O grupo surgiu em 2011 e, de lá para cá, muitas ações já foram realizadas em prol da comunidade. Os Caras do Bem, como são conhecidos, já somam mais de 50 integrantes que atuam principalmente em Camobi. Eles já construíram uma ponte, reformaram praças, taparam buracos de rua e, regularmente, organizam festas e risotos para levantar fundos para causas sociais ou instituições beneficentes do bairro. A ideia é simples:
Nós temos como objetivo disseminar a cultura da cidadania. E nós entendemos que cidadania é a gente usar o nosso poder de transformar, e não ficar esperando que o ente público faça aquilo que também nos diz respeito. As pessoas têm que se empoderar, elas têm que ser protagonistas das transformações comenta o presidente do grupo, Reinaldo Vizcarra, 53 anos.
Cansados de esperar pela ajuda dos órgãos públicos, os vizinhos e amigos começaram a se mobilizar. Em uma das iniciativas, em maio do ano passado, eles construíram uma nova ponte sobre uma sanga da Rua L, na Cohab Fernando Ferrari, ao lado da antiga, que está velha, desgastada e oferecia muito perigo aos moradores.
Organizamos um risoto que foi feito e vendido na própria comunidade. Com o dinheiro, compramos vigas, madeiras, pregos, uma carga de terra e alugamos uma máquina. A mão de obra foi nossa e dos vizinhos. O que a gente faz é uma forma de dar o exemplo conta Vizcarra.
A professora Alexandra Maier, 35 anos, também faz parte do grupo. Para ela, as manifestações deste tipo são uma forma válida de protesto e de cobrança:
No momento em que a população vai lá e faz, ela mostra que não está contente com a situação, que está a fim de mudar e que não está esperando por ninguém. Ou seja, a prefeitura, ou quem quer que seja, torna-se desnecessária. De certa forma, tudo isso traz o olhar novamente para a comunidade.
No bairro Tomazetti, moradores providenciaram o conserto da rua
Da mesma forma que o grupo de Camobi cansou de esperar pelos órgãos públicos, os moradores da Estrada Municipal Antônio Ovídio Severo, na Vila Severo, no bairro Tomazetti, arregaçaram as mangas. Eles compraram pedras e alugaram uma máquina para consertar os buracos da rua. 
Foto: Claudio Vaz / RBS TV Santa Maria
Eu mesma caí de moto em um dos buracos. Estava intransitável. Eu e o meu marido conversamos com alguns vizinhos, e a gente juntou dinheiro e compramos duas cargas de brita, combustível para a máquina e pagamos o aluguel da patrola explica Ângela da Silva Burmann, de 51 anos, uma das moradoras.
O conserto foi feito há uma semana, e 1,5 quilômetro da via foi patrolado, da entrada da Estância do Minuano até o Frigorífico Tarumã. Os moradores afirmam que entraram em contato com a prefeitura diversas vezes e que, como não foram atendidos, resolveram agir por conta própria.
De acordo com o secretário adjunto de Infraestrutura, Obras e Serviços, Alexandre Brasil, sempre que necessário, o serviço de manutenção é feito na rua, mas que não havia nenhum protocolo registrado com o pedido de conserto na secretaria.
Dentro das condições que nos encontramos, com os reparos em estradas da cidade e dos distritos, sempre que as pessoas colaboram, a gente agradece a comunidade afirma.