Família promoveu festa de Natal e preservou legado

Toda perda pode ser ressignificada. E uma das formas de transformar o luto em alegria é dar continuidade ao legado deixado pelo ente. O “tio Neni”, como era conhecido o pedreiro Sebastião Vladmir Militz, falecido aos 53 anos, deixou a missão da solidariedade ao restante da família. Quem deseja espalhar a história do irmão é a costureira Cristiane Militz, 42 anos.

Conforme a irmã, nos últimos anos, Sebastião realizava ações solidárias em datas especiais, como Natal, Dia da Criança e Páscoa, para as crianças da rua de casa, a Avenida Sol Poente, no Bairro Lorenzi. Ele comprava ingredientes, e a esposa, Raquel Colioni Militz, fazia bolos para serem distribuídos.

– Na virada do ano passado, nos reunimos na casa dele. O pai nos contou que queria realizar uma festa para as crianças da rua no final do próximo ano. E ele trabalharia duro para isso, como sempre. Somos uma família simples, mas sempre tivemos comemoração de Natal – conta a filha Suélen Militz, 24 anos.

Natal da Asena distribui brinquedos e cestas básicas

Mas, em 13 de julho de 2020, Sebastião faleceu devido a complicações da Covid-19. Com o anseio de realizar o plano do pai, os quatro filhos, Suélen, Kerolen, Maicon e Andrielen, junto dos irmãos, pais, netos e sobrinhos do pedreiro, organizaram uma ação, nos moldes possíveis dentro das restrições da pandemia.

– Fazer o desejo dele é gratificante – revela Suélen.

A família se empenhou em arrecadar doces, lanches e brinquedos, com amigos e conhecidos, pelas redes sociais. A campanha mobilizou tanta gente que contemplou cerca de 100 crianças, de até 10 anos, que receberam fichas de cadastro.

ALIMENTOS

Na sexta-feira, a distribuição contou com decoração natalina, Papai Noel e até algodão doce.

– Colocamos a alimentação em primeiro lugar, porque esta era a prioridade do Neni. Por isso, distribuímos cachorro-quente e outras refeições – explica Cristiane.

Natal foi marcado por calmaria nas estradas que passam por Santa Maria

Assim, nasceu a campanha “Natal Solidário do Tio Neni”, pela qual a família pretende continuar se empenhando. Tatiane Ribeiro de Mello, 37 anos, acompanhou a filha caçula Ana Caroline, 7. Para ela, a iniciativa veio para alegrar ainda mais o Natal da comunidade:

– Moro há oito meses no bairro e nunca tive conhecimento de alguma ação solidária. Ficamos muito felizes por esta.

*Colaborou Gabriele Bordin