A doutoranda em Arte Contemporânea da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Camila dos Santos obteve o 1º lugar na categoria “Arte Digital” do Prêmio Funarte – Olimpíadas das Artes Visuais, com o projeto Balu@rte. A Fundação Nacional das Artes (Funarte) é ligada ao Ministério da Cidadania e é o órgão responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas de fomento às artes visuais, à música, à dança, ao teatro e ao circo no país. Nesta edição, 76 projetos foram premiados em diferentes categorias.
O projeto Balu@rte surgiu depois que Camila concluiu o mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGArt) e meses antes de ingressar no doutorado. A proposta consiste em uma paisagem visual e sonora desenvolvida dentro de um ambiente online de realidade virtual, na plataforma interativa Sansar. Conforme Camila, que também é artista e radialista, ter o trabalho reconhecido por uma instituição tão importante é algo que não diz respeito somente a ela, mas também a uma rede de parcerias, instituições, amizades e afetos que torna possível as realizações em artes, tal como a pesquisa e a educação.– Prêmios são apenas uma parte de toda uma trajetória e um cotidiano de trabalho constante. É no dia a dia, cheio de desafios, que se enraiza um projeto, ainda mais como o Balu@rte, que é uma paisagem sonora e visual em metaverso que nasceu entre uma pandemia e seu fim ainda incerto, entre uma pesquisa de mestrado e de doutorado em Arte e Tecnologia. Finalizar 2022 dessa maneira é um incentivo para seguir adiante, sobretudo depois de tempos tão nebulosos pelos quais o mundo, o Brasil e o campo das artes e da pesquisa passaram ultimamente – conta Camila dos Santos.
Balu@rte
O trabalho foi desenvolvido a partir de uma residência de dois anos em uma comunidade naturista no interior do Rio Grande do Sul, a Colina do Sol, no município de Taquara. A experiência propiciou uma vivência profunda e mediada pelo naturismo e os questionamentos daí levantados, como perguntar até que ponto as tecnologias de informação e inteligência artificial podem se comunicar com o meio ambiente e “retornar” às vivências mais anteriores e selvagens para se ressignificar. Ou seja, Balu@rte é uma realização que, ao mesmo tempo que é obra de arte digital, sofre interferências do que não é digital e, em certa medida, contrapõe-se ao antropoceno, com o contraponto do meio ambiente silvestre e os tipos de imersões que ele pode propiciar.
O trabalho é constituído por uma paisagem modelada em 3D, tanto em seus elementos visuais constitutivos como em seus sons, espacializados em 360º, e é revelado pela ação do interator, que pode assumir o formato de avatar e explorar o ambiente, descobrindo-o e apresentando-o à medida que se desloca por ele, cujo cenário dialoga com o transespecismo e o pós-humano. No caso da obra inscrita no prêmio, que é um audiovisual feito dentro deste cenário de metaverso, o avatar é o da própria Camila, que convida e apresenta aos espectadores a sua vivência e imersão do ambiente físico e digital.
Leia todas as notícias