O ano especial de Valdeci Oliveira e o que o ex-prefeito projeta (ou não) adiante

Claudemir Pereira

O ano especial de Valdeci Oliveira e o que o ex-prefeito projeta (ou não) adiante

Foto: ALRS (Divulgação)

A coluna entrevistou, pouco antes da assunção para um novo mandato, o deputado estadual Valdeci Oliveira. Os temas: o ano político excepcional que ele teve e demandas futuras. Afinal, é ou não candidato a prefeito pelo PT, em 2024? Abaixo, o leitor tem o resultado da conversa com o parlamentar.

Claudemir Pereira – 2022, que acaba neste final de janeiro, do ponto de vista político, foi o ápice da sua carreira parlamentar?

Valdeci Oliveira – Certamente, o 2022 será lembrado como um dos anos mais especiais da nossa caminhada. Exercer a presidência da Assembleia, a Casa dos Grandes Debates do Rio Grande do Sul, e o comando, mesmo que temporário, do governo do Estado nos orgulhou e nos desafiou muito. Finalizo essas missões com a certeza de ter aprendido muito e de ter colaborado com o nosso povo em diversas frentes importantes de mobilização.

CP. Quais as principais ações nesse cargo, ao longo do ano? Há algo que, na sua opinião, fez a diferença?

VO. Sem dúvida, a constituição do Movimento Rio Grande Contra a Fome, que representa união inédita de forças para enfrentar a insegurança alimentar gaúcha, foi uma das ações mais relevantes. De forma simples, mas dedicada, nós lideramos esse processo, chamamos todos os poderes do Estado e várias outras instituições e entidades e formamos uma força-tarefa contra aquele que, ao meu ver, é o maior problema do estado e do país hoje. Onde a fome entra, a saúde, a educação, a renda e a inclusão não entram ou têm muita dificuldade para entrar.

Destaco ainda o trabalho que conduzimos no enfrentamento à estiagem – a partir da mobilização liderada pela Assembleia, foi criado um Comitê Permanente sobre o tema junto ao governo do Estado -, na articulação para aprovação do Piso Regional, no apoio ao projeto de lei do Piso Nacional da Enfermagem e na retomada da interiorização da Assembleia via Fórum Democrático. Também cito como extremamente relevantes as ações para o enfrentamento à violência contra a mulher, a valorização da cultura e fortalecimento da democracia.

CP – Começa uma nova Legislatura e o senhor obteve a maior votação de seu partido. Até que ponto sua responsabilidade se amplia?

VO: Nós sabemos a dimensão disso e a responsabilidade que isso traz. Vamos retribuir toda essa generosidade do povo gaúcho com muito trabalho e muita presença junto às comunidades regionais. O nosso estilo de trabalho é na base, é colocando o pé no barro e é assim que vamos seguir atuando, sempre com simplicidade, capacidade de diálogo e espírito coletivo.

CP – Quais os principais objetivos a ser buscados nesse primeiro ano de nova Legislatura, já levando em conta que seu partido é governo, em nível federal?

VO – Mesmo sendo um deputado estadual, nós vamos, em todos os momentos possíveis, procurar ajudar o governo do presidente Lula a reconstruir o país. O nosso mandato, entre outras pautas importantes, também vai seguir lutando firme pela abertura integral dos leitos e serviços do Hospital Regional, algo que nos dedicamos há muito tempo, pela duplicação da Faixa Nova, pela defesa das universidades públicas e dos institutos federais de educação e pela valorização concreta dos professores, dos policiais, dos servidores de escola e dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde e da cultura. O combate à fome, claro, seguirá sendo uma das nossas prioridades, dando continuidade ao que fizemos na presidência da Assembleia.

E a candidatura a prefeito? Ai, ele negaceia e transfere o debate

Claudemir Pereira – Agora, o futuro. 10 entre 10 observadores políticos o colocam entre os favoritos para vencer a eleição de 2024. A questão: o seu nome estará na urna eletrônica?

Valdeci Oliveira – Recém saímos de uma eleição muito tensa, muito dura para o nosso país. As pessoas se machucaram muito nesse processo, e esse embrutecimento precisa ser contornado para que o país possa evoluir. Por isso, eu acredito que este não é o momento para discutirmos, na esfera pública, a próxima eleição.

A prioridade coletiva de momento é a busca da paz, da solidariedade, e da geração de oportunidades concretas para o nosso povo. Na hora certa, a partir da condução partidária, essa discussão eleitoral, que também é importante, será realizada de forma plural e democrática, ouvindo filiados e filiadas, a Federação partidária, dirigentes e a comunidade.

CP – Que política de alianças deve (ou não) ser implementada pelo PT, com vistas ao pleito municipal. Será circunscrita ao PC do B e ao PV, com os quais já está federado?

VO – Como afirmamos anteriormente, o momento é de trabalho e dedicação para a reconstrução do nosso país.

CP – Quais são as tarefas a ser cumpridas pelo PT de Santa Maria, do qual o senhor e o deputado federal (e ministro) Paulo Pimenta são as principais lideranças, no sentido de buscar outra vez comandar a Prefeitura?

VO – O PT de Santa Maria é o partido que possui o maior número de filiados na cidade, é o partido que possui representações muito atuantes na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal e é o partido do presidente da República. Isso não é pouco. Além disso, a sigla possui uma trajetória de trabalho e de dedicação a Santa Maria, que precisa, cada vez mais ser consolidada.

Independentemente das questões eleitorais, a principal tarefa do PT local hoje, é procurar apoiar a gestão do presidente Lula, que possui um ministro santa-mariense (o meu amigo Pimenta), é procurar fortalecer a atuação dos nossos vereadores e vereadoras e das demais lideranças partidárias e é procurar estar cada vez mais conectado às bases e às lutas sociais e populares. Agora, o debate específico sobre táticas e estratégias eleitorais, eu deixo para o partido liderar, de forma conjunta e no momento oportuno, junto com as demais forças do campo popular.

CP – Que nomes, além do seu, podem ser apresentados pela Esquerda, e não apenas do PT, para 2024?

VO – Não vou fulanizar. Mas basta olhar o cenário para percebermos que há uma série de nomes qualificados e competitivos dentro do PT, na Federação e também no campo popular como um todo.

Luneta

OS VOTOS

Ainda que não fale especificamente em 2024, nem assuma pré-candidatura, Valdeci Oliveira (leia a entrevista ao lado) não deixa de acarinhar o eleitorado citadino. Fez questão de agradecer aos daqui e região, “pela grande votação que nos foi concedida em 2022, dos quais quase 35 mil em Santa Maria, o que nos enche de orgulho e responsabilidade. Vamos trabalhar muito para honrar toda essa confiança”.

CONTRA A FOME

Também é evidente, no papo com o ex-presidente da Assembleia, a emoção ao falar da da Campanha contra a Fome, que ele liderou: “nós arrecadamos mais de 230 toneladas de alimentos, e conseguimos viabilizar R$ 40 milhões – recursos da AL e do Tribunal de Justiça – para ações contra a insegurança alimentar. Essas medidas vão beneficiar mais de 650 mil gaúchos/as que vivem em situação de pobreza extrema.”

JÁ NO PDT…

A indicação do ex-reitor Paulo Burmann, para a direção geral da Secretaria Estadual de Educação tem significado político que transcende a própria pasta. Afinal, ele se consolida como nome que não pode ser deixado de lado nas grandes discussões internas da sigla na cidade. Tá, mas e o que isso significa? Que, por exemplo, no mínimo terá de ser ouvido na hora das decisões para 2024. Ou alguém duvida?

BRASÍLIA. MAS…

Foto: ALRS (Divulgação)

No meio da semana se confirmou o que já se dizia nos bastidores. O agora ex-deputado Giuseppe Riesgo (foto), do Novo, se mantém militante, além de ser advogado. E foi para uma função que respira política. É da Chefia de Gabinete do Deputado Federal, Marcel Van Hattem, que se movimentará a partir de agora. E, sim, Santa Maria – onde ele fez 10.290 votos em outubro – está na ordem do dia do novista.

PARA FECHAR

É verdade que, por decisão do STF, está tudo suspenso. Mas o fato é que a provisória redução populacional de municípios está fazendo uns e outros a se mobilizarem para que suas populações recebam os agentes do IBGE que fazem o Censo. Afinal, a diminuição do retorno do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) doerá na população e também nos gestores das comunas. Ao recenseamento, pois.

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