As defesas de dois dos quatro réus do processo criminal da Kiss pediram à Justiça que as testemunhas sejam ouvidas a portas fechadas, ou seja, que as audiências ocorram sem a presença de público.
A solicitação partiu dos advogados dos sócios da casa noturna, Mário Cipriani, defensor de Mauro Hoffmann, e Jader Marques, que defende Elissandro Spohr, o Kiko. O pedido ocorreu depois de um tumulto na sessão da última sexta-feira. Familiares de vítimas protestaram por não terem podido acompanhar o testemunho de Stênio Rodrigues Fernandes, ex-funcionário da boate. Ao começar o depoimento, o juiz Ulysses Fonseca Louzada determinou que as pessoas se retirassem do Salão do Júri, a pedido da testemunha de acusação. Pais, parentes e imprensa tiveram de ficar no lado de fora. Ao final da audiência, os advogados teriam sido xingados por familiares.
Os advogados de defesa pediram que o presidente da seção de Santa Maria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Péricles Costa, fosse ao local. Na tarde desta segunda-feira, ele deve se reunir com o juiz para buscar uma alternativa.
_ Para a OAB, a situação do jeito que está não pode ficar. Vamos tentar uma alternativa para garantir o direito pleno de defesa dos réus, a liberdade para os profissionais atuarem e a integralidade física das testemunhas _ inclusive, as de acusação _, do juízo e da defesa _ disse Péricles.
Para o presidente da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Adherbal Ferreira, o pedido fere os princípios de uma sociedade democrática:
_ Não deram direito nenhum de salvação a nossos filhos. Agora, se falam a verdade, qual o medo deles? Dá impressão que estão mentindo ou protegendo alguém.
O Ministério Público vai dar parecer sobre a solicitação das defesas, antes da decisão do juiz.
Ainda conforme Costa, a presença da imprensa nas audiências não teria sido questionada.