OPINIÃO: Somos um pouco de muitos

Quando pensamos na nossa vida, percebemos que somos uma trama de relações, um conjunto de muitas experiências, um espaço habitado por muitos. Damo-nos conta de que formamos um pequeno mundo, rico de muitas palavras ditas e ouvidas, de imensos gestos de amor, de ternura e carinho recebidos. 

Somos um mundo constituído das mais impressionantes experiências indeléveis e decisivas. Se pararmos para pensar, podemos, com muita facilidade, rever a história de nossa vida, pois a trazemos entranhada em nossa própria carne, em nossa mente, em nossa essência, às vezes como testemunhas, e outras tantas vezes, como pergaminho vivo onde ela foi gravada com a intensidade dos sentimentos, com a força das palavras, com a leveza do amor, com a exigência da disciplina, com a profundidade das amizades, mas, também, com os duros golpes da realidade do dia a dia. 

Ao olhar para a nossa vida, encontramos muito mais a presença dos outros que a nossa própria presença, ou podemos dizer que a nossa presença mistura-se à presença de muitos.

 Ao rever nossa vida, normalmente vem à mente a doce lembrança e a marca do colo de nossa mãe, do carinho e das brincadeiras do pai. Relembramos, também, os gestos de acolhimento, as carícias e afagos, as palavras de apoio e incentivo, o esforço para nos dar estudo, para comprar uma muda de roupa, para preparar um doce especial. Ah, tantas formas de carinho e ternura, multiplicadas tantas vezes... 

Ao olhar para a nossa vida, como não recordar a experiência fraterna, as brincadeiras, as broncas e as aventuras, a cumplicidade entre os irmãos, os paparicos dos avós? Certamente, não vão faltar as histórias pitorescas, os sustos, os apuros vividos, os tombos e as conquistas.

Na trajetória de nossa vida, encontraremos monumentos de pessoas que, graças a Deus, nada poderá remover de nossa lembrança ou, ainda, do nosso convívio, por nenhum motivo, nem pela distância física, nem pela longevidade do tempo.

Ao analisar a nossa vida, sem dúvida, deparamo-nos com acontecimentos tão decisivos e importantes que são capazes de redirecionar e alterar o próprio rumo, mudar o patamar de nossa própria existência.

No decorrer desse filme, relembraremos nomes marcantes, dias referenciais, momentos únicos, anos históricos, fatos memoráveis, figuras decisivas, lugares indescritíveis, experiências incomunicáveis, gestos transformadores, alegrias e tristezas que vão constituindo o enredo de nossa vida. 

Por tudo isso, como não sermos felizes e agradecidos? Em nós, há um pouco de cada momento que vivemos, de cada pessoa que conhecemos e com quem convivemos. Há a presença de quem ajudamos e de quem nos ajudou, dos que marcamos e dos que nos marcaram. Há, em nós, marcas da nossa infância, da adolescência, do trabalho, dos nossos valores, enfim, do nosso viver.

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