O patrono da educação no Brasil, Paulo Freire, popularizou a frase: "Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo". Baseado neste conceito, e outros trabalhos de Freire, o professor universitário Ronai Rocha, lança neste sábado, às 10h, no Cesma Café, o livro "Quando Ninguém Educa: questionando Paulo Freire".
O autor diz que o título da obra pode ser forte, mas acredita ser uma discussão necessária. Na verdade, Ronai, que é professor há 42 anos, comenta que pensou em escrever um livro para relatar vivências deste tempo de atuação na área. Contudo, refletiu que sem os conceitos de Freire um livro sobre educação ficaria incompleto.
De estagiário a professor, advogado incentiva estudantes a fazer estágio
Foram cerca de dois anos lendo e estudando o patrono da educação, com foco na "Pedagogia do Oprimido", principal obra de Freire. Entretanto, Ronai garante que não questiona os conceitos apresentados pela teoria freireana, mas a maneira como estes conceitos são aplicados nos dias atuais.
– No início a ideia não era focar na pedagogia freireana, mas quanto mais a fundo eu ia no trabalho dele, mais me surpreendia em como os conceitos dele são colocados em prática hoje, e cada vez mais a obra de Paulo Freire foi entrando no meu livro. A conclusão que cheguei é que as pessoas falam muito em Freire, mas leem pouco (as obras) dele – conta.
O professor comenta que a Editora Contexto fechou contrato de dez anos para a publicação do livro, que inicialmente tem 2 mil exemplares. Além disso, a obra terá distribuição nacional em lojas físicas e também pode ser encontrado na internet (veja lista abaixo).
AVALIAÇÃO PRÉVIA
A superintendente pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, Gisele Bauer Mahmud, diz que questionar teorias precisa ser tarefa cotidiana dos professores, pois a teoria consiste justamente em desvendar e interpretar realidades. Para Gisele, a teoria freireana foi desenvolvida em um determinado contexto histórico e é permeada por esse contexto.
A superintendente pedagógica comenta que o fato dos conceitos de Freire terem sido disseminados ao longo dos tempos na área da educação se deve muito à característica utópica, que é necessária para se investir energias no setor educacional.
UFSM está com inscrições abertas para cursos a distância
Já o professor universitário Jorge Luis da Cunha, que é doutor em Filosofia e leu os originais de "Quando Ninguém Educa", destaca que todo questionamento é fundamental.
– Acho a obra do Ronai valiosa porque leva as pessoas à reflexão. É uma discussão bastante propositiva, que espero que faça mesmo as pessoas refletirem sobre a maneira de pensar educação – avalia.
Cunha também diz que não é preciso que as pessoas concordem com tudo que leem ou ouvem, e isso inclui profissionais do setor educacional. Para o professor, um ambiente com discordâncias e diversidades cria a possibilidade de debates construtivos.