No início desta semana, a balconista Fabiane Martins Vargas, 39 anos, repetiu o trajeto que faz mensalmente e foi até a Farmácia Municipal de Santa Maria para retirar itens indispensáveis para o tratamento de diabetes. Como no mês passado, não conseguiu retirar os três pacotes com 10 seringas e agulhas (para aplicar insulina), as 100 tiras de GHT, nem a caixa com 200 lancetas (usadas para verificar o nível de glicose).
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O problema de Fabiane, assim como o de outros pacientes diabéticos de Santa Maria, está sendo discutido por profissionais da área de saúde e lideranças políticas da cidade. A falta de seringas para aplicação de insulina já dura mais de 45 dias e foi debatida pela Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores. O grupo busca explicações sobre essa escassez do material.
– No mês de junho, não retirei nada. Nesta semana, fui lá, e disseram que ainda não tem. Eu não posso ficar sem. Tenho diabetes tipo 1 e faço aplicação três vezes por dia. Tem tanta coisa que a prefeitura podia economizar para não deixar a gente sem – ressaltou a balconista.
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A vereadora Deili Granvile da Silva (PTB), Drª Deili, sugere que seja feito um recadastramento da população diabética como forma de aperfeiçoar o processo. Sugere, ainda, que a coordenação de cada unidade responsabilize-se pela redistribuição de medicamentos e aparelhamento, que, por vezes, têm uma maior demanda em outros pontos e acaba ficando estocado em postos com menor procura.
– A Comissão da Saúde está preocupada com essa situação, afinal, para quem é diabético, a seringa e a insulina não podem faltar. Sugerimos que seja feito um recadastramento com nome dos pacientes e quantas pessoas retiram o material por dia, para termos um controle maior. A Secretaria de Saúde confirmou para nós a falta e o atraso do estoque – afirma a vereadora.
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Conforme a superintendente de Atenção Primária das Unidades Básicas de Saúde do município, Maria Suzana Lopes, aumentou muito a demanda de pessoas que buscam seringas de insulina para diabetes tipo 2 nos pontos de distribuição da cidade.
– Um dos motivos para a grande procura é que muitas pessoas, que antes tinham plano privado de saúde deixaram de ter a cobertura privada, ou porque perderam o emprego ou pelo alto valor. Por isso, agora, estão procurando o SUS. Essa situação fez aumentar a nossa demanda. Quando necessário, o médico, na hora da consulta, no posto de saúde, já prescreve o uso de insulina, sem precisar mandar para um especialista – explica Maria Suzana.
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De acordo com o superintendente administrativo e financeiro da Secretaria de Saúde, Heverton Prates, o município ficou, pelo menos, 20 dias sem distribuir o material aos pacientes. Foi solicitada a compra de 10 mil pacotes (cada um contendo 10 seringas, totalizando 100 mil). Porém, houve atraso no envio do material. A empresa contratada é de Ourinhos, interior de São Paulo, que comprometeu-se em realizar a entrega do primeiro lote (com 20 mil seringas) até ontem, mas não foi o que aconteceu.
– Encomendamos seringa e agulha acopladas, e já era para ter chegado. Agora, a expectativa é que, na próxima terça-feira (11 de julho), seja entregue todo o lote, com 100 mil unidades. Até lá, não deve faltar material para a população porque juntamos as seringas que estavam no almoxarifado e as agulhas dos postos de saúde, e enviamos cerca de 600 para os locais de distribuição – esclarece Heverton Prates.
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Ainda, conforme o superintendente, o lote com 100 mil unidades deve durar de três a quatro meses. Os pedidos são feitos antes de terminar o produto. Em Santa Maria, 2,5 mil pessoas estão cadastradas para receber o material. Os pacientes só podem retirá-los na Farmácia Municipal, na Rua Roque Calage, 55, ou na farmácia que fica em anexo à Unidade Básica de Saúde Wilson Paulo Noal, na Rua Reinaldo Manoel Guidolin, 130, no Bairro Camobi. Os usuários vão uma vez ao mês nesses locais buscar 30 seringas cada um.