“O objetivo principal é que a memória fique viva, que ninguém esqueça o que aconteceu”, afirma arquiteto responsável pelo projeto do memorial da Kiss

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A construção do memorial em homenagem às vítimas da Kiss avançou mais uma etapa na última segunda-feira (4). O edital da licitação para contratar a empresa que vai executar a obra foi lançado. Em entrevista ao programa Bom Dia, Cidade!, da CDN, o arquiteto responsável pelo projeto, Felipe Zene Motta, explicou mais detalhes sobre a ideia que propôs para o memorial e falou sobre a importância da iniciativa para que a tragédia nunca seja esquecida.

– Costumo dizer que o projeto tem três vertentes: uma que olha para o passado, respeita tudo que aconteceu, e, de certa forma, conta, a partir da arquitetura, a tragédia. Isso se dá, principalmente, pela fachada, que é bastante dura e austera. Quando se entra no memorial, é um contraste total, o olhar para o presente, um acolhimento aos familiares e visitantes. A ideia é ter um jardim central, que traz serenidade e paz. O olhar para o futuro são as atividades que vão acontecer nos espaços. A ideia é que seja um centro de estudos e de excelência no que diz respeito à prevenção e combate a incêndio, além de ter uma parte museológica, para contar a história, e um auditório para promover debates, encontros e palestras – relatou Felipe.

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O arquiteto mora em São Paulo e conta que, ao longo do tempo, acompanhou os desdobramentos do Caso Kiss por meio da mídia. A aproximação com a comunidade santa-mariense aconteceu por meio do concurso realizado, em 2018, pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) e pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS) para escolher o projeto do memorial. O trabalho de Felipe foi o selecionado dentre os 121 inscritos.

O arquiteto Felipe Zene Motta durante premiação do projeto do memorial da Kiss, em 2018Foto: Gabriel Haesbaert (arquivo Diário)

Motta ainda lembra que foram previstas duas saídas de emergência do memorial, uma de cada lado.

– Os familiares e a comunidade se identificaram com meu projeto e, a partir disso, fui estreitando os laços com as pessoas de Santa Maria e com a associação. Para um arquiteto, ter a oportunidade de fazer um projeto desses é uma coisa única na vida, poder expressar através da profissão uma situação tão triste. O objetivo principal do projeto é que nunca mais aconteça uma tragédia dessas. A arquitetura do memorial tenta trazer isso, que a memória fique viva, que ninguém esqueça o que aconteceu, que olhe para a fachada e remeta à tragédia, por mais duro que isso seja – disse.

O arquiteto ainda informou que pretende vir a Santa Maria para acompanhar a construção do memorial.

A abertura de envelopes com as propostas das empresas interessadas está marcada para 5 de janeiro de 2024. A obra deve ser concluída em oito meses e está orçada em R$ 5,4 milhões.

A maior parte da verba, cerca de R$ 4 milhões, foi fornecida ao município pelo Fundo Estadual para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), que é gerido pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS). Os valores do fundo são destinados para o custeio de projetos que previnam ou recuperem danos sofridos pela coletividade. O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) informou que a prefeitura vai complementar o valor da obra com mais R$ 1,3 milhão.

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O projeto do memorial

O memorial será construído na Rua dos Andradas, no exato local onde ficam as ruínas da boate Kiss, em que aconteceu o incêndio no dia 27 de janeiro de 2013. O projeto de 383,65 metros quadrados será feito em um único pavimento, para facilitar a acessibilidade e a manutenção.

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  • Fachada – A proposta traz um muro de concreto e tijolos que bloqueia quase que inteiramente a visão do espaço interior, se vista da rua. De acordo com o autor do projeto, a austeridade da fachada representa o luto da cidade e exige respeito do visitante ao que aconteceu
  • O interior – Em contraste, ao atravessar o muro, encontra-se um espaço de luz e fluidez. O atravessar busca trazer uma ressignificação do luto e do pesar
  • No centro – No coração do projeto, haverá um jardim circular de flores. À sua volta, 242 pilares de madeira, cada um representando uma vítima da tragédia, suportam uma cobertura radial que abriga as diversas salas do conjunto
  • Ao fundo – Será instalado um auditório, composto por um palco central e plateia em lados opostos. Uma sala multiuso de caráter cultural abrigará o acervo em formato de exposição permanente multimídia. Do outro lado, optou-se por criar uma sala única que abrigará a sede da AVTSM, assim como demais áreas de reunião e atividades coletivas

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