data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Jean Pimentel (Arquivo Diário)
ATUALIZAÇÃO: matéria atualizada às 19h58min do dia 3 de agosto de 2019
Morreu na manhã quinta-feira o professor aposentado João Carlos Cechella, 66 anos. Ele foi vítima de insuficiências cardíaca e renal e está sendo velado na capela 2 do Hospital de Caridade. Na sexta-feira pela manhã, o corpo será levado para Santa Rosa, onde será cremado. Cechella passou por um transplante do coração em 1989, o que o tornou o segundo transplantado mais longevo do Brasil.
HISTÓRICO
João Carlos Cechella nasceu em Ibarama e veio para Santa Maria ainda na infância. Desde cedo, foi muito ligado aos esportes. Na adolescência, foi campeão e recordista em provas de natação por várias vezes. Por isso, escolheu o curso de Educação Física, no qual é formado pela Universidade Federal de Santa Maria.
Com 33 anos, Cechella foi diagnosticado com uma miocardiopatia dilatada congênita, mais conhecida como coração grande. Em 16 de maio 1989, foi o décimo-primeiro beneficiado por um transplante de coração no Rio Grande do Sul. Na época, a cirurgia foi realizada no Instituto de Cardiologia em Porto Alegre. O santa-mariense era o segundo transplantado mais longevo do Brasil, ficando atrás apenas do advogado Waldir Carvalho, que passou pela mesma cirurgia em 1986 e faleceu em junho de 2019.
Após o transplante, Cechella passou a dar palestras e conferências de conscientização e chegou a contar a trajetória em rede nacional, em programas como Fantástico, Globo Repórter e Mais Você. Em 2016, ele participou da corrida de revezamento da tocha olímpica em Santa Maria.
- Ele deu a volta por cima e viveu praticamente outra vida. Depois do transplante, ele passou a enxergar as coisas de outra forma. Ele fez uma quantidade muito grande de amigos. Sempre foi um sujeito bem-humorado, tranquilo e que soube aproveitar cada instante - conta Cláudio Cechella, irmão de João.
Conforme o irmão Ari Júnior, João Carlos Cechella vinha enfrentando graves problemas de saúde há cerca de um mês e estava passando por sessões de hemodiálise. Ele deixa a esposa Leda, os filhos Felipe e Júlia e dois netos.
TRANSPLANTE
A trajetória de Cechella inspirou e inspira muitas outras pessoas que passam pela mesma situação. Foram 30 anos de vida após o transplante cardíaco, mais do que o dobro da expectativa de vida para alguém nesta situação, que é de 13 anos - ou oito, que era a projeção dos médicos à época do transplante de Cechella.
- Ele é um exemplo de como o transplante cardíaco é capaz de proporcionar uma vida longeva e de qualidade, especialmente se aliado a hábitos saudáveis. Pessoalmente, foi um incansável defensor do transplante e da doação de órgãos, que trouxe coragem para muitos pacientes decidirem por entrar em lista de transplante. Ele é um exemplo de como a doação de órgãos, um ato simples, pode mudar a trajetória de uma vida. No caso, prolongá-la em 30 anos de vida, manter uma família, criar uma referência. Também é um atestado de como a força um paciente aliada ao esforço de uma equipe podem vencer expectativas - afirma o doutor Roberto Sant'Anna, coordenador da equipe de transplante cardíaco do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre e que acompanhou a trajetória de Cechella.
De acordo com o médico, o tempo de vida após o transplante varia de acordo com as características do paciente, como idade, tipo de doença, presença de doença em outros órgãos e cuidados tomados, tanto com medicamentos quanto com a manutenção de hábitos saudáveis.
No caso de Cechella, de acordo com Sant'Anna, ele sempre foi uma pessoa saudável, até o momento que passou a apresentar complicação a longo prazo do transplante. Cechella foi um paciente exemplar do Instituto de Cardiologia e, como professor de educação física, procurou manter hábitos saudáveis.