Eu devia ter uns 7 anos, cheguei em casa e pedi aos meus pais para participar do coral estudantil. Na época, eu estudava na Escola Campos Sales, em Erechim, onde moramos nos primeiros 10 anos da minha vida. Sou santa-mariense de nascimento e de coração, com muito orgulho. Mas levo a Capital da Amizade no lado esquerdo do peito, lá no norte do Estado passei boa parte da minha infância e conquistei meus primeiros amigos.

Então, eu queria entrar no coral. E entrei. Era a menor da turma, tanto que, nos desfiles de 7 de Setembro, a professora me colocava como segunda da fila, pensava ela que aquela “pessoinha” poderia atrasar a fila. Não esqueço da parede que tinha na minha frente, era uma menina muito alta. Pelo menos, parecia lá de baixo, onde eu me encontrava.
E foi assim a minha primeira experiência com a arte. Com a música. Eu adorava cantar no coral. Até que minha família voltou para Santa Maria. Mas ela não desistiu de mim. Digo, a arte. Eu sempre me envolvia em alguma coisa, do Casamento na Roça à encenação de Natal. Não, não queria ser atriz, gostava mesmo de me envolver, de fazer parte.
Na Escola Margarida Lopes, eu sempre fazia parte da turma que inventava alguma coisa. Lembro de uma peça que apresentamos no auditório. A Dona Baratinha. Não sei de onde eu trouxe esta história. A memória vai apagando o que ela não considera importante. Vai ver que precisa liberar espaço para novos arquivos.
Não tenho dúvidas da importância que a arte desempenha na formação das crianças. Não digo por mim, mas pelo que tenho observado nas centenas de turmas picurruchas que já acompanhei entrando no Theatro Treze de Maio ou nas oficinas das escolas. O contato com a arte amplia a visão de mundo, enriquece o repertório, favorece a criação de vínculos com realidades diversas, e, assim, propicia uma cultura de valorização da diversidade, de respeito mútuo, podendo contribuir para uma cultura de paz.
Além disso, possui uma dimensão simbólica, ou seja, o poder expressivo de representar ideias através de linguagens particulares, como a literatura, a dança, a música, o teatro, a arquitetura, a fotografia, o desenho, a pintura, entre outras formas, que são linguagens criadas pela humanidade para expressar a realidade percebida, sentida ou imaginada. É uma das melhores maneiras de o ser humano expressar seus sentimentos, suas emoções.
Se alguém já parou para observar as crianças do Orquestrando, os pequenos instrumentistas do Atoque, as suaves bailarinas da Royale, a melodia inebriante do Coral Ilumina, as plateias superespeciais no Theatro Treze de Maio, sabe do que estou falando. A arte tem o poder de transformar vidas. E transforma. Porque a vida com arte é mais bonita.