Artigo

OPINIÃO: Contrata-se

Juliano Picolotto

Treze milhões de desempregados. Número assustador, preocupante mesmo. Pessoas não produzindo, quando o que mais se precisa hoje no Brasil é de produção. Porque, afinal, de onde vem a riqueza que mantém a todos, desde os funcionários públicos, passando pelos da iniciativa privada, políticos, aposentados, até, obviamente, os empresários? Produção de riqueza é a chave do desenvolvimento e, para isso, precisamos de vagas de trabalho. Ou alguém acha que o nosso IDH vai mudar por influência divina?

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Mais de 13% da população ativa, hoje, está em casa, vendo televisão. Ou na rua, só que não trabalhando. Procurando emprego. O que, convenhamos, num país “em desenvolvimento”, é bem mais do que um empecilho. É uma trava que a cada dia se mostra ainda mais intransponível.

Sim, há culpados, e não são poucos. Carga tributária desproporcional, falta de investimento, roubalheira, descrédito das instituições, predomínio da atividade especulativa – com os bancos puxando o trem – e, é claro, a própria falta de preparo profissional da nossa população.

Tanto que, ao tempo em que não há emprego no geral, sobram vagas em diversas áreas específicas, e nem tão complexas.

Ande na rua e olhe para os lados. Há placas por todos eles. Balconista, eletricista, frentista. E onde eles estão? Ou melhor, onde estão os bons profissionais? Não, não é crítica, é alerta motivacional. Ainda há vagas. Outrora eram mais, mas ainda estão lá.

É que, em tempos de crise, o empregador obriga-se a escolher melhor, treinar melhor, e exigir mais. Ou quebra. Então, todos andam mais pressionados, com atividades mais vigiadas e tendo que obter resultado de forma mais rápida e eficaz.

Tudo para dizer que o desemprego tem origens definidas, no plural. Desinvestimento, escolhas econômicas equivocadas, corrupção, peso tributário, empresas mal preparadas, e, sim, o trabalhador, que não evoluiu o suficiente no Brasil. Que perdeu a crista da onda quando tínhamos pleno emprego e ele poderia ter aproveitado para capacitar-se.

Porque foram décadas de crescimento contínuo, onde eu e você éramos procurados em casa para assumir um cargo. Além da questão educacional, que permitiu que 100% das pessoas que quisessem estudar, o fizessem.

Agora é correr atrás. Tanto o empregador como o empregado, e diga-se, também o governo, estão com esta batata quente nas mãos. Sem emprego, não há renda, não há consumo e não há emprego. Correr atrás significa aumentar a atividade produtiva, fomentar investimentos no setor empresarial – hoje um campo minado. Desestimular a especulação.

Muitos repudiam o crescimento pelo consumo – que admite-se – não pode ser o único motor do desenvolvimento. Mas a verdade é que essa roda manteve o Brasil no topo por quase duas décadas. Tempo em que brasileiro pobre conseguia usar décimo para fazer compras no Natal e comer chester na ceia, igual filme americano. O que muitos também repudiam.


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