Paleontólogos da UFSM, Unipampa e PUC apresentam novo estudo envolvendo réptil de 230 milhões de anos no Estado

Redação do Diário

Paleontólogos da UFSM, Unipampa e PUC apresentam novo estudo envolvendo réptil de 230 milhões de anos no Estado
Reconstrução do arcossauriforme Proterochampsa nodosa em seu habitat natural, há 230 milhões de anos

Foi publicado na última sexta-feira (01), no prestigiado periódico britânico Zoological Journal of the Linnean Society, um novo artigo que envolveu a colaboração de pesquisadores do Centro de Apoio a Pesquisas Paleontológicas (CAPPA) da UFSM, da Unipampa e da PUCRS. O trabalho é liderado pelo estudante de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal da UFSM, Daniel de Simão Oliveira, e contou com a colaboração dos paleontólogos Flávio Augusto Pretto (CAPPA/UFSM), Felipe Lima Pinheiro (Unipampa) e Marco Brandalise de Andrade (PUCRS). O estudo aborda a redescrição do arcossauriforme Proterochampsa nodosa.

Os proterocampsídeos eram répteis predadores de médio porte que viveram durante o período Triássico (há cerca de 230 milhões de anos). Até agora, fósseis desses animais foram encontrados, exclusivamente, em rochas do Triássico da Argentina e do Rio Grande do Sul. Várias espécies desse grupo apresentam características muito semelhantes aos jacarés e crocodilos de hoje em dia, como um focinho alongado, crânio largo e achatado, grandes dentes cônicos e narinas dorsais na ponta do focinho. Tais semelhanças levam os paleontólogos a acreditar que esses animais, provavelmente, teriam uma dieta e hábitos de vida similares. Mas, apesar disso, os proterocampsídeos pertenciam a uma linhagem completamente separada dos crocodilianos e seus descendentes, que também já viviam na mesma época.

Os paleontólogos Daniel de Simão Oliveira (à esquerda) e Marco Brandalise de Andrade (à direita) supervisionam a coleta dos dados de tomografia computadorizada, realizada no Instituto do Cérebro da PUCRS.

O estudo trata da redescrição anatômica e reavaliação taxonômica de Proterochampsa nodosa, que é o fóssil de um crânio grande (42 cm), quase completo e com sua mandíbula articulada. O espécime foi escavado em rochas do município de Candelária na década de 1970, e descrito em 1982 pelo paleontólogo Mario Costa Barberena. A semelhança com jacarés e crocodilos (ainda que superficial) é o que inspirou o nome do animal (“Protero” = anterior/antigo + “champsa” = crocodilo), algo como “crocodilo antigo” em livre tradução. E esse animal também apresenta, ao longo de sua cabeça, a outra característica que dá nome à espécie: várias protuberâncias em forma de nódulos (“nodosa”). O material só havia sido brevemente descrito na época de sua descoberta e, nas últimas décadas, a relação de Proterochampsa nodosa com a outra espécie argentina, Proterochampsa barrionuevoi, se tornou incerta. Tais problemas levaram à necessidade de re-estudar e reavaliar a espécie.

Detalhe do crânio do único espécime conhecido de Proterochampsa nodosa, descoberto na década de 1970, visto de cima, e de lado

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Um aspecto inovador do trabalho foi o emprego de tecnologias de tomografia computadorizada para acessar áreas do crânio que são impossíveis de se observar externamente. Por ter sido preservado com a boca fechada, até o momento se desconhecia a anatomia do palato do animal. Através das imagens de tomografia, os pesquisadores puderam, virtualmente, separar o crânio e a mandíbula.

– Depois de 230 milhões de anos, o Proterochampsa finalmente abriu a boca novamente, e por isso pudemos avaliar em detalhe aspectos desconhecidos de sua anatomia. Com base no trabalho, foi possível aprofundar e definir melhor as diferenças entre as espécies-irmãs do gênero Proterochampsa – conta Daniel Oliveira

– Confirmamos que os materiais argentinos e brasileiros são duas espécies diferentes, ainda que aparentadas – reforça Felipe Pinheiro. 

Detalhe do crânio e da mandíbula de Proterochampsa nodosa, que foram separados virtualmente no novo estudo, a partir das tecnologias de imagem.

Boa parte do estudo foi realizada durante o período de pandemia de Covid-19.

– Tivemos a sorte de realizar as tomografias antes do período de lockdown, de modo que já tínhamos os dados brutos coletados em segurança – comemora Marco Brandalise de Andrade, curador do Setor de Paleontologia do Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS, onde o fóssil está depositado.

De posse dos dados digitais, os paleontólogos puderam trabalhar em rede, remotamente.

– Foi um aspecto fundamental do nosso trabalho, pois pudemos trabalhar virtualmente, mesmo estando há quilômetros de distância do fóssil. Isso também vai nos permitir difundir esses dados com maior facilidade, pois os modelos do animal agora podem ser compartilhados em rede.

*Com informações do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (CAPPA)

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