Artigo

OPINIÃO: Liberdade opressora

Sergio Blattes

O título deste artigo aparentemente é um paradoxo. Ser livre é imperativo na vida de cada um, mas liberdade não é só poder ir e vir, não é só poder dizer o que pensa, não é só poder fazer escolhas. Liberdade é a possibilidade de poder e exercer esta condição de ser livre. Encontramos pessoas que reduzem a sua percepção de liberdade a poder criticar tudo ao seu redor, considerando positivo somente aquilo que vem em seu proveito próprio, mas não movem uma palha para exercer sua liberdade para tentar criar algo positivo, ou, ao menos, sugerir uma solução para o erro apontado.

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A liberdade é o princípio da ação. Ter liberdade somente para “fazer o que dá na telha”, faz dela uma opressora, porque, assim como o avaro acumula riquezas desesperadamente, ainda que viva na miséria, pois não sabe ao certo porque a acumula, aquele que se diz livre, mas não utiliza sua liberdade para agir, criar, interagir com a sociedade, torna-se um escravo de si próprio. 

A liberdade descomprometida com o outro termina por enclausurar o sujeito não permitindo que ele arrisque perdê-la por nada e nem por ninguém. Pior, por medo de que sua liberdade possa ser restringida, passa a negar a liberdade dos outros expressarem a liberdade deles.

É o que acontece nas redes sociais, sejam elas virtuais ou reais, cada um tem sua opinião e se nega a ouvir algo contrário. Há absurdos de que, em nome da própria liberdade, partam para atos de violência contra a liberdade do outro.

O conceito de liberdade está reduzido a escassa aplicação, que, geralmente, não passa de gritos de protesto ou manifestações iradas no Facebook, Twitter e outros quetais.

A liberdade tem sido pouco reivindicada como instrumento necessário para a mudança. O indivíduo tende a tornar-se reacionário a qualquer mudança, com medo de que esta possa exigir-lhe uma mudança na sua forma de pensar. Ora, quem tem medo de pensar não é livre, é oprimido pelas suas próprias ideias.

Só os livres podem conviver democraticamente, porque a liberdade pressupõe reconhecer erros cometidos, e corrigi-los pressupõe a capacidade de dialogar racionalmente. 

Não causa admiração o fato de que os arautos da censura e da implantação de um pensamento hegemônico encontrem tantos seguidores.

São os medrosos, os apáticos, os oprimidos por suas próprias ideias, meros espectadores do que acontece, aqueles que não fazem nada de útil pelo outro ou pela sociedade, que na defesa da liberdade de não pensar e manter o status quo, terminam por admitir a opressão para evitar que o outro possa transformar suas ideias livres em atos de liberdade.


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