Passado e futuro

No caminho da duplicação da ERS-509, quatro sítios arqueológicos

Marci Hences

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O paleontólogo que acompanhará as escavações das obras de duplicação da ERS-509 (Faixa Velha de Camobi), será conhecido nos próximos dias. Apesar de Santa Maria estar localizada sobre um enorme depósito de fósseis, a exigência de um profissional desta área para fiscalizar obras de uma rodovia é um fato inédito na região.

Segundo Átila da Rosa, professor do Departamento de Geociências da UFSM, no trecho que será duplicado - do Trevo do Castelinho até o Pé de Plátano - existe, embaixo da camada do solo (na rocha triássica), três sítios paleontológicos: o Sanga Grande da Alemoa, o Cerro da Alemoa e a Sanga do Armário. Próximo à Igreja do Amaral, há o Sítio Vila dos Sargentos. Depois, o profissional também acompanhará a construção do viaduto no cruzamento entre a Avenida Osvaldo Cruz e a Faixa Velha.

Fósseis têm mais de 225 milhões de anos

A preocupação do professor e dos estudiosos da área é de que a movimentação das máquinas no solo possa destruir os fósseis que estão no local há 225 milhões de anos.

Conforme Átila, que faz pesquisa sobre os fósseis (veja, abaixo, onde ficam os sítios paleontológicos ao longo da Faixa Velha), a importância da preservação desses sítios é porque eles guardam animais e vegetais que estão dentro das rochas. Esse material é do período triássico.
- São essas descobertas que nos permitem entender a origem de alguns animais, como os dinossauros, e também de algumas plantas, como as coníferas. É possível entender como se deu a evolução da vida no Pangéia - disse Átila.

Átila disse que qualquer escavação que atinja mais que 50 centímetros pode destruir os fósseis que estão na rocha triássica.
- Essa rocha fica abaixo do solo e é nela que esse material está preservado - explica o professor.

Um dos sítios  é um dos mais importantes do mundo

O Sanga Grande da Alemoa (próximo ao Trevo do Castelinho, às margens da ERS-509) é um dos mais importantes sítios paleontológicos do mundo. Foi deste local que foi descoberto o Estauricossauro (Staurikosaurus pricei), um dos mais antigos já encontrados e o primeiro dinossauro do período triássico achado no Brasil. Ele foi descoberto em 1935, e recebeu esse nome em homenagem ao santa-mariense Llewellyn Ivor Price, que o encontrou, juntamente com um grupo de pesquisadores da Universidade de Harvard, dos Estados Unidos.

Essa descoberta ajudou a definir toda a estrutura da pesquisa paleontológica no Brasil, que até então era bastante incipiente.







Santa Maria tem mais de 20 sítios paleontológicos

Segundo Átila Augusto Stock da Rosa, professor da UFSM e que pesquisa os fósseis na região, Santa Maria possui mais de 20 sítios paleontológicos, e de acordo com a Constituição Brasileira, são patrimônio cultural e histórico da União. Poucos lugares no mundo possuem tantos fósseis e por isso, a cidade é conhecida mundialmente por essa característica.

O município está localizado sobre uma rocha denominada Formação Santa Maria, que se formou ainda quando o continente não era separado pelo Oceano (Pangeia). Essa rocha (sedimentar ou vulcânica) é que abriga os organismos que viveram há 225 milhões de anos, no final do período geológico conhecido como Triássico.

Os dinossauros mais antigos do mundo existiram nessa época, e, alguns deles, ficaram preservados debaixo do solo da cidade Coração do Rio Grande. O estudo desses dinossauros retirados daqui permitiu que se fizessem novas descobertas sobre os répteis e mamíferos, como por exemplo, em que época existiram, quando se extinguiram, que modificações sofreram etc.

O que é paleontologia?
- De acordo com Átila da Rosa, professor de Geociência da UFSM, a paleontologia estuda os seres antigos, conhecidos como fósseis. Fóssil é toda organização animal ou vegetal que foi preser"

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