A máxima de que uma pessoa sai de uma cidade, mas a cidade não sai dela é roteiro que se encaixa à vida de Paulo Pimenta, 57 anos, com Santa Maria. A cada manifestação do deputado federal reeleito com 223.109 eleitores, o Coração do Rio Grande ocupa sua origem na militância política à nostalgia da vida pessoal. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) leva na bagagem a experiência da liderança de diretórios acadêmicos, cicatrizes e desafetos. Combativo e com posições polêmicas desde a juventude, Pimenta sempre refere a ocasião de ter levado um tiro no joelho quando, em 1985, pichava a frase “Diretas urgente para reitor e presidente.” À época ainda cursava agronomia. O episódio o deixou 108 dias hospitalizado e afastado de uma das suas paixões: o futebol, esporte tanto praticado na várzea, em diversos times e campos da cidade quanto idolatrado enquanto torcedor do Sport Club internacional. Em 2007, quando o Inter-SM foi para a elite do futebol gaúcho, o deputado ajudou na busca de recursos financeiros para montagem do elenco e integrou o departamento de futebol. A relação com o esporte também é motivo de orgulho, já que ele faz questão de dizer que uma de suas primeiras ações foi a viabilização de verbas para o Complexo Esportivo Guarani Atlântico.
Após o incidente do tiro, Pimenta ingressou no curso de Direito e se elegeu vereador. Mas o horário das aulas coincidia com as atividades legislativas na Câmara de Vereadores e foi então que passou e se formou em Jornalismo.– A minha trajetória está vinculada à UFSM , à educação e a Santa Maria. Sou filho de professora estadual e meu pai era servidor do Daer (Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem). Estudei no Olavo Bilac e, aos 14 anos, já estava na federal para cursar 1º, 2º e 3º anos (equivalente hoje ao Ensino Médio) e sair formado em técnico agrícola. Adolescente virei presidente de diretório acadêmico e depois do DCE. Em Santa Maria iniciei minha vida política. Junto do Valdeci, com quem é impossível dissociar a caminhada, viajei várias vezes de vagão até Porto Alegre, à época que nossa rede ferroviária, que precisa ser retomada, empregava milhares de trabalhadores – conta.
Pimenta se consagrou, no último 2 de outubro, como o candidato com maior votação da história do PT gaúcho para a Câmara dos deputados. Conforme a prestação de contas parcial divulgada pelo Tribunal Superior Eleitora (TSE), o total de despesas contratadas para campanha foi R$ 1.271.846,19, sendo R$ R$1.025.186,19 já pagas.Pimenta é conhecido no Estado por distribuir emendas parlamentares, sobretudo na área de infraestrutura:– Fazer política é conhecer o dia a dia das pessoas, saber quem são e o que necessitam. É correr estrada e ir além das capitais. Dificilmente, quando viajo por aí durmo duas noites na mesma cidade, estou sempre andando. E quando paro no avião ou no carro, estou com livro na mão. Agora há pouco terminei Torto Arado (romance brasileiro do autor Itamar Vieira Junior). Nos intervalos de tempo, faço contato com a família, com amigos, com minha equipe, que costumo dizer que é a melhor que existe em Santa Maria, em Brasília e por onde quer que eu vá. Estão aí as urnas para provar o nosso trabalho coletivo – reconhece.
Nas últimas duas décadas de atuação na Câmara, Pimenta ganhou visibilidade ao ser relator da CPI da Violência Urbana, em 2009, e relator da CPI do Tráfico de Armas, em 2005 e 2006, mas também virou alvo de adversários quando foi vice-presidente da CPI do Mensalão, que investigou compra de votos que ameaçou derrubar o governo Lula. Em 2019, enquanto líder da bancada petista na Câmara, foi ao STF contra liberação de R$ 1 bilhão de emendas parlamentares antes da votação da Previdência.
INSPIRAÇÃO
Em um dos momentos mais delicados da história do PT e do seu maior líder, Pimenta esteve como um dos grandes porta-vozes e defensores do ex-presidente Lula, que foi preso em 5 de abril de 2018 e viu aliados políticos e correligionários dando as costas. Fato é que, além de referência ideológica, Lula é considerado um amigo e uma inspiração de vida:
– Com exceção dos familiares e advogados, fui eu quem mais visitou Lula em Curitiba. Fui oito vezes lá. Com ele, aprendi muito do que sou. Temos uma amizade consolidada na crise, nas peladas de futebol, nas viagens ao Exterior, nas caravanas pelo país e celebrando conquistas juntos como no dia do último casamento dele. Depois de Getúlio Vargas, o Brasil não teve outro líder. Tivemos Nelson Mandela, Martin Luther King, assim como temos Lula. Ele é minha referência, me inspira e orienta sempre.
Projetos para região e para o Estado
Ao longo dos mandatos, um dos principais legados de Pimenta foi a viabilização de cerca de R$ 421 milhões para os 14,7 Km de extensão da Travessia Urbana de Santa Maria. Obras viárias como a conclusão da BR-158 entre Santa Maria e Rosário do Sul, também são iniciativa celebradas pelo deputado por serem uma antiga reivindicação dos moradores da região Central e da Fronteira. O trecho possibilitou um novo acesso à BR-290 e a Santana do Livramento e outras cidades fronteiriças.
Na cidade, a duplicação da 158 entre o Trevo dos Quartéis e a Avenida Walter Jobim; a construção da terceira faixa na BR-392 e a pavimentação de ruas em diversos bairros se destacam. Recursos e ações voltadas à cultura e ao esporte também foram ações do deputado. Entre eles, a realização de eventos, investimentos em espaços de revitalização e verbas para a construção de creches e quadras esportivas de escolas.
Trajetória
Paulo Roberto Severo Pimenta nasceu em Santa Maria no dia 19 de março de 1965Formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria (1990 a 1994) e técnico agrícola (1979 a 1981) pelo Colégio Agrícola, atual Politécnico, da UFSMÉ casado com a professora Cláudia Pereira Dutra e tem três filhos: Francisco, Antônio e PaulaComeçou sua trajetória política no movimento estudantil. Em 1980, aos 15 anos, foi presidente do Grêmio do Colégio Agrícola da UFSM e, entre 1985 e 1986, com 20, presidiu o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSMFoi vereador em Santa Maria pelo PT por duas legislaturas: 1989 a 1992 e 1993 a 1996Na eleição de 1996, concorreu à prefeitura como vice na chapa de Renan Kurtz (PDT). A chapa perdeu para Osvaldo Nascimento (na época, PTB)Em 1998, foi eleito deputado estadual. Em 2000, foi eleito vice-prefeito de Santa Maria na chapa encabeçada por Valdeci Oliveira, renunciando ao cargo na Assembleia para assumir na prefeituraNo pleito de 2002, foi eleito pela primeira vez ao cargo de deputado federal, renunciando ao cargo de vice-prefeito para assumir na CâmaraFoi reeleito deputado federal em 2006, 2010, 2014, 2018, quando somou 133.086 votosEm 2023, entra para seu sexto mandato em Brasília e, atualmente, é presidente do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul
Nas urnas
Com 223.109 mil eleitores com ele, Paulo Pimenta conquistou votação histórica, com quase o dobro dos votos da eleição de 2018. Ele foi o deputado federal mais votado pelo PT no Rio Grande do Sul e o terceiro entre todos os eleitos no Estado. Confira os votos na Capital e nas 10 maiores cidades da área de cobertura do Diário
Santa Maria – 33.013São Gabriel – 3.345Cruz Alta – 2.142Santiago – 2.403Rosário do Sul -3.499Caçapava do Sul – 4.552São Sepé – 2.144Tupanciretã – 1.208Júlio de Castilhos – 2.049São Francisco de Assis – 1.352Em Porto Alegre – 19.394
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