7 anos

VÍDEO: 'a gente enfrenta esse júri em qualquer lugar', diz pai de vítima da Kiss

18.389

data-filename="retriever" style="width: 100%;">

Fotos: Renan Mattos (Diário)/ Flávio José da Silva perdeu a filha Andrielle Righi da Silva, que completaria 29 anos na última sexta-feira

As lágrimas são um misto de dor e de exaustão. Para os familiares e sobreviventes da tragédia do dia 27 de janeiro de 2013, além da saudade, os anos que se passaram após o incêndio também significam uma longa espera por justiça. Para os pais e mães que acompanham desde o início os desdobramentos processuais sobre o caso Kiss, a iminência do julgamento traz à tona os mais diversos sentimentos em quem transformou o luto em luta.

'Nenhum julgamento poderia ser em santa Maria', avalia criminalista


Vigília em frente à Kiss e palestra com Fabrício Carpinejar marcarão os 7 anos da tragédia

- Eu não sei dizer ainda se estou preparado, pois essa busca por justiça é muito grande e a gente ainda continua sendo muito maltratado. Esses acontecimentos e essa espera repercutem nas famílias que estão lá, ansiosas por uma resposta. Esse desgaste é coletivo. A gente ainda não conseguiu parar para pensar em adquirir as energias para enfrentar um júri, mas vamos buscá-las onde for necessário - reafirma Flávio José da Silva, pai de Andrielle Righi da Silva, que na última sexta-feira completaria 29 anos.

Defesa de Mauro Hoffmann entra com pedido para que réu seja julgado fora de Santa Maria

Além do esgotamento físico e mental, Flávio, que também é presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), afirma se sentir ignorado diante dos últimos acontecimentos relativos ao julgamento dos réus.

VÍDEO: quem são os promotores que vão atuar no júri do caso Kiss

- Até hoje, a gente só veio perdendo essas batalhas junto ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. A gente começa a pensar numa grande parcialidade com essas decisões. Não tem como pensar de outra forma no momento em que só os réus têm direito e estão levando vantagem, o que não deixa de envergonhar o nosso Estado. A gente enfrenta esse júri em qualquer lugar, mas eu acho que o Tribunal deixou de observar muita coisa. E a gente não abre mão de que eles (os réus) sejam julgados aqui, juntos - relata.

Ao completar sete anos do incêndio, caso Kiss ainda está longe de um desfecho

A espera por um desfecho também é carregada de expectativa. Para o psiquiatra Vitor Crestani Calegaro, cada vez que um evento relacionado ao processo ocorre, é como se as consequências daquela noite ainda estivessem em curso.

- Os familiares e sobreviventes têm que lidar não só com uma coisa que aconteceu no passado, mas com algo que ainda está acontecendo. Quando a pessoa está enlutada, ela não vive o agora, ela vive o fato quase todos os dias e, por vezes, fica presa no passado. E isso acontece involuntariamente, ela não quer pensar, mas ela vive esse sofrimento. Enquanto não terminar esse processo, eles não vão conseguir deixar isso no passado. A gente ainda está escrevendo a história da Kiss. O quanto antes isso terminar, é melhor para poder lidar com o presente - aponta o especialista, que também é professor do Departamento de Neuropsiquiatria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e coordenador do Ambulatório de Psiquiatria do Centro Integrado de Atendimento às Vítimas de Acidente (CIAVA) do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm).

data-filename="retriever" style="width: 50%; float: right;">

Sem saber ainda, ao certo, quantos réus serão julgados em Santa Maria e se o recurso do Ministério Público que pede pelo julgamento conjunto dos quatro acusados será acolhido pela Justiça, Jacqueline Malezan, mãe de Augusto Malezan de Almeida Gomes, 18 anos, aguarda por um resultado favorável aos familiares:

- Eu espero que a gente consiga reverter esse desaforamento. Está tudo muito demorado e ainda a gente não tem certeza de que vá acabar ainda esse ano. Para uma coisa que vitimou tantas pessoas, já era para ter acontecido o julgamento, até para a gente descansar. Eu já não espero mais muita coisa, porque não acredito mais na Justiça. Acho que a lei brasileira é muito precária nesse sentido, tudo se pode apelar. Se eles forem condenados, a gente não espera também que eles fiquem 30 anos na cadeia. A gente não deve ficar esperando por isso.

Desfecho do processo principal da Kiss deve se arrastar por até 4 anos

Enquanto os recursos das defesas dos réus e da acusação aguardam pela apreciação do Tribunal de Justiça gaúcho, para muitos, a aproximação do júri é considerada o final de um ciclo.

- Parece que é a última hora, que vai ser o fim, e eu espero que o resultado não seja contra a gente, que daí sim pode ser bem pior do que já está sendo. A gente não aguenta mais. Toda hora uma coisa nova surge e sempre é negativo para o nosso lado, não conseguimos reverter nada para nós. Eu espero que isso termine logo, só. Chega. E vamos descansar em paz, ter uma vida. Uma outra vida, né. Tem que pôr um ponto final, isso tem que acabar - desabafa Jacqueline.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Julgamento de réus em Santa Maria é 'contaminado', avalia criminalista

Próximo

Desfecho do processo principal da Kiss deve se arrastar por até 4 anos

Geral