Há anos, o bairro Nova Santa Marta carrega o triste fardo de ser o mais violento de Santa Maria. A colocação no ranking da violência na cidade tem como base o número de homicídios no local. Foram cinco neste ano e nove em todo o ano passado.
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Há quem diga que a criminalidade é consequência de um contexto social que está atrelado à origem e histórico do lugar. O bairro foi formado a partir de uma ocupação de terras, que começou em dezembro de 1991. Os dados oficiais apontam cerca de 12,7 mil habitantes. Mas passam de 26 mil, segundo os líderes da comunidade, que é uma das maiores ocupações urbanas da América Latina, marcada pelo abandono por parte do poder público. Infraestrutura, projetos de inclusão e assistência social por muito tempo inexistiram e continuam sendo insuficientes no local.
Moradores do bairro Agro-industrial pedem mais segurança
Para as autoridades policiais, a base da violência no local é, e sempre foi, o tráfico de drogas, que alicia crianças e adolescentes, gera disputa de mercado entre traficantes, leva à morte quem não paga as dívidas e, junto com eles, muitos inocentes, destruindo famílias e a esperança dos milhares de trabalhadores que moram por lá e querem ter uma comunidade pacificada.Por tudo isso, mesmo que as coisas já estejam mais calmas do que em março do ano passado, quando uma escola e um posto de saúde suspenderam atividades por causa da violência, a maioria das pessoas ouvidas pelo Diário querem mais segurança no Nova Santa Marta.– Ninguém tem liberdade de deixar nada nos pátios, porque (os ladrões) levam e vendem por pouco mais que nada. Tudo por causa das drogas. A gente ainda tem que tratá-los bem para continuar vivendo no meio deles – disse uma moradora.

Saneamento no bairro Uglione para que o esgoto não vá parar na sanga
– Colocaram uma arma na cabeça da minha filha de três anos. Por isso, temos de trabalhar gradeados. Eles andam por aí em grupos, crianças de 10 a 12 anos armados com facões. Tem de dar poder de polícia e treinamento para a Guarda Municipal – relata indignado um comerciante que atende os clientes pelas grades mesmo de dia.As pessoas ouvidas pelo Diário terão os nomes preservados para não sofrerem represálias. Assim como estes, foram muitos os relatos de quem foi ou conhece alguém assaltado em alguma esquina, parada de ônibus ou estabelecimento comercial.
Moradores do bairro Duque de Caxias querem segurança