opinião

Licitação do viaduto da Gare falava sobre 'túnel para desafogar a Rua Sete'

Deni Zolin

Foto: Reportagem de 2004 que trazia detalhes sobre o viaduto da Gare (arquivo/ Diário)

Na entrevista coletiva de ontem, o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) deu sua versão sobre o enrosco para o fechamento da Rua 7 de Setembro e foi possível entender como o caso teve essa reviravolta. Ao afirmar que tinha feito um acordo com o setor administrativo do Dnit para pagar R$ 638 mil e encerrar a ação judicial que exigia o trancamento da rua, ele não contava que o setor jurídico da autarquia federal iria se opor e cobrar a construção do muro. Se errou, foi ao se precipitar em garantir que o problema estava resolvido com o pagamento da indenização, na metade de 2018, e alardear que a rua não seria fechada.

A partir desta quinta-feira, veículos não passam pela Rua Sete de Setembro

Mas, a princípio, o principal problema foi que faltou comunicação clara lá no início, quando a prefeitura anunciou o projeto de construção do túnel da Avenida Rio Branco (que é o viaduto da Gare). Na reportagem do Diário de 12 de junho de 2004, que trouxe detalhes do anúncio da obra, os termos usados pela prefeitura na gestão Valdeci Oliveira (PT) eram de que o túnel "desafogaria o trânsito na Rua Sete de Setembro". O Executivo também dizia que a proposta seria encaminhada para Brasília para, depois, ser oficializada por prefeitura e Dnit.

Na época, a prefeitura não falou que uma das condições do Dnit para fazer o viaduto era, justamente, bloquear a Rua Sete - ou foi para não causar polêmica ou porque imaginavam que o Dnit nunca iria cobrar isso. Em 2004, foram ressaltadas apenas as vantagens da obra, que eram mesmo importantes, como acabar com o bloqueio das ambulâncias que iriam para a Casa de Saúde, além dos ônibus e veículos. Todos sofriam diariamente com os trens parados por até meia hora na Rua Sete. Em reportagem de outubro de 2004, que falava da licitação da obra, a prefeitura também falava só em "desafogar a Rua Sete" (foto acima). Faltou "só" a prefeitura dizer a parte "ruim", de que foi assinado o contrato prevendo o fechamento da Rua Sete quando o viaduto fosse concluído. Isso acabou criando a falsa impressão de que a cidade só ganharia com a construção do viaduto, mas agora o Dnit e a Justiça deram um balde de água fria e colocaram todos de volta à dura realidade: a prefeitura assumiu, sim, o compromisso de receber R$ 5,99 milhões para fazer o viaduto em troca do trancamento da rua.

Tem coisa mal explicada nessa reviravolta para fechar a Rua Sete

O Dnit estava no seu papel, que era investir uma verba pública numa obra para evitar transtornos e acabar com o perigo causado pelo cruzamento da ferrovia com uma rua movimentada. Por isso, o mínimo que iria exigir é que, feito o viaduto, a rua fosse trancada mesmo.

ALÉM DISSO

Apesar de ser importante entender o que aconteceu no passado que acabou resultado nesse fechamento da Rua Sete, o importante agora é avaliar se há ainda alguma chance de reverter essa decisão, pois o fechamento prejudica muito a população. Em países desenvolvidos, há cancelas eletrônicas nos cruzamentos com ferrovias. E aqui em Santa Maria, hoje só passam três trens por dia. Mas será quase impossível reverter a decisão, pois como um órgão público (Dnit) vai justificar que gastou R$ 4,75 milhões na época (em valores atualizados, dá bem mais) para fazer um viaduto para resolver o problema do cruzamento da ferrovia e, agora, ignorar que toda essa grana foi gasta?

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