A prática sexual é cercada de mitos, verdades e incertezas. E, para conversar a respeito deste tema, no último domingo, a jornalista Fabiana Sparremberger recebeu o psicólogo Cesar Brido Filho, especialista em sexualidade humana. Confira como foi esse bate-papo.
Diálogo
Fabiana – Então, Bridi. É mito que não é preciso conversar a respeito de sexo com o parceiro ou parceira…
César – A vida sexual é um reflexo dos nossos relacionamentos amorosos, escolhas e cotidiano. Como é um momento de muita intimidade, precisamos conversar com a outra pessoa, porque a probabilidade de dar certo e ser prazeroso é maior quando há diálogo. Se não houver conversa, algumas questões podem ficar subentendidas. Às vezes, em casamentos de 20 anos, por exemplo, o sexo pode não ser prazeroso para um dos cônjuges, devido à falta de conversa em relação ao assunto.
Fabiana – O que leva as pessoas a não falarem com o parceiro? Existem motivos específicos?
César – Muitos casais até têm cumplicidade, aquela parceria do cotidiano. Mas não têm intimidade. Ou seja, podem sentir que não têm liberdade para conversar a respeito do assunto, por medo de rejeição ou insegurança. Não falar aquilo que deseja pode tornar o sexo “programado”, como uma obrigação.
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Saúde Mental
Fabiana – Nos últimos anos, aumentaram as discussões relacionadas à saúde mental. As interferências psicológicas afetam a vida do casal?
César – Certamente. Quando temos um cotidiano estressante, levamos isso para cama. O sexo pode funcionar como válvula de escape para algumas pessoas. Isso não é necessariamente ruim, porém, pode ser o alerta que algo não está bem.
Fabiana – Quais os medicamentos que podem influenciar na vida sexual?
César – Remédios de uso contínuo podem afetar a questão do libido (desejo sexual). É importante conversar com o médico para saber todas as informações necessárias e o que fazer para aumentar o desejo. Sempre precisamos estar atentos se a ausência de libido tornar-se frequente, mesmo sem o uso de medicamentos. Pode ser um indicativo de que algo não está bem e precisa ser investigado.
Quem gosta mais?
Fabiana – E por falar em mitos e verdades, quem gosta mais de sexo? Homem ou mulher?
César – Não há regra aqui. Como os homens são mais visuais e as mulheres mais atentas ao toque, pode haver confusão na hora de interpretar “quem gosta mais”. Todo mundo tem o mesmo potencial para se relacionar sexualmente. Frequência, preferência, entre outras questão, são atributos de cada pessoa.
Fabiana – Uma questão relacionada à saúde foi abordada na nossa enquete nas redes sociais: é normal sentir dor durante a relação?
César – É mito. A pessoa deve buscar ajuda médica, porque a dor pode ser sinal de alguma síndrome ou infecções sexualmente transmissíveis (IST). Várias questões podem provocar desconforto. Os homens, geralmente, são mais resistentes a buscar auxílio médico, mas precisamos desconstruir a ideia de que conversar a respeito de sexo é errado ou proibido.
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