.

CIRCUITO COMPLETO
Quando a concha do caminhão, na parte traseira, enche, é ativado o sistema de compactação, que puxa e comprime o lixo na caçamba interna. Cada caminhão tem capacidade para 15 metros cúbicos, o que, em média, corresponde a 8 toneladas de resíduo. A carga é completa em cerca de 3 horas.

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Com o caminhão cheio ou o circuito completo, a equipe se dirige ao aterro sanitário, que fica ao lado da empresa, também no distrito de Santo Antão. Lá, os coletores descem e seguem para um intervalo, na área comum da empresa, enquanto que o motorista descarrega os resíduos no aterro.

Após um tempo de descanso, os profissionais partem para mais um carregamento, o último do dia.

COMO FUNCIONA O TRABALHO DOS COLETORES
Os profissionais são responsáveis pela coleta do lixo não-conteinerizado da cidade. Ao todo, são 80 trabalhadores que recolhem os resíduos em cerca de 40 mil pontos de coleta. Por mês, passam pelas mãos dos garis 4,8 mil toneladas de lixo, uma média diária de 160 toneladas - variável de acordo com o dia da semana, já que as segundas e terças-feiras costumam concentrar mais resíduos.

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Foto: Renan Mattos (Diário)
Logística envolve diversos caminhões, rotas e trabalhadores

Cada bairro recebe a coleta uma vez a cada dois dias, com exceção dos mais centrais e populosos, onde o recolhimento é feito diariamente.

- É uma logística complexa. Existem estudos para avaliarmos rotas. Por exemplo, se abre um novo residencial com 300 residências, é um local que vai produzir mais lixo, então temos que ver - explica Rodrigo Barcellos, coordenador de tráfego.

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Cada rota tem uma distância percorrida variável, normalmente entre 30 a 40 quilômetros. Mas há trajetos por regiões interioranas que chegam a ter 180 quilômetros de distância.

- Nossa atividade é diária, de segunda a sábado. Inclusive, nesse momento de pandemia, a gente não parou. Com 80 colaboradores, recolhemos cerca de 80% dos resíduos gerados na cidade de Santa Maria - diz Felipe Lasch, responsável pela operação local.

O DESTINO DO LIXO RECOLHIDO
Após o recolhimento, o lixo é destinado a um aterro sanitário, também no distrito de Santo Antão, de responsabilidade da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR).

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Foto: Renan Mattos (Diário)
Aterro sanitário de Santa Maria recebe mais de 400 toneladas de resíduos todos os dias

Ali, trabalham outras 26 pessoas que, de acordo com Luiz Moacyr  de Carvalho Filho, supervisor da unidade, também podem ser incluídas nas comemorações deste sábado.

O local recebe, além do lixo domiciliar de Santa Maria, os resíduos provenientes da coleta nos contêineres, de responsabilidade da Conesul Soluções Ambientais, e de outros 39 municípios da região, o que totaliza cerca de 400 toneladas diárias.


- É importante esse trabalho, recolhendo o resíduo da população, deixando a cidade limpa e evitando doenças. A gente também está cuidando do meio ambiente, dispondo esse resíduo de maneira adequada, com todo o sistema de engenharia para poder evitar a contaminação do solo, do lençol freático e do ar - explica Luiz Moacyr.

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Foto: Renan Mattos (Diário)
O fluxo de caminhões de municípios de toda a região é intenso durante as manhãs

Cada caminhão que chega passa por uma balança e se dirige ao aterro. Ali, há uma área preparada (impermeabilizada, sem contato com o solo, e com drenagem do chorume, líquido proveniente da decomposição) onde os resíduos são colocados, compactados e depois cobertos, com auxílio de tratores e escavadeiras. O chorume é tratado e transformado em água de reuso. Dos 16 hectares preparados para receber o lixo, 8,5 já estão preenchidos. No ritmo atual, a vida útil do aterro para recebimento de resíduos é de 10 anos.

*colaborou Felipe Backes

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