Unesco e a região olham para Caçapava do Sul e o sinal verde de geoparque

Leandra Cruber

Unesco e a região olham para Caçapava do Sul e o sinal verde de geoparque
Na última quinta-feira, em reunião da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), os geoparques Quarta Colônia e Caçapava receberam sinal verde e estão ainda mais perto de integrar Rede Mundial de Geoparques (GGN).

A apreciação dos relatórios realizados pelos avaliadores foi feita durante encontro do Conselho Mundial de Geoparques e resultou na indicação positiva e recomendação de aprovação de ambos territórios como geoparques mundiais. A MIX já apresentou aos leitores as belezas da região da Quarta Colônia e, agora, apresentamos um guia com a sugestão de alguns passeios e imagens das belas paisagens de Caçapava.  

A pouco mais de 102 quilômetros de Santa Maria, está Caçapava do Sul, município de 191 anos que, na língua tupi-guarani, significa “Clareira na Mata”. Surgiu de um acampamento militar localizado no antigo povoamento dos índios charruas. Assim, iniciou a história do município pelos idos de 1777, quando nasceu a “Paragem de Cassapava”. No dia 25 de outubro de 1831, a região foi elevada à categoria de Vila e, em 9 de dezembro de 1885, à categoria de cidade. É um dos municípios mais antigos da Região Central e, além de contar parte da história do Rio Grande do Sul e do Brasil, remonta, também, à evolução da terra.

Em Caçapava, a transição de milhões de anos foi materializada em uma paisagem rochosa carregada de lendas e mistérios que se desdobra em um geoparque. O protagonismo do local é da comunidade caçapavana, do poder público municipal e instituições de ensino superior, como a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Universidade Federal do Pampa (Unipampa).

Representantes da Unesco e do Geoparque. Fotos: Nathália Schneider (Diário)

De 7 a 9 de novembro, o Geoparque Caçapava recebeu dois representantes da Unesco, que visitaram o município para a missão de avaliação do território. O cientista ambiental Antonino Sanz Matencio, da Espanha, e o geólogo Mahito Watanabe, do Japão, percorreram mais de 200 quilômetros e passaram por 20 locais entre patrimônios naturais, culturais e históricos do município, além de empreendimentos familiares que fazem parte do projeto.

Durante os dias, a equipe viu e viveu em um território onde o tempo da Terra e o tempo da humanidade se encontram e se misturam em passado, presente e futuro.

Juntos, os avaliadores da Unesco somam mais de 20 missões de avaliação. Ainda assim, saíram apaixonados de Caçapava.

– Vivemos dias muito intensos pelo trabalho e pela emoção. Aprendemos muito e conhecemos pessoas apaixonadas pelo território em que vivem, é uma experiência que não vou esquecer.E quem quer conhecer e se apaixonar pelas belezas do Geoparque Caçapava, a cidade possui diversos serviços e atrativos turísticos para proporcionar momentos de encher os olhos.

Curiosidades sobre Caçapava do Sul

Em Caçapava do Sul foi cantado, oficialmente, o hino rio-grandense pela primeira vez, em um baile realizado dia 30 de abril de 1839.

O município é o maior produtor estadual de calcário agrícola

A cidade foi a 2ª Capital Farroupilha.

É um dos locais mais procurados pelos praticantes de escalada.

Em agosto de 1865 o então Imperador, Dom Pedro II, visitou Caçapava do Sul. Na ocasião, foram colocadas pedras em um trecho da estrada para dar trânsito às carretas e carretilhas da comitiva do Imperador. A “Estrada da Calçada” está preservada até os dias de hoje.

Investimento público

O poder público do município, representado pela prefeitura e pela Câmara de Vereadores, abraçou o Geoparque Caçapava como um projeto que deve ultrapassar gestões. Hoje, o projeto faz parte do orçamento anual da cidade e a infraestrutura tem sido prioridade.

De acordo com o secretário de Cultura e Turismo, Stener Camargo, a pasta, que atua junto à gestão do geoparque, em 2021, captou R$ 1,2 milhão em recursos estaduais. A partir de consulta realizada junto à população, foi decidido que R$ 600 mil serão destinados para o Parque Municipal da Cascata do Salso e R$ 600 mil do Avançar Turismo, para melhorias no Forte Dom Pedro II. Além disso, outros dois projetos já estão previstos:– Teremos um mirante nessa região das Guaritas para que as belezas naturais do lugar possam ser observadas. Além disso, o Cine Rodeio, parte fundamental da história de Minas do Camaquã, vai ser restaurado para que vire um espaço de memória. Temos, ainda, outros projetos como um centro turístico e a própria sede do Geoparque. São muitas possibilidades que já estão em andamento e apontam para o futuro – conta o secretário.

As lendas que incentivam a imaginação

Pedra do Segredo. Fotos: Nathália Schneider (Diário)

Seja no Parque Natural Municipal Pedra do Segredo, na Toca das Carretas ou nas Minas do Camaquã, a atmosfera mística é sentida e relatada pelos turistas. Parte se deve pelas lendas que cercam Caçapava do Sul. Na Caverna da Escuridão, por exemplo, uma das paradas de quem faz a trilha da Pedra do Segredo, todo e qualquer tipo de chama se apaga e só é possível iluminar a passagem com lanternas. Por muitos anos, populares atribuíram o fato aos espíritos que guardavam tesouros jesuítas.

Segundo a gestora do parque, Jackeline Moreira, ainda que se possa explicar cientificamente o fenômeno que ocorre na Caverna da Escuridão, a natureza do local incentiva a imaginação:

– Hoje se sabe que gases deletérios apagam qualquer tipo de chama. Mesmo assim, as lendas continuam a circular porque fazem parte da história do município, despertam a curiosidade e a imaginação das pessoas.

Desenvolvimento sustentável e geração de renda

Já pensou em comer pedra? Foto: Catherine Vargas (Divulgação)

Já pensou em comer pedra? Desde que se tornou uma geoprodutora, a doceira Cassiane Lopes, 38 anos, produz brigadeiros em formato de rochas, um dos maiores símbolos do Geoparque Caçapava. Os doces também são feitos com azeite de oliva, já que o município tem se tornado referência no cultivo da oliveira. Na degustação, Cassiane tem uma dica:

– Para ficar ainda mais gostoso, basta fazer um furinho no brigadeiro com o dedo e derramar um pouquinho de azeite de oliva. No início, algumas pessoas acham estranho. Mas, com o azeite de qualidade, o sabor combina muito. A ideia é também popularizar esse produto e mostrar que ele pode ser acessível. E, claro, os doces com aparência de pedra e de cactos são os que mais chamam atenção – conta a doceira.

A Doces Feitiços, negócio de Cassiane, é um dos exemplos de como um geoparque incentiva o empreendedorismo familiar e geração de renda. Além disso, o município investe na realização da geofeira, uma feira de artesanato, culinária e de outros variados produtos que reúne iniciativas parceiras e apoiadores que comercializam geoprodutos.

De docinhos em formato de bicho-preguiça a amigurumis de ET, a feira é, também, uma forma de valorizar a memória afetiva dos caçapavanos.– As feiras têm sido realizadas com uma maior frequência e como os produtos comercializados têm muito a ver com a história de Caçapava, isso nos faz voltar às nossas origens, lembrar da infância, da juventude e tudo que nos inspira na produção seja dos doces, dos artesanatos, enfim. É muito emocionante essa visibilidade e reconhecimento – disse, emocionada, Cassiane.

Os Guardiões do Geoparque

A educação patrimonial é um dos pontos que mais enriquece um geoparque. Quando a população reconhece os patrimônios naturais, históricos e culturais, ela se relaciona e preserva o desenvolvimento sustentável do território. Assim, a educação de crianças e adolescentes é a aposta para o futuro do Geoparque Caçapava. Em escolas ou projetos sociais, eles se tornam Guardiões do Geoparque.

– As crianças são nosso presente e nosso futuro. Essa identificação de Guardiões do Geoparque tem feito com que eles entendam sobre o que de fato se trata o projeto, alimenta o sentimento de pertencimento e tem relação com a educação ambiental. A ideia é que sejam os protagonistas dessa história, da preservação – explica a coordenadora do GeoparqueCaçapava, Alizandra da Silva.

Para conhecer e visitar

Pousada, Camping e Restaurante Chácara do Forte

Onde – Rua Wantuil Albarnaz, s/n – Bairro Floresta

Quanto – Diárias a partir de R$ 170 para casal e camping R$ 20

Mais informações – (55) 98133–5792 ou [email protected]

Instagram – @chacaradoforte

Cyro Palace Hotel

Onde – Av. Presidente Kennedy, n 171

Quanto – Diárias a partir de R$101

Mais informações – (55) 3281–1768, (55) 3281–4263 ou reservas @cyrohotel.com.br

Facebook – facebook.com/cyrohotel

Empório Prosperato

Onde – BR-290, Km 328, Vila Progresso

Quanto – Produtos de variados valores

Mais informações – (51) 3482-1226, (51) 99860-0752 ou  [email protected]

Instagram – @emporioprosperato

Empreendimento Don José, produtora de azeite de oliva

Onde – BR 392, Km 239

Quanto – Produtos de variados valores

Mais informações –  (55) 996134980 e [email protected]

Instagram – @azeitedonjose

Pousada Olival Vila do Segredo

Onde – Rodovia ERS-357 – KM-11, Estrada para Lavras do Sul

Quanto – Diárias a partir de R$ 390

Mais informações – (51) 9 9877–9865 ou [email protected]

Instagram – @azeiteviladosegredo

Fazenda e Novelaria Santa Marta

Onde – Comércio virtual

Quanto – Produtos de variados valores

Mais informações – (55) 99933–9074 ou [email protected]

Instagram – @novelaria_stamarta

Guaritas Hostel

Onde –  ERS 625 (Estrada das Belezas Naturais) – KM-14

Quanto – Diária R$ 250 (cabana) e camping R$ 30

Mais informações – (51) 99934–9490 ou [email protected]

Instagram – @guaritashostel_cacapava

Guia do que fazer e onde ir em Caçapava do Sul

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