patrimônio

Prédio da SUCV pode virar centro cultural após reforma

Joyce Noronha


Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Imóvel de 92 anos não recebe manutenção desde 2011

A prefeitura de Santa Maria pretende alugar salas para as equipes das secretarias de Educação e de Cultura, Esporte e Lazer, já que o prédio onde funcionam, o antigo edifício da Sociedade União dos Caixeiros Viajantes (SUCV), será desocupado para reformas. Mas o futuro do prédio é incerto, pois, segundo o chefe da Casa Civil, Guilherme Cortez, depois do serviço pronto, pode ser que as secretarias não voltem para o imóvel, que fica na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Venâncio Aires. A prefeitura estuda a possibilidade de o prédio ser transformado em um centro cultural e de turismo.

Tapa-buracos é retomada em Santa Maria. Veja as ruas que devem receber reparos

Antes de pensar o que será feito do espaço, Cortez diz que o foco é buscar recursos para a reforma do prédio. A ideia da gestão é tentar verbas federais e de patrimônio histórico para fazer a manutenção do imóvel, que recebeu a última reforma em 2011, conforme o chefe da Casa Civil. Naquele ano, o Edifício da SUCV foi desapropriado pelo então prefeito Cezar Schirmer, que instalou ali seu gabinete.

Cortez conta que há um laudo que aponta infiltrações, cupins e outros danos de tempo no edifício, que foi inaugurado em 1926, mas salienta se tratar de um documento interno e, por isso, não divulga na íntegra à imprensa. Ele reforça que a decisão de retirar os cerca de 70 servidores do local é uma medida preventiva, pois, apesar dos problemas estruturais apresentados no laudo, o prédio não correria riscos de desabar.

CRITÉRIOS
O Executivo pretende retirar as pastas entre 30 e 40 dias, mas tudo depende de encontrar um espaço com estrutura para suprir as necessidades das secretarias. De acordo com Cortez, além de área compatível, a prefeitura tem como critério de escolha o menor valor de aluguel possível, mas não informa qual seria o teto a ser pago. 

Franquia de lanches reinaugura com promoção e fila em Santa Maria

- Já olhamos entre 20 e 30 prédios, mas nenhum tinha a estrutura necessária. Seguimos com a busca - afirma o chefe da Casa Civil.

Anúncio de reforma do edifício preocupa o setor de patrimônio da cidade

Ao saber da notícia de reforma no prédio da SUCV, o pesquisador da arquitetura de Santa Maria José Antônio Brenner diz que ficou preocupado com o resguardo histórico e arquitetônico do edifício. Arquiteto e professor aposentando, ele salienta que a Sociedade União dos Caixeiros Viajantes foi muito importante para a cidade e que o prédio é um dos poucos no município que mantém a originalidade arquitetônica da área interna.

- Meu medo é que façam como em muitos outros edifícios, que mantiveram as fachadas e mudaram tudo por dentro. Aquele prédio tem marcos de referência da época em que foi construído. Espero que o patrimônio histórico e cultural da cidade, do Estado, acompanhe o processo desta reform para que as perdas sejam mínimas - avalia o pesquisador.

Animais se abrigam em farmácia e fazem sucesso em post de Facebook

Brenner lembra que, antigamente, as pessoas chamavam o local carinhosamente de "União", como abreviatura à Sociedade União dos Caixeiros Viajantes. O nome oficial é Edifício João Fontoura Borges, que foi o presidente da SUCV quando o prédio foi inaugurado.

PARTE PRIVADA
No térreo do prédio de cinco andares há salas comerciais que são utilizadas por uma farmácia e uma imobiliária. Uma terceira sala está disponível para aluguel. Segundo o gerente da imobiliária, Luiz Dias, 45 anos, apesar de o andar térreo fazer parte do prédio, todo o pavimento é propriedade privada. As salas do 2º ao 4º andares é que passaram pela desapropriação e são, desde 2011, área pública do município. 

Dias conta que, em fevereiro deste ano, houve uma infiltração no teto da imobiliária, mas teria sido por causa do estouro de um cano d'água do andar superior. Fora isso, ele diz que não há problemas estruturais com a sala que o estabelecimento ocupa.

- Que eu saiba, o prédio tem problemas de tubulação, nos encanamentos. Foi por isso que teve o cano estourado no início do ano, que deu a infiltração aqui. Mas estas coisas são do 2º andar para cima. Aqui na imobiliária está tudo certo - conta Dias.

O proprietário da farmácia, Marcelo Souza, 29 anos, também garante que não tem problemas na loja e que não foi informado sobre a desocupação do prédio por parte da prefeitura. Ele espera que não precise retirar o seu estabelecimento do imóvel durante a reforma.

Duas empresas se apresentam na licitação do Restaurante Popular

O chefe da Casa Civil, Guilherme Cortez, diz que a desocupação vai ocorrer apenas na parte pública do prédio, ou seja, do 2º andar para cima. Ele comenta que, inicialmente, os proprietários só terão que sair do local se assim quiserem.

UM PATRIMÔNIO

  • O prédio foi construído para ser a sede da Sociedade União dos Caixeiros Viajantes (SUCV). Fica na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Venâncio Aires, no centro da cidade 
  • A construção começou em 1922, e terminou em 1926
  • O estilo arquitetônico do edifício é o art decó, muito popular na década de 1920
  • Por décadas, o espaço foi utilizado para a realização de grandes bailes
  • Tornou-se patrimônio histórico de Santa Maria em 1993, por meio de uma lei municipal
  • Foi desapropriado em 2011 e passou a ser área pública, do 2º ao 4º andar. O térreo é privado 

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Oito pessoas ficam feridas em acidente na BR-158 Anterior

Oito pessoas ficam feridas em acidente na BR-158

Iluminação é ligada em trecho da Travessia Urbana Próximo

Iluminação é ligada em trecho da Travessia Urbana

Geral