Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Às vésperas da apresentação, pelo governo do Estado, do plano que determinará onde ficarão os pedágios e os trechos de duplicação da RSC-287, a principal via de ligação de Santa Maria com a Capital, o Diário e o jornal Gazeta do Sul se unem para contar aos seus leitores em que condições está a rodovia. As equipes dos dois jornais percorreram os 203 quilômetros que separam o marco inicial da concessão da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), no quilômetro 29, em Tabaí, até a chegada no acesso ao Aeroporto de Santa Maria, no quilômetro 232.
Problemas estruturais, falta de alargamento na pista, acostamentos e fluxo intenso de veículos são ingredientes que fazem da 287 uma rodovia com data de validade. Se não for duplicada, irá parar nos próximos 20 anos.
O resultado você vê no mapa abaixo, clicando nos pontos marcados em vermelho:
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O PLANO DE DUPLICAÇÃO
Nesta segunda-feira, o governador Eduardo Leite irá apresentar o programa RS Parceria, que aposta em parcerias para desenvolver o Estado. No programa, está incluída a duplicação da RSC-287. Nele, constam as propostas apontadas por estudos técnicos da KPMG, que aponta que a rodovia tem buracos, desníveis, sinalização ruim e congestionamentos, situação que segue, segundo mostra as viagens feitas pelas equipes do Diário e da Gazeta do Sul nos 203 quilômetros da RSC-287 entre Santa Maria e Tabaí.
Há pouco mais de um ano, o Plano Estadual de Logística de Transportes (Pelt-RS) mostrou um verdadeiro raio-x da 287. O documento alerta que é preciso duplicar a rodovia de Tabaí a Santa Maria até 2039, sob risco de paralisar o tráfego. Para isso, nos próximos 20 anos, seria necessário arrecadar R$ 1,5 bilhão para as obras, valor que a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e o governo do Estado dizem não dispor.
O plano serviu como argumento ao Palácio Piratini, que agora se prepara para discutir com a sociedade a possibilidade de licitar a rodovia. O RS Parcerias apresentará as cifras, os prazos e as necessidade de passar para a iniciativa privada a gestão de estradas como a RSC-287.
Há um longo caminho até a concessão. O estudo técnico prevê a realização de audiências públicas, consulta pública e revisão por órgãos de controladoria. Informações, como a tarifa dos pedágios e a obrigação de investimento em duplicação também fazem parte do conjunto de regras para entregar a 287 ao setor privado. Atualmente, a rodovia é mantida pela estatal EGR. Leite quer assinar o contrato da concessão ainda neste ano.
NO TRECHO SEM PEDÁGIO, USUÁRIOS RECLAMAM
A reportagem identificou pelo menos cinco pontos nos quais o tráfego é intenso e, mesmo em horários alternativos, como no meio da manhã e meio da tarde, o fluxo de veículos é intenso. Os usuários reclamam de movimento, horário e cobrança de pedágio que, no formato atual, não refletem em boas condições ao tráfego.
- A estrada está muito ruim. Vou duas vezes por semana de Caxias do Sul até Agudo, então já cruzei muito por aqui. Sou a favor da cobrança de pedágio, desde que o dinheiro seja investido no lugar onde o pedágio estiver - diz o caminhoneiro Juvêncio Souto, que acha a EGR insuficiente para gerir a RSC-287.
Nos 60 quilômetros entre Santa Maria e Paraíso do Sul, que não são mantidos pela EGR, os problemas são grandes. Há obras entre Restinga Sêca e Santa Maria. No trecho, a rodovia está em melhores condições. Mas o empresário Pedro de Lima reclama do excesso de tráfego:
- Dependendo do horário, é muito complicado - diz Lima, que pede a duplicação da 287.
No quilômetro 200, na localidade de São Miguel, no interior de Restinga Sêca, o comerciante Charles Weise olha incrédulo para a RSC-287. Dono de uma padaria, ele não acredita que a duplicação sairá do papel. Outra crítica diz respeito ao preço dos pedágios. Weise defende o modelo catarinense, com estradas bem conservadas.
- Em Santa Catarina não é como aqui, que tu pagas e o dinheiro vai para outro lugar. Além disso, é muito caro o pedágio aqui no Estado. Deixam de tomar um café, por exemplo, aqui na padaria - reclama.