Não há aviãozinho que dê jeito na cara feia para o feijão ou no nariz torcido para o brócolis? Se você enfrenta dificuldades para que seu filho consuma alimentos saudáveis, não desista! Parte da solução pode ser envolvê-lo no preparo das comidas ou apresentar os pratos de uma forma mais divertida. O que não dá é para abandonar o desafio de incluir na dieta deles o que é importante para a saúde.
_ A criança rejeita novos alimentos, principalmente até o 6 anos. Ela só come aquilo que lhe é familiar. Se, nesse período, ela se acostumou apenas com arroz, feijão e carne, não vai querer outro prato _ afirma a professora de nutrição infantil da Universidade Federal do Paraná Claudia Bettega de Almeida.
A formação do paladar infantil começa aos 6 meses, quando a criança deixa a exclusividade do leite materno e passa a conhecer outros alimentos. Nutricionista infantil de Santa Maria, Camila Lehnhart Vargas afirma que é importante que os pais não caiam na tentação de oferecer alimentos industrializados, com muito açúcar e sal, nessa fase da vida. Por quê? Para que as crianças não se acostumem a comer esses alimentos.
_ Bom exemplo familiar também é muito importante. Se desde cedo a criança perceber que a família come verduras, legumes e frutas no dia a dia, vai considerar isso normal e inserir o hábito em sua dieta sem nem perceber _ afirma Camila.
Pratos bem coloridos e com
desenhos despertam o interesse
Deixar o prato bem colorido ou criar algum desenho especial são alternativas que ajudam a chamar a atenção, especialmente dos menores de 6 anos. Se você quer dicas, dá uma olhada nas fotos desta reportagem, feitas pela fotógrafa canadense Jill Dubiens, especialistas em pratos divertidos e saudáveis.
_ O mundo imaginário da criança é muito rico. Sempre coloque algo da cor verde escura, laranja e amarela, que são as principais fontes de vitamina A e C, fundamentais para o desenvolvimento _ sugere a professora de nutrição paulista Norka González.
_ Um prato bem colorido é o segredo _ completa a nutricionista Carmen Lígia da Rocha, de Santa Maria.
A professora de Cacequi Gabriela Lunardi Bilibio, 32 anos, bem sabe disso. Para ela, a alimentação do filho Augusto, 5 anos, é coisa séria. Sua técnica é inventar histórias com os alimentos.
_ Aqui, tem duas ilhas de arroz rodeadas de árvores de alface, um oceano de caldo de feijão e um tubarão de carne _ diz a mamãe ao pequeno, que não deixa nenhum personagem da fantástica ilha no prato.
Deixe seu filho escolher o
que ele quer experimentar
Segundo as nutricionistas, incluir as crianças no dia a dia da cozinha e deixá-las escolher frutas e legumes que prefiram pode despertar o interesse em experimentar coisas novas.
_ Ela vai comer melhor quando vir o que escolheu na panela _ diz Claudia.
Deixar à disposição os alimentos que a criança rejeita é uma das táticas que as especialistas indicam. Seja no armário de fácil acesso ou mesmo no prato. Mesmo que a criança não coma logo de cara, em algum momento, vai ceder. Aí, é importante que os pais mostrem como foi gostosa a experiência e apresentem alimentos que ela rejeita, sem forçar.
Cuidado! Esconder alimentos
pode ter efeito contrário
As especialistas alertam: cuidado com artifícios que podem causar mais dor de cabeça do que trazer soluções. Por exemplo, ao esconder a beterraba na massa da panqueca ou colocar o tomate no meio da carne, os pais devem cuidar para não deixar resquícios.
_ Sempre é melhor negociar com a criança, pois uma vez descoberto o alimento escondido, a chance de rejeitá-lo para sempre é maior. A melhor forma de inserir sem que se perceba é em uma sopa, vitaminas ou recheios de massas, sempre junto a alimentos que a criança tenha preferência _ sugere a nutricionista Flávia Sguario.
Mas e não dá para liberar, nunquinha, um chocolate, um sorvete"