Na política (quase) nada é definitivo. Logo, não se pode descartar que algo mais aconteça na sequência. No entanto, ninguém duvida que, neste ano e até aqui, a grande surpresa foi a decisão do mais jovem entre os vereadores da cidade. Pablo Pacheco anunciou que não concorrerá à reeleição nem a qualquer outro cargo em 2024. Mais: se coloca como candidato (e virtual ocupante do cargo a partir de meados deste ano) a presidente municipal do Progressistas (PP).
Para investigar essa e outras questões, como a posição do PP em relação ao governo e ao pleito do próximo ano, a coluna encaminhou cinco questões a Pacheco. As respostas, na íntegra, você encontra neste e no próximo texto, abaixo. Acompanhe:
Claudemir Pereira – Por que o senhor decidiu não concorrer mais à vereança? É só questão pessoal ou também há razões de natureza política. Se houver, quais?
Pablo Pacheco – Antes de falar propriamente da minha decisão, preciso dizer que a minha contribuição à política e ao Parlamento, com a proposta a qual fui eleito ainda em 2020, se mantém: tenho um mandato austero, fiscalizador e independente. E isso é cumprido desde 2021. Temos um saldo de contribuições efetivas à cidade. Mas a decisão de não concorrer é estritamente pessoal. Sou defensor ferrenho de que os políticos não devem depender exclusivamente da política, mas a atividade parlamentar toma grande parte do tempo de um mandatário (pelo menos do meu). Diante disso, não concorrerei à reeleição para me dedicar às minhas atividades na iniciativa privada. Terminarei o mandato aos 33 anos, cursando um MBA em Gerenciamento de Projetos e tenho ciência que é uma fase da minha vida, do ponto de vista de idade e formação, em que devo retornar de maneira efetiva ao mercado. Saio de um mandato, mas não saio da política, continuarei contribuindo com a minha cidade e meu Estado. E posso afirmar que é só um “até logo” dos mandatos, pretendo me preparar e retornar em outros cargos no futuro.
CP – A pré-candidatura a presidente do PP se deu por convite ou vontade própria? E qual seu objetivo, se eventualmente se confirmar a nova posição?
PP – A pré-candidatura foi por vontade própria. Com a decisão de não concorrer à reeleição ou algum cargo público no pleito de 2024, me sinto à vontade em me colocar à disposição do partido. É prática no PP municipal o presidente não ser candidato no pleito em que estiver exercendo a função. Caso seja eleito, meu objetivo será fortalecer as convergências para chegarmos cada vez mais fortes nas eleições do ano que vem. Com a credibilidade do meu mandato (e da bancada), pretendemos atrair bons nomes para se juntarem ao partido.
CP – Manifestação que gostaria de fazer e que não teve a oportunidade?
PP – Quero agradecer em primeiro lugar, aos meus eleitores e apoiadores do mandato por me oportunizar a construir uma Santa Maria melhor a cada dia. Em segundo lugar, agradeço o apoio dos meus colegas de bancada, do atual presidente e várias figuras históricas nesta empreitada de ser pré-candidato. Meu compromisso como futuro presidente do Progressistas é mostrar que os jovens podem e devem ter espaços importantes dentro da política e que o discurso do PP não são palavras vazias, quando falamos do fortalecimento da base. Serei incansável na busca da união e integração da nossa agremiação em toda região central, para fazermos um trabalho de formação e termos bons nomes para concorrer às Câmaras Municipais, Prefeituras, Assembleia Legislativa e Câmara Federal.
Crítica ao governo municipal, tentativa da união da Direita e o convite a Riesgo
Claudemir Pereira – Existem movimentos no PP tendentes a apoiar o governo municipal, do qual é formalmente oposição? Como o senhor se coloca diante disso, como vereador e eventualmente dirigente?
Pablo Pacheco – Como em qualquer agremiação, sempre existirão aqueles que terão opiniões discordantes, e o PP, por óbvio, não seria diferente disso. Respeito a opinião de quem queira e ache interessante uma eventual adesão à gestão Pozzobom. Eu posso falar, no momento, como vereador, e digo que a minha postura no Legislativo é de oposição à administração municipal. Porém, faço, e o que não é de hoje, uma oposição totalmente responsável, sem bravata e sem demonizar a atual gestão. Há pautas que sou crítico ferrenho, discordando de algumas decisões e de caminhos que a gestão adota, porém me coloco sempre à disposição da prefeitura quando há projetos e iniciativas que contemplem a simplificação da máquina pública, modernização e melhorias no ambiente de negócios. Isso não muda. Mas a decisão do partido de apoiar o governo atual cabe ao diretório, não ao presidente. O Progressistas é grande e precisa se valer do seu tamanho, independente da decisão do diretório municipal.
CP – O que pensa o senhor sobre como deve ser o comportamento do PP em 2024? A propósito, há mesmo a ideia de convidar (se isso não aconteceu) o ex-deputado do Novo, Giuseppe Riesgo, para entrar no partido e, eventualmente, colocar-se como pretendente à Prefeitura?
PP – O PP é, historicamente, um partido de direita e não pode fugir das origens. Temos a maior bancada da Câmara (4 vereadores) e é, sem sombra de dúvidas, a maior representação da direita na Região Central. Para 2024, além de trabalhar para aumentarmos a bancada, vamos dialogar com todos partidos de direita e centro-direita para que tenhamos o nosso lado fortalecido no próximo pleito. Santa Maria não pode retroceder e cair na mão da esquerda novamente. O Progressistas não renunciará à sua história e ao seu protagonismo nas eleições do ano que vem. Quanto ao Giuseppe Riesgo, o convite já foi feito no ano passado pelos atuais presidentes municipal (Mauro Bakof) e estadual (Celso Bernardi), mas estamos abertos ao diálogo por ele ser um excelente quadro de direita. É sabida a pretensão do Riesgo concorrer à Câmara Federal em 2026, como sucessor do deputado federal Marcel Van Hattem, que concorrerá ao Senado. Por questão prática e óbvia, Giuseppe e Marcel deverão estar no mesmo partido; e, não há nada que indique uma mudança para o PP.
Luneta
NA ESQUINA
Há quem ria da expressão do colunista, que tem dito estar 2024 “ali na esquina”. Talvez, na verdade, esteja ainda mais próximo, se isso é possível. Ah, não? Então anote aí: daqui um ano, nesse momento, já se estabelecerá, por exemplo, o nervosismo por conta da eventual troca de partido por edis descontentes com o atual partido e que não querem perder o mandato. Se estará na parte final do mês da traição.
NA ESQUINA II
Diante do inevitável, uma das grandes dúvidas, e que pode desencadear de forma definitiva papos por ora discretos e nos bastidores, é o momento em que Valdeci Oliveira, ainda que talvez não seja seu projeto de vida, assuma de vez a pré-candidatura a prefeito pelo PT. Talvez, ou provavelmente, bafafás internos do PDT, tido como aliado preferencial do petismo, estejam contribuindo para o “atraso”.
NA ESQUINA III
Não é diferente, e talvez até seja ainda mais complicado, pelas tarefas “ecumênicas” que lidera, para o outro lado da aparentemente polarizada política local. Isto é, não se sabe ainda quando acabará o lero e Rodrigo Decimo vira mesmo concorrente à prefeitura pelo lado governista. Sim, há articulações (discretas, mas há) envolvendo sobretudo MDB e os já aliados UB, Republicanos e PL. Mas…
E OS OUTROS?
Ora, se está polarizada a disputa entre, vá lá, Decimo e Pacheco, o que os outros partidos podem fazer? A resposta não é tããão difícil. Podem apresentar nomes que iriam ao sacrifício para tentar puxar votos para a Câmara ou aderem a um dos lados. Palpite claudemiriano: os maiores, MDB, PP e PDT, se não se unirem, colam num lado. Os demais (e pequenos) comporão o cenário, seja qual for a decisão.
PARA FECHAR!
Talvez seja cedo para comemorar, dada a índole retoricamente belicista de um grupo de vereadores. Mas parece estar arrefecendo, enfim, a fúria das moções maniqueístas do parlamento de Santa Maria. Ufa! O colunista reconhece: diante da irracionalidade reinante, chegou a ter saudade dos salamaleques oficiais oferecidos a uns e outros, a mancheias, não faz tanto tempo assim.