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OPINIÃO: Sonho de Gaiteiro

Rose Carneiro

Vitor Gabriel tem 10 anos e estuda na Escola Adelmo Simas Genro, no Bairro Nova Santa Marta, em Santa Maria. Ele, o primo Natanael e mais seis crianças fazem parte do grupo da escola que frequenta a Oficina de Gaiteiros, parte do Projeto Arte e Cultura Gaúcha nas Escolas. As aulas de acordeon, ministradas pelo músico Sérgio Rosa, são realizadas por lá toda quarta. O Vitor não perde a aula por nada. Ele estuda pela manhã, no 5º ano, e vai à tarde para participar do projeto.

OPINIÃO: O silêncio das panelas

Segundo a mãe, Angela, ele sempre foi apaixonado pelo instrumento. Mal deu os primeiros passos, o menino já brincava com gaitinhas de papel que ela fazia. Ele tocava e guardava aquele papel sanfonado para tocar mais tarde. O avô, seu Valdir, também toca acordeon e empresta para o Vitor fazer alguns ensaios. E não é que a sanfona achou ele na escola? Diz o ditado que quando o aluno está pronto, o professor aparece. É isso!

OPINIÃO: 60 anos

E como toda história que envolve a escola tem um professor, nesta, também tem. É o professor Pedro, o diretor. Um entusiasmado com a música na sala de aula. Ele carrega os meninos por onde for para que mostrem o que estão aprendendo. É ele que leva o Vitor para casa, sempre depois da aula da quarta. Um anjo da guarda que cuida daquela gurizada e, agora, dos gaiteiros. Eu tiro meu chapéu para os professores. Fazem uma diferença danada na vida e na formação desta criançada. Quem não lembra de um professor que marcou sua vida escolar? Sempre tem. 

OPINIÃO: Afetos e queixas alimentam a cidade

Mas a música tem uma importância na vida do Vitor que envolve seu bem-estar, a sua saúde. Há um ano, ele trata uma anemia profunda, com medicação contínua, idas constantes ao médico, muitos exames. Essa rotina deixa marcas, conta a mãe. Um comportamento que atrapalha o aprendizado. Tudo isso, antes da gaita. Porque a vida com música é muito mais leve. Ainda mais para um piá apaixonado pela gaita. Agora, a mãe conta feliz, ele está mais tranquilo, a música está fazendo muito bem para o pequeno aprendiz. Um resultado que não estava nas nossas metas e que acolhemos com muita emoção e alegria.

O projeto abrange outras sete escolas na cidade para um universo de mais de 70 meninos e meninas, de 7 a 18 anos. Uma atitude cultural que desempenha um papel importante para essa turma. Seja para abrir uma janela sonora em meio a tanta violência e falta de esperança, seja para revelar novos talentos, como o nosso gaiterinho, o Vitor.

OPINIÃO: Inteligência financeira: sua importância para a vida de todos!

E, para dar continuidade a alegrias como a do Vitor, criamos o financiamento coletivo Sonho de Gaiteiro. Queremos ajudá-los a seguir nos seus ensaios em casa, com suas próprias gaitas. Para ajudar, acesse catarse.me/sonhodegaiteiro.

E, assim, a gente segue mantendo nosso toco de vela aceso (do Erico Verissimo em Solo de Clarineta, lembram?). Uma ação que une o poder público e a iniciativa privada por uma cultura de paz. Porque é preciso atitude para mudar realidades. Porque a vida com música é mais bonita. Sempre!

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