
Foto: Nathália Schneider (Diário)
A semana se iniciou com muita instabilidade em toda a região central do Estado. Para quem já está cansado do excesso de chuva, as notícias não são boas: outubro costuma ser historicamente um dos meses mais chuvosos do ano. Por isso, o cenário de instabilidade não deve ir embora tão cedo.
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O cenário em Santa Maria promete não ser tão intenso como setembro, que foi o mês mais chuvoso da história na cidade, mas deve seguir a mesma tendência. Algumas cidades da região já alcançaram, em menos de três semanas, a média de chuva esperada para todo o mês, inclusive Santa Maria. Somando os dados de 1º a 17 de outubro das três estações meteorológicas (Inmet, Perpétuo Socorro e Tecnoparque), até às 14h desta terça, Santa Maria acumula 234mm, enquanto o previsto era 202mm para todo o mês.

Confira em detalhes:
Cidade | Média prevista (p/ todo o mês) | Acumulado até agora (1º/10 até 14h de 17/10) |
Cruz Alta | 246 mm | 299mm |
Tupanciretã | 222 mm | 294mm |
Jaguari | 205 mm | 289mm |
Silveira Martins | 202 mm | 264mm |
São Martinho da Serra | 209mm | 262mm |
Júlio de Castilhos | 218 mm | 236mm |
Santa Maria | 202 mm | 234mm |
São Vicente do Sul | 199 mm | 233mm |
Restinga Sêca | 201 mm | 212mm |
Santiago | 205 mm | 207mm |
Segundo o meteorologista Gustavo Verardo, esse cenário chuvoso já era esperado, até porque estamos sob influência do El Niño em intensidade forte, que está aquecendo as águas do Oceano Pacífico no hemisfério sul. Mesmo longe, sua atuação causa efeitos no mundo todo, pois altera a circulação global de eventos, direcionando a umidade da Amazônia para a Região Sul:
— Acredito que o que está intensificando o El Niño é o aquecimento global e as mudanças climáticas, isso potencializa os eventos extremos. No ano passado tivemos uma estiagem extrema, e este ano? Um recorde absoluto de chuva. Vamos ter outros eventos extremos assim nos próximos anos — afirma o meteorologista.
A chuva já era esperada, mas um cenário como o que foi apresentado em setembro não estava no radar do meteorologista. Ele vê esse fenômeno de forma cada vez mais intensa por aqui:
— A característica principal do El Niño é causar eventos extremos, principalmente com condição de chuva acima da média no Rio Grande do Sul. Nesta época do ano, o cenário é mais chuvoso mesmo, mas não esperávamos que fosse tão intenso.
Um alerta reforçado por Verardo é que esse evento de El Niño deve continuar até maio de 2024.

Nos últimos dias de setembro, o inverno saiu e deu espaço para a primavera. O El Niño tende a ganhar mais força neste período, já que o pico do fenômeno ocorre durante a estação das flores no hemisfério sul e as águas do Oceano Pacífico devem aquecer ainda mais.
— Vamos continuar tendo extremos de chuva nos próximos meses. Essa característica é do evento, não tem como fugir. Isso significa que essa primavera, o verão e uma parte do outono devem ser muito chuvosos — afirma.
O que esperar de outubro?

Verardo explica que a primavera de 2023 será mais quente e com a permanência da sensação de abafamento, além de ter mais dias de céu nublado que contribuem com a intensificação do mormaço. Questionado se acredita que os acumulados deste mês podem superar setembro, o meteorologista acredita que não, já que foi um momento considerado “inesperado e fora da curva”.
Além disso, ele revela que outubro costuma ter a maior média mensal de chuva do ano no Rio Grande do Sul, é algo costumeiro, com médias que passam da casa dos 200 mm facilmente. Por isso, é uma época em que os meteorologistas já esperam que a instabilidade seja maior. Mas por quais motivos isso ocorre?
— Outubro marca a entrada da primavera, com entradas de frentes frias e sistemas de baixa pressão mais intensos, favorecendo a chuva.
Nesta quarta (18), a instabilidade deve cessar, mas o tempo só abre na quinta-feira (19), com o retorno do sol. O fim de semana deve ser marcado por tempo aberto e temperaturas elevadas até a noite de domingo, porque depois o tempo muda novamente. Gustavo Verardo alerta que mais um episódio marcado por chuva intensa e temporal inicia na manhã de segunda-feira na Região Central, enquanto um outro momento deve ocorrer nas últimas semanas de outubro.
– Isso significa que o mês pode encerrar com acumulados passando dos 350 mm.
Santa Maria não registra estragos, mas Defesa Civil está em alerta
Em entrevista para o programa Bom dia, Cidade! da Rádio CDN 93,5 FM na manhã desta terça, o superintendente da Defesa Civil de Santa Maria, Adão Lemos, afirmou que a Santa Maria não registrou estragos até o momento em decorrência da chuva.
— Existem algumas ruas alagadas, mas nenhuma moradia foi afetada por causa disso, muito menos desabrigados.
Sobre pontos considerados mais sensíveis na cidade para deslizamentos, Adão afirma que esses locais estão em monitoramento e reforça que a localidade que mais preocupa é a Rua Canário, no Bairro Itararé e alguns pontos no Bairro Campestre do Menino Deus.
Para entrar em contato com a Defesa Civil de Santa Maria, disque 153 ou pelo (55) 9 9110-7940.