George CanfieldProfessor universitário e consultor digital
No último final de semana, enquanto milhares de atletas corriam para completar o difícil trajeto da Maratona Internacional de Porto Alegre, minhas lembranças desfilavam uma a uma me fazendo percorrer, mais uma vez, um dos maiores desafios da minha vida.
Em 2017, quando minha filha Isabela nasceu e minha filha Natália completava 2 anos, eu chegava aos 37 e me via tomado por uma inquietação profunda que me assombrava entre noites mal dormidas e dias de muito trabalho: de que maneira poderia oferecer mais energia e amor para aquelas duas pequenas que me ofereciam muito, mas também exigiam tanto de mim?
Observando nosso descompasso, eu me dei conta do que queria: mais longevidade para acompanhá-las.
E foi aí que eu lancei um desafio a mim mesmo: como poderia enfrentar essa longa maratona da vida de maneira prática? Correndo com os pés! Sim, eu entendi que o esporte poderia fazer uma mudança profunda na minha cabeça, nas minhas rotinas e me proporcionar uma maior qualidade de vida para que eu pudesse estar, por mais tempo, ao lado de minhas filhas.
Metas e prazos
Os desafios sempre foram grandes motivadores para mim, impulsionadores muito maiores que o dinheiro e o reconhecimento. Para ficar ainda melhor, os desafios deveriam ter uma meta ousada e prazos curtos – porque é nesse caos que eu organizo a minha intensidade por viver.Resolvi sair da inércia, do sedentarismo e decidi que, em 6 meses, percorreria os 42 quilômetros e 195 metros da Maratona Internacional de Porto Alegre.A resposta para conseguir chegar (são, salvo e transformado) onde eu queria estava nas pessoas no meu entorno. Sim, mesmo em um esporte individual como a corrida, a gente não vai a lugar nenhum se não tiver o apoio de outros.
Comigo, ao longo dessa estrada, estava a minha assessoria de corrida, um fisioterapeuta, um nutricionista e profissionais de saúde que avaliaram se minhas condições físicas seriam capazes de suportar esse desafio.
A linha de chegada
A linha de chegada é o grande norte de qualquer corredor. Mas também é importante atentar ao que conquistamos até cruzar a fita.
Eu me tornei melhor no caminho, mas ainda faltava chegar lá. E, nos últimos quilômetros da corrida, meu corpo resolveu cobrar o pouco tempo de preparação. Tive dor, cãibras, mas não desisti porque saiba que não chegar doeria ainda mais.
E, nos últimos metros, tudo fez sentido. Quando vi a linha de chegada, eu percebi que havia conseguido conquistar aquilo que eu tanto almejava. Porque minha família estava lá, me esperando, e torcendo para que eu conseguisse me superar e estar com elas por muito mais tempo.
Não há medalha mais brilhante do que aquela que nos recompensa pela dedicação a cada centímetro do caminho. E, nesse pódio, todos vencemos quando percorremos nossas próprias maratonas ao lado de quem importa, treinando nossas virtudes e potencialidades. É isso que, no fim das contas, faz tudo valer à pena.
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