Há 30 anos, Adroaldo Pivetta, 70, dedica-se à comercialização de produtos coloniais. Nos anos 1990, levava as encomendas de bicicleta a diferentes pontos de São João do Polêsine. Hoje, já com um mercadinho instalado às margens da rodovia, vê ônibus de excursão e turistas pararem em busca do pão ou da bolacha caseira que carrega o nome e o gosto da Quarta Colônia.
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– Foi uma criação minha e da minha esposa. No começo, eu fui levando para São João do Polêsine, onde entregava em mercados e algumas casas. Depois, arrumei um carro e assim fomos tocando. Nos últimos anos, melhorou muito. Volta e meia chega turista aqui – conta.
Empreendimentos como o do seu Adroaldo, localizados na região, têm vivido diariamente os impactos da certificação da Unesco. A cada ano, tem aberto inúmeros empreendimentos na Quarta Colônia, muitos focados em turismo, alimentos, diversão e artesanato, para atender turistas, que só vêm crescendo. Conforme Victor de Lima Maffini, diretor do Geoparque Global Unesco Quarta Colônia, houve uma maior valorização e incentivo aos empreendedores locais. Ele explica que parte do trabalho da gestão é organizar o território para desenvolver a região e as pessoas que nela vivem.
Uma das formas de organização está nos selos que classificam os empreendimentos em geoprodutos, parceiros e amigos do geoparque. Os geoprodutos, segundo Maffini, são aqueles que possuem a identidade da região – no nome, no sabor ou até na forma, como é o caso do artesanato. Os parceiros são negócios que levam, para dentro dos empreendimentos, os geoprodutos.
Já os amigos do geoparque são iniciativas que não estão, necessariamente, dentro do território da Quarta Colônia, e que tem uma função mais voltada à divulgação. O diretor conta que, o mais recente é a empresa santa-mariense Vortica by GR – Desenvolvedora Imobiliária, que vai investir no condomínio Almai, no distrito de Recanto Maestro, e somar no desenvolvimento do geoparque Quarta Colônia.
– Com os selos, conseguimos expandir a nossa atuação, que alcance mais pelas pessoas seja pela divulgação, seja pela própria contribuição pelo desenvolvimento. Eles têm, aqui, uma oportunidade exclusiva de comercializar seus produtos. Então, vemos com bons olhos os novos empreendimentos que surgem com essa mentalidade de somar, pelo bem da região e do negócio. Isso é um trabalho em rede que fortalece a região, move a economia e cria laços entre os empreendedores e as pessoas – afirma Victor.
Entre os empreendimentos que carregam o selo de parceiro do geoparque estão hotéis e pousadas, por exemplo, que recebem turistas da região, do Estado e de outros cantos do país. Como forma de valorizar os produtos do geoparque, fabricados na Quarta Colônia, na mesa dos hóspedes, como queijos, salames e o mel.
Dinossauros viram arte e fonte de renda
Dinossauros em forma de pelúcia, pano de prato, bolsas e chaveiros por todos os lados. Na Casa do Artesão, localizada em Agudo, não falta criatividade. As mãos que bordam, costuram e pintam são as mesmas que se comprometem com a divulgação da Quarta Colônia por meio do artesanato. Donas do selo de geoproduto, 30 profissionais mantêm e caracterizam o espaço que, com o colorido das pinturas, dificilmente passa despercebido por quem passa pela Praça Francisco Schuster.
– Anos atrás, chegou ao ponto da casa precisar ser fechada. Foi quando nos chamaram para revitalizar o espaço e fazer funcionar. Hoje, já são mais de 30 artesãs envolvidas. E tem tudo para crescer porque está fazendo um sucesso – conta Elisete Xavier Mânica, 58 anos, presidente da Casa do Artesão.
Ao lado das colegas Giana Pavezi, 45 anos, e Rosane Silveira, 42, ela conta com orgulho que formou o Trio Jurássico. As três são responsáveis por colocar os famosos “dinos” como protagonistas no artesanato. Um pano de prato, por exemplo, passa a seis mãos. Elisete começa com a pintura, Giana é a encarregada da escrita e quem finaliza o bordado é a Rosane. E, assim, nascem estampas criativas como “tudo eu nessa casa” ou “espero, confio, dou uma surtada e vou pra pia”, como explica Giana:
– Começamos com os panos de prato de dino e foi crescendo. Hoje, já temos ecobag, avental e chaveiros. E com o selo, também colocamos a casa como referência para quem vem de fora, recebemos bastante visitações.
Conforme as artesãs, nada melhor do que a inspiração que vem do lugar em que vivem. Elementos como os característicos morangos de Agudo e os morros também estão presentes no artesanato. Por lá, elas contam que tudo é feito com muito carinho, ainda mais com a responsabilidade de carregar o selo Geoparque Quarta Colônia.
– Temos o geoparque como uma referência muito forte. E sendo um parceiro, faz com que a gente tenha, cada vez mais, o interesse de empreender e levar os nossos trabalhos para todos conhecerem – afirma Rosane.
No site do geoparque, empreendedores da região e turistas encontram todas as informações sobre o geoparque Unesco. Inclusive, há os contatos para interessados em fabricar e vender produtos identificados com a região e em receber o selo de geoproduto. No site, também há uma lista de todos os pontos turísticos da Quarta Colônia e informações de como visitá-los.
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