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PLURAL: os textos de Neila Baldi e Noemy Bastos Aramburú

E se fosse contigo?
Neila Baldi 
Professora universitária

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De vez em quando, precisamos voltar ao tema e lembrar que, apesar das festas de final de ano, estamos em uma pandemia. O número de casos no país está menor - resultado da imunização da população - mas vemos, em diversos países, uma alta nas contaminações, fruto da variante ômicron.

Repito, então, o que escrevi no início do mês, de que o mundo só estará seguro quando todos e todas estiverem seguros. Ou seja, precisamos garantir que mais pessoas sejam imunizadas. Antes de uma terceira ou quarta dose, é necessário ampliar a primeira para mais pessoas, incluindo as crianças.

MENOR INCIDÊNCIA

Apesar da incidência menor de casos graves, a Covid também acomete as crianças. O Brasil foi o segundo país com mais mortes desta faixa-etária. Então, por que postergar a vacinação contra a Covid para crianças? Em várias cidades do país, já temos transmissão comunitária da ômicron, o que indica a necessidade de ampliarmos a população imunizada.

O senhor da casa de vidro fica criando histórias, colocando medo na população. Pais e mães vacinam filhos e filhas contra sarampo, difteria, coqueluche e outras doenças, por que não contra a Covid? Todo mundo sabe que criança interage, tanto que é comum, na idade escolar, resfriados recorrentes. No caso do coronavírus, podem ser vetores para pessoas mais velhas que tendem a contrair a forma mais grave da doença. Por que colocar em risco crianças, idosos e idosas? E se fosse teu filho ou filha? E se fosse teu pai ou mãe?

DISTOPIA

Chegamos ao absurdo de, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos, o senhor que dorme em berço esplêndido disse que divulgaria o nome dos técnicos e técnicas. Desde quando um governo vai contra a ciência? Intimidar adversários - imaginários, na cabeça daquele ser - tem nome. E o mundo viveu isso no século passado. Fico me perguntando até quando estaremos sob este regime?

Enquanto a vacina não chega para as crianças, a contaminação segue. Mas, para postergar ainda mais, o governo anunciou uma audiência pública sobre o tema e, só depois, o Ministério da Saúde poderia autorizar. E a Anvisa é órgão de que ministério? O senhor que ocupa a cadeira da Saúde disse que é preciso análise técnica. E os técnicos e técnicas da Anvisa fazem o quê?

Vivemos realmente uma distopia. É sui generis o que esse desgoverno faz. Temos ministros que atacam os próprios funcionários e funcionárias. Vimos isso no Ministério da Educação - com ministros falando mal de universidades. Já pensou o dono da Fiat falar mal da Jeep, sua marca? O mesmo se dá no Ministério da Saúde em relação à Anvisa.

O pior cego é o que não quer ver

Noemy Bastos Aramburú
Advogada, administradora judicial, palestrante e doutora

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A conquista do poder pela esquerda em 2003 representou a esperança de dias melhores para alguns brasileiros. Entretanto, como a "alegria de esquerda dura pouco", não conseguiu manter-se no poder, devido às tamanha as corrupções, roubos e escândalos comprovados de modo fático e jurídico, ações que culminaram na prisão do ex-presidente Lula e no impeachment da presidente Dilma Rousseff. 

Como o pior cego é o que não quer ver, há quem utilize o negativismo, defendendo as ditas figuras, alegando que a própria soltura de Lula comprova sua inocência, quando qualquer acadêmico de Direito é sabedor que questões processuais não se confundem com assuntos de mérito processual. A soltura de Lula não se deu em virtude de sentença de absolvição, mas de inúmeros erros processuais praticados por Moro, se proposital ou não, ninguém sabe, porém não há como negar-lhes. Também não se pode negar que inexistem as mesmas situações em relação à pessoa do presidente Bolsonaro, pois se existisse corrupções, roubos e escândalos, com certeza, a esquerda já teria usado contra o mesmo. 

Ora, vejo muitas pessoas da esquerda falarem da volta da "via chilena", e como deveríamos segui-la, e como deveríamos seguir o exemplo das "grandes e massivas manifestações populares" contra o "liberalismo fracassado no Chile", onde o povo expressou a sua voz.

 Ora, essas pessoas se esquecem que, em verdade, o grosso das manifestações era formado de estudantes, ou seja, não era o povo revoltado. Eram estudantes unidos contra o liberalismo no Chile. Outro ponto importante: os protestos não se davam pelo suposto "fracasso do liberal". Os estudantes exigiam passagem gratuita para todos. 

À guisa de arremate sobre o suposto fracasso chileno, de acordo com o Banco Mundial, em 1987, 8,5% da população chilena estava abaixo da linha oficial da pobreza. Sobrevivia com U$1,90 por dia. Já em 2017, apesar de a população do Chile ter aumentado 50% no período, o número de pobres era de apenas 0,7%. Se considerarmos quem ganha menos de U$ 5,50 por dia, 6,4% da população do Chile estaria abaixo da linha de pobreza, comparado a 21% no Brasil, 24,7% na Bolívia, 23,9% no Peru e 18,6% no Equador. É por isso que, quando se quer criticar o Chile, a esquerda não fala de pobreza: a discussão é voltada para desigualdade. Todavia, apesar de a desigualdade ser uma métrica totalmente irrelevante, esse argumento é refutado também pelos dados. Afinal, o Chile é menos desigual do que a média da América Latina, por isso, é sempre falado em desigualdade. Não fosse assim, quem defende intervenção estatal teria de admitir que o Chile está indo num bom caminho. Assim, volto a dizer, o pior cego é aquele que não vê. 

No Brasil, tem sido igual. O brasileiro estava cansado de corrupção, escândalos, falcatruas e patuscadas parlamentares. Não aguentávamos mais sermos conhecidos como o país em que tudo acabava em pizza. Nossa Bandeira proclama Ordem e Progresso, e Bolsonaro, em com o povo brada. Custe o que custar, doa a quem doer, o Brasil vai para frente. O Covid-19 atrapalhou um pouco, pois, afinal de contas, o foco principal do governo foi a pandemia, mas não se enganem. No governo de Bolsonaro, o Brasil cresceu mais do que as economias avançadas, as da zona do Euro e a América Latina, isso tudo com a pandemia, imaginem no pós-pandemia. Nisto, volto a dizer: o pior cego é aquele que não quer vê.

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