Protesto de professores e estudantes parou o centro de Santa Maria

Cassiano Cavalheiro

"O habitual ruído do trânsito deu lugar aos gritos de ordem e ao barulho das sinetas durante um protesto, no centro de Santa Maria, na tarde de sexta-feira. A caminhada, organizada pelo 2º Núcleo Cpers Santa Maria, iniciou-se às 16h e saiu de frente da escola Olavo Bilac, ao som da música “Comida”, dos Titãs, que questiona “Você tem fome de que?”. Prontamente, estudantes, professores e funcionários de escolas estaduais responderam em forma de frases de efeito, faixas, cartazes, bandeiras e paródias, que tinham fome por melhorias na área, pela valorização do trabalho dos professores e por um Instituto de Previdência do Estado (IPE) eficiente. Cerca de 800 pessoas participaram da caminhada, segundo o Departamento Municipal de Trânsito (DMT).

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De acordo com a educadora e diretora do 2º núcleo Cpers SM, Sandra Regio, o protesto alerta a comunidade sobre as péssimas condições da educação pública estadual. Segundo ela, a caminhada, as aulas em período reduzido e a paralisação de 8 de abril são um sinal para uma possível greve geral, que estará em pauta na assembleia geral, em 13 de maio.

Apesar da desvalorização da classe, Giovana Berto Erthal, 16 anos, estuda no curso normal (magistério), na escola Olavo Bilac, e tem esperança de que, um dia, as coisas vão melhorar para a categoria. 
_ Os professores se esforçam trabalhando o mês inteiro para no final não receber salário? Isso não é justo. As pessoas precisam pagar suas contas, e os credores não querem saber _ reclama a futura professora.

Com a cara pintada e a cabeça cheia de ideias, Bruno Santos, 16 anos, aluno do 3º ano da escola Cilon Rosa, caminhou porque acha inadmissível um governo propor um pagamento em até nove parcelas:
_ Enquanto o salário dos professores atrasa, o governador e os outros políticos aprovam o aumento dos próprios salários, o governador dá emprego para a esposa, e quem paga somos nós, os estudantes e o povo em geral.

Beatriz Pina, 16 anos, estudante do 2º ano da escola Cícero Barreto, afirma que a educação é um direito de todos e se eles não reivindicarem, ninguém vai fazer isso por eles. Ela acredita que a participação de cada estudante faz diferença nos protestos.

Mesmo perdendo alguns minutos no trânsito parado em função do protesto, Síria Elen Teixeira, gerente de um restaurante, apoia a atividade e a luta dos professores.
_ Ninguém quer trabalhar e receber, além de pouco, parcelado. Os políticos deveriam se envergonhar, afinal, eles e todos os profissionais só estão onde estão graças aos professores, que são uma classe e ensina e não é valorizada_ opina.

Atualmente desempregada, a cozinheira Rosane de Oliveira Lopes, passava pelo centro, quando foi surpreendida pelo protesto. Ela revelou ser favorável ao ato dos funcionários e estudantes.
_ Só assim para, talvez, um dia, os professores serem atendidos. O povo, de forma geral, não luta pelos seus direitos. Eles têm que parar o trânsito mesmo, fazer barulho, afinal, é por uma causa justa_ acredita.

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