Foto: Deni Zolin (Diário)
Aparelho chegou em 2012 e, desde 2015, está dentro desta sala aguardando instalação
Em maio de 2015, após três licitações para conseguir uma empresa que pudesse fazer o transporte do novo aparelho de ressonância magnética para a sala dele, o serviço foi feito. O equipamento, enfim, estava no local para operar e tudo indicava que, nos meses seguintes, ele seria ligado e passaria a fazer os exames no Hospital Universitário. Ledo engano: a previsão não se concretizou. Parece inacreditável, mas o equipamento, que custou R$ 1,6 milhão e chegou no início de 2012 no Husm, está completando agora o 6º aniversário da mesma forma como chegou: parado e sem ter funcionado uma única vez. Para piorar, não existe nem uma luz no final do túnel, pois não há previsão alguma de o aparelho de ressonância começar a operar - ele está agora na sala lacrada, que segundo a placa, não pode ser aberta porque há um campo magnético elevado.
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Enquanto isso, os pacientes do Husm que precisam de exames de ressonância têm de ser enviados para um laboratório do Hospital de Caridade, que foi contratado para suprir a deficiência do Universitário - até o fechamento desta edição, a coluna não conseguiu apurar quanto o Husm paga anualmente por esses serviços.
- É uma tragédia o aparelho estar parado há tanto tempo. Hoje, esses exames de ressonância são fundamentais para as áreas de traumatologia, neurologia e para identificar tumores. Quando um paciente precisa de exame, é feito o pedido e leva um, dois ou três dias para fazer no Caridade. Dependendo da situação, essa demora pode agravar a doença do paciente - diz o médico João Alberto Larangeira, supervisor do serviço de residência em traumatologia do Husm.
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Sem o aparelho no Husm, outros pacientes da região que dependem do SUS precisam ser encaminhados pela 4ª Coordenadoria Regional de Saúde para fazer o exame no Hospital de Caridade de Santiago. O coordenador Roberto Schorn confirma que há lista de espera, mas não soube informar o prazo.
PROBLEMA ENTRE EMPRESAS
O gerente administrativo do Husm, João Batista de Vasconcellos, não esconde a decepção com a burocracia e os problemas que emperram a instalação do aparelho. Ele foi comprado em uma licitação nacional do governo federal, de 2011, que previa aparelhos para equipar diversos hospitais universitários.
Quando chegou ao Husm, no início de 2012, constatou-se que a sala não era adequada para suportar o peso do equipamento, de 7 toneladas. Foi preciso fazer o projeto de uma nova sala e passar por aprovação da Vigilância Sanitária Estadual. Após licitação, a sala ficou pronta no final de 2014, quando surgiu novo impasse. Era preciso licitar uma empresa para transportar o equipamento até a sala. De acordo com Vasconcellos, foram duas licitações sem interessados. Só na terceira houve uma vencedora, que transportou o equipamento até sua sala em maio de 2015. Quando tudo parecia resolvido, surgiu novo impasse.

Segundo Vasconcellos, a empresa fornecedora, que venceu a licitação, acabou desfazendo a parceria que tinha com a GE, fabricante do equipamento.
- Faltava só instalar o aparelho, mas virou um jogo de empurra entre a vencedora da licitação e a fabricante. Nenhuma quer se responsabilizar pelo serviço. Já tentamos de tudo. Estamos pensando agora em acioná-las na Justiça - diz ele, admitindo que não há prazo para o equipamento de ressonância ser ligado.
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Além de exigir a instalação, o Husm quer pedir que as fornecedoras ressarçam os valores pagos por exames feitos no Caridade. O Diário enviou e-mail à GE, mas não obteve retorno até ontem.
ALÉM DISSO
Claro que instalar um equipamento de ressonância não é simples quanto um eletrodoméstico, em que basta ligar na tomada. Mas a realidade do serviço público no Brasil e impasses entre empresas privadas fazem com que coisas inexplicáveis como essa ocorram, de um equipamento ficar seis anos parado. E não pensem que é um problema só do Husm. Reportagem da Rede Globo em 2015 mostrava que havia 15 aparelhos iguais a esse que seguiam parados à espera de instalação desde 2012 pelo Brasil. Todos foram comprados pelo MEC para o Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários (Rehuf). Não sei como estão hoje os demais país afora. A licitação única, que poderia ser uma vantagem, virou um problema. Enquanto isso, para variar, quem sofre são os pacientes que dependem do SUS.