Artigo

OPINIÃO: Dentro do baú

Rose Carneiro

Todos nós temos um quartinho ou um cantinho em casa onde guardamos nossas quinquilharias ou aquilo que achamos que um dia vamos precisar, nossos álbuns de fotos – quando tínhamos, agora é tudo digital, ninguém revela nada, temos poucos álbuns – enfim, as nossas bagunças, umas mais organizadas do que as outras.

Eu imagino que temos isso também na vida. Temos um quartinho onde guardamos nossas memórias, nossas lembranças. Por um tempo, ele fica fechado, porque as fases vão passando, nosso cotidiano mudando e temos muito a fazer. Somos tragados pelo corre-corre da vida moderna.

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Aí, um belo dia, a gente resolve abrir o quartinho por algum motivo, algo que fomos procurar e sabemos estar lá em algum lugar. Só que não vem só o que fomos procurar, uma coisa puxa a outra, como diz o ditado popular. Pois é, dias atrás, escrevi aqui sobre uma partezinha do meu baú de lembranças, minha iniciação na área cultural. E, aí, com todo este clima natalino que percebemos por todos os lugares, lembrei dos meus natais.

Passei os 10 primeiros anos da minha infância em Erechim, lembro dos dezembros, nas noites de verão saíamos para passear pelas ruas do centro da cidade para encontrar os papais noéis. Nossa alegria de crianças. Íamos eu, meus dois irmãos próximos (os outros dois nasceram depois) e meus pais. E sempre tinha, nas esquinas, em frente às lojas, lá estavam estes personagens tão queridos da gurizada.

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Na nossa rua, a vizinhança contratava o Papai Noel para entregar os presentes na noite de Natal. O curioso é que num ano ele era vermelho, no outro, azul, devia ser para agradar colorados e gremistas. Uma das lembranças mais fortes em mim era o misto de medo e de alegria, eu tinha muito medo do Noel. Quando ouvia o sino tocando ao longe, sabia que era ele, tratava logo de me esconder. Mas era muito divertido.

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Mas não era só isso, o Natal vinha acompanhado de uma preparação. E envolvia as novenas, as encenações. Desde muito cedo, aprendi sobre esse simbolismo e o que ele representava. 

Esses momentos fazem parte da minha memória, guardada no meu quartinho. E são muito importantes. Somos feitos delas.  

Sinto falta dessa magia, hoje me parece tudo muito artificial. Precisamos viver o Natal, o espírito de Natal. Eu sei que a história de que o Papai Noel entra pela chaminé ou pela janela é alegoria. Mas que essa alegoria seja para melhorar o meu relacionamento com o mundo, com o outro, me tornar mais sensível, menos materialista. Seja para lembrar que não estamos sozinhos, que podemos e devemos fazer os outros felizes. Sempre.


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