Desde 2020, o Instituto Federal Farroupilha (IFFar) busca qualificar o município de Santa Maria para que ele possa receber o título de “Cidade Educadora”. Para isso, um grupo de trabalho foi criado em parceria com a Prefeitura Municipal, com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com o Distrito Criativo, com o Instituto de Planejamento (IPLAN) e com a Universidade Franciscana (UFN), através do professor Márcio Taschetto. Nos dias 22 e 23 de novembro o projeto realizou o seminário “Santa Maria – Caminhos Para Uma Cidade Educadora”.
O objetivo é ampliar o debate sobre o projeto e mostrar os caminhos que o município deve seguir para alcançar a qualificação. Para isso, foram convidados representantes de cidades do Estado que já são consideradas educadoras como Soledade, Marau e Porto Alegre. Além disso, também estiveram presentes lideranças sociais da cidade e da Região Centro que puderam dar suas sugestões e contribuições.
A expectativa é que em 2023, Santa Maria possa ser incluída na Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE). São mais de 500 municípios pelo mundo que integram a rede, destes 26 estão no Brasil e 12 no Rio Grande do Sul. Segundo a pró-reitora de extensão do IFFar, Ângela Marinho, o projeto trabalha com a perspectiva de que a educação pode acontecer em vários espaços públicos e não só nos locais formais como escolas e universidades.
— Uma cidade educadora potencializa o desenvolvimento humano. Essa iniciativa está além das instituições e de partidos políticos é um movimento no qual a população busca construir uma cidade melhor para aumentar a qualidade de vida e onde as pessoas possam se sentir mais confortáveis, mais seguras e mais felizes. Santa Maria já tem o título de cidade universitária, cidade cultura, então por que não se tornar também uma cidade educadora? — indaga Ângela.
O que é e como funciona
O movimento começou em 1990, com base no I Congresso Internacional de Cidades Educadoras, realizado em Barcelona. Nele um grupo de cidades representadas por seus governos locais, pactuou o objetivo comum de trabalhar juntas em projetos e atividades para melhorar a qualidade de vida dos habitantes.
A iniciativa compreende a cidade como um vasto espaço educador e de aprendizados a partir do reconhecimento de suas riquezas e de seus saberes. De modo a fazer com que os seus moradores saibam reconhecer os elementos da cidade como experiências que necessitam ser valorizadas e passadas para as futuras gerações.
Para alcançar o título, o município precisa seguir e concordar com os compromissos da Carta das Cidades Educadoras e alavancar ações de acordo com eles. O documento elege 20 princípios básicos que regem o impulso educativo das cidades. A secretária municipal de educação, Lúcia Madruga, relata que o executivo está trabalhando em conjunto com o IFFAR para conquistar a certificação.
— Santa Maria é uma cidade educadora por essência, mas é preciso que a cidade assuma o papel educador para a vida de todas as pessoas num sentido inclusivo e integrador. Assumindo o desafio de promover a educação integral de seus habitantes com base no respeito, na tolerância, na participação e no interesse pela coisa pública, desenvolvendo valores e práticas cidadãs — comenta Lúcia.
Princípios
Educação inclusiva ao longo da vida
Política educativa ampla
Diversidade e não discriminação
Acesso à cultura
Diálogo intergeracional
Conhecimento do território
Acesso à informação
Governança e participação dos cidadãos
Acompanhamento e melhoria contínua
Identidade da cidade
Espaço público habitável
Adequação dos equipamentos e serviços municipais
Sustentabilidade
Promoção da saúde
Formação de agentes educativos
Orientação e inserção laboral inclusiva
Inclusão e coesão social
Corresponsabilidade contra as desigualdades
Promoção do associativismo e do voluntariado
Educação para uma cidadania democrática e global
Expansão
Para ampliar a iniciativa e conquistar a qualificação para mais municípios gaúchos, o IFFar firmou uma parceria com as seis cidades que integram o Geoparque Raízes de Pedra: Mata, Jaguari, São Pedro do Sul, São Vicente do Sul, Nova Esperança do Sul e São Francisco de Assis. A coordenadora pedagógica da secretaria de educação de São Pedro do Sul, Eliane Cabral, conta que o município prontamente abraçou o convite e pretende em 2023 dar uma formação especializada aos professores e levar esse conhecimento para os alunos.
— Queremos receber a certificação, pois pensamos em aumentar a qualidade de vida dos nossos moradores e também nos benefícios que ela pode trazer para a nossa cidade. O que me chamou atenção no movimento é que a educação sai do espaço escolar e dissemina uma semente para toda a comunidade. Acredito que pode nos impactar muito positivamente — diz Elaine.