Estamos no século 21, mas com mentalidade de século 20. Treze milhões de desempregados no país, mas em nossa terra tem gente deixando de gerar emprego, simplesmente por desinformação ou interesses políticos. Em março, o Sindilojas começou a procurar o Sindicato dos Comerciários para negociar o dissídio que tem data marcada para 31 de março. Era do interesse do Sindilojas corrigir o mais rápido possível o piso da categoria e incluir a abertura em alguns feriados.
Não foi possível. Os representantes do Sindicato dos Empregados não se deram conta do tamanho da crise econômica que passamos e utilizaram a mesma estratégia de não tomar decisões antes do fim do ano. Ou então fazer propostas totalmente inviáveis para as pequenas e microempresas responsáveis por mais de 80% da geração de empregos no segmento.
Diga-se de passagem que, há muito tempo, estes dirigentes estão fora do mercado de trabalho, não sabem mais a dificuldade de procurar emprego. Alguns estão no Sindicato há 28 anos, e a empresa que os empregava já faliu há muito tempo. São pessoas honestas e corretas, com um belo trabalho assistencial. Mas totalmente atrasadas e despreparadas para uma nova realidade trabalhista que se apresenta. Hoje é importante usar o bom senso e chegar rápido a pontos comuns na negociação que deve ser do tipo Ganha-Ganha. Se matarmos as empresas, onde vamos trabalhar?
Dentre as várias ofertas do Sindilojas, foi proposto um piso de R$ 1.235, o que representa a correção da inflação do período, mais um ganho real de 1,95%, levando em conta que, na maioria dos dissídios já acertados no Brasil, a correção ficou abaixo da inflação ou, no máximo, na inflação a proposta era muito boa. Mas pedia três feriados em troca com remuneração compatível.
Segundo a legislação, para abrir em feriados, a remuneração deve ser dobrada. No caso, R$ 41 por dia normal trabalhado, e em feriado, R$ 82.
O Sindilojas ofereceu remuneração normal na folha (R$ 41) mais um prêmio de R$ 53, totalizando R$ 94 mais um dia de folga e mais um feriado na terça-feira de Carnaval.
Que fique muito claro que terça-feira de Carnaval não é feriado, e que não tendo havido acordo na próxima terça de Carnaval, todas as lojas poderão abrir com mão de obra dos funcionários.
Todas essas decisões foram aprovadas na assembleia do Sindilojas em que eu estava presente e foram definitivas. Uma vez que as tratativas começaram em março e não evoluíram.
No dia 12 de outubro, feriado de Nossa Senhora Aparecida e Dia da Criança Santa Maria recebeu um contingente muito grande de pessoas consumidoras de fora, mas que encontraram as lojas fechadas.
Importante ressaltar que, agora, temos dois shoppings grandes, com abrangência regional, que receberam um grande público que reclamava exaustivamente do atraso de Santa Maria em ter as lojas fechadas, e que isso não era compatível com a cidade.
Em pesquisa feita pelo Diário de Santa Maria, ano passado, mais de 90% da população era a favor da abertura do comércio nos feriados.
Estamos deixando de gerar mais de 15% (no mínimo 200) de novos empregos numa época de falta de oportunidades de trabalho.
Isso é muita irresponsabilidade. Temos, em um ano, 14 feriados, gostaríamos de abrir em 10, que poderiam ser negociados para que um trabalhador só pudesse trabalhar em 5 feriados. Mas as lojas abririam em 10. Geraríamos mais empregos e estaríamos propiciando que o mercado regulasse os salários. Quanto maior a procura por trabalhadores, maior é o salário. Olhem o exemplo da construção civil nos últimos anos, onde tanto servente como pedreiros ganhavam 30% mais que o piso em função da procura.
Precisamos mudar, antes que o cliente se mude. Aí, não vai adiantar chorar.
Liberdade para trabalhar é fundamental.
É muita irresponsabilidade não gerar empregos, tem muita gente precisando trabalhar.