Foto: Gabriel Haesbaert (arquivo/Diário)
Após a implementação da vacina contra o HPV no Sistema Único de Saúde (SUS), em 2014, o Brasil registrou uma queda expressiva nas internações por duas doenças causadas pelo Papilomavírus Humano (HPV): as verrugas anogenitais e a neoplasia intraepitelial cervical, doença precursora do câncer de colo de útero.
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A pesquisa realizada pela empresa farmacêutica MSD, com resultados publicados recentemente na revista Human Vaccines and Immunotherapeutics, analisou a taxa de hospitalizações de adolescentes e jovens com idades de 15 a 19 anos e comparou os dados do período pré-vacinal com o período após a introdução da vacina, utilizando os registros do Sistema de Informações Hospitalares.
No caso de meninas, houve uma diminuição de 66% nas internações por neoplasia intraepitelial cervical de alto grau; e de 77% nas hospitalizações por verrugas anogenitais, quando comparados os números de 2014 e 2019. Como os meninos só começaram a ser vacinados em 2017, a comparação foi feita entre aquele ano e 2019. O índice também mostrou queda de 50,9% nas hospitalizações por verrugas anogenitais.
Segundo a diretora executiva de Pesquisa de Dados de Mundo Real Latam da MSD e líder do estudo, Cintia Parellada, a redução das doenças causadas pelo HPV por causa da vacinação é um marco histórico na saúde pública, mas, “para eliminar os cânceres causados pelo vírus, além de manter a cobertura vacinal alta, também é necessário ampliar o rastreamento e garantir tratamento adequado para todos os estágios da doença”.
Uma pesquisa recente realizada pela Fundação Oswaldo Cruz também detectou redução de 58% nos casos de câncer de colo de útero.
Cobertura vacinal
A vacina contra o HPV é disponibilizada gratuitamente pelo SUS para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, pessoas com HIV, transplantadas e com câncer, usuários de PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV) e pessoas com papilomatose respiratória recorrente. Desde 2024, a aplicação da vacina passou a ser em dose única, substituindo o modelo de duas doses.
Os números de 2024 mostram que, para as meninas, a adesão à vacina foi de 82,83% e para os meninos, de 67%. Os índices estão abaixo da meta brasileira (90%), mas muito acima da média global de 12% divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).