Setembro mais chuvoso da história de Santa Maria; mês teve o quarto maior acumulado desde 1912

Setembro mais chuvoso da história de Santa Maria; mês teve o quarto maior acumulado desde 1912

Foto: Nathália Schneider (Diário

Setembro foi marcado por instabilidade em todo o Estado, com ocorrência de alagamentos, enchentes, deslizamentos, chuvas de granizo que danificaram cidades da Região Central, e claro, muita chuva.


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Desde o dia 1º até 27 de setembro, choveu 579,9 mm na cidade, sendo que a média mensal prevista era de aproximadamente 155 mm. Essa grande diferença bateu um recorde: de acordo com Gustavo Verardo, da BaroClima Meteorologia, este foi o setembro mais chuvoso da história de Santa Maria:


– Setembro tem a maior precipitação da história de Santa Maria para o mês, que teve 33% da chuva prevista para todo o ano.


O cenário fica ainda mais espantoso quando relembramos a história, desde 1912. Ao compararmos com a série histórica que registra o volume de chuva na estação do Inmet de Camobi, a mais antiga da cidade, setembro de 2023 figura na quarta posição entre os meses com maior quantidade de chuva. 



O que pode explicar um mês tão chuvoso? Gustavo Verardo reforça a atuação do El Niño. No hemisfério sul, esse evento se caracteriza pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, alterando a circulação global de eventos, direcionando a umidade da Amazônia para a Região Sul:


– A característica principal do El Niño é causar eventos extremos, principalmente com condição de chuva acima da média no Rio Grande do Sul. Nesta época do ano, o cenário é mais chuvoso mesmo, mas não esperávamos que fosse tão intenso.


Ele reforça que esse El Niño apresenta um comportamento semelhante ao de 2015,
que também apresentou intensidade forte. Isso significa que o sistema de alta pressão fica no centro do país e ele impede que a frente fria saia do Rio Grande do Sul, então a chuva fica localizada no Estado.


Foto: Nathália Schneider (Diário)


Ao olhar de forma mais detalhada para esses meses que estão no ranking, Gustavo Verardo aponta que do total, cinco deles estavam sofrendo ação do El Niño, são eles: abril de 1941, setembro de 2023, novembro de 2009, outubro de 1997 e maio de 1941. 


– Acredito que o que está intensificando o El Niño é o aquecimento global e as mudanças climáticas, isso potencializa os eventos extremos. No ano passado tivemos uma estiagem extrema, e este ano? Um recorde absoluto de chuva. Vamos ter outros eventos extremos assim nos próximos anos – afirma o meteorologista.



A média mensal da chuva prevista para setembro era de 155mm, porém o cenário apresentado foi muito maior. Ao detalhar os bairros da cidade com as maiores precipitações no mês, os números também impressionam:

  • Tecnoparque: 647 mm
  • Patronato: 635,4 mm
  • Perpétuo Socoro: 614,2 mm
  • João Goulart: 565 mm
  • Lorenzi: 536,6 mm
  • Camobi: 482,1 mm
*Dados do Cemaden e estação particular no Bairro Perpétuo Socorro.


O que esperar de outubro?

De acordo com a previsão, outubro está se encaminhando para um cenário semelhante, com chuva acima da média e condições para novas enchentes. No fim de setembro, o inverno saiu de cena para dar espaço para a primavera. O El Niño tende a ganhar mais força neste momento, já que o pico do fenômeno ocorre durante a estação das flores no Hemisfério Sul e as águas do Oceano Pacífico devem aquecer ainda mais.


Foto: Nathália Schneider (Diário)


Verardo revela que a primavera de 2023 será mais quente e com a permanência da sensação de abafamento, além de ter mais dias de céu nublado que contribuem com a intensificação do mormaço, caracterizado pela neblina quente e úmida.


– Setembro já teve chuva com mais de 500 mm em Santa Maria, maior chuva da história do mês. Já outubro deve acompanhar o mesmo padrão, com eventos extremos de bastante chuvas. O cenário muda a partir da segunda quinzena de novembro, quando passamos a ter as ‘chuvas de verão’ pela tarde – aponta.


Existe algo que possa ser feito agora para evitar que o cenário se agrave? Gustavo Verardo é enfático:


– Não há mais nada que possa ser feito, vamos colher o fruto disso nos próximos anos. Até a Terra se reequilibrar novamente, vai levar muito tempo. Precisamos ter consciência ecológica e um olhar mais atento para o meio ambiente, pois isso é consequência das nossas ações há muito tempo. 

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