dia do chimarrão

Da origem indígena ao hábito do gaúcho, conheça a história do mate

da redação*


Foto: Rodrigo Nenê (Diário)

O músico Humberto Gessinger já revelava em sua música Ilex Paraguarienses o segredo para viver o dia com leveza: "verde... quente... erva...". O  chimarrão, que acompanha diariamente milhares de gaúchos, é um dos símbolos do Rio Grande do Sul e ganhou uma data no calendário para ser celebrada: 24 de abril. 

FOTOS: leitores do Diário compartilham imagens para celebrar o Dia do Chimarrão

A bebida tem origem indígena, e a Ilex Paraguarienses, nome científico da planta erva-mate, foi descoberta no continente americano no período de explorações europeias, conforme a historiadora Tainá Severo Valenzuela. A erva chegou a ser chamada de "Erva do Diabo" pelos jesuítas, porque não se tinha conhecimento dos seus efeitos. 

- Era um costume de alguns grupos indígenas aproveitar a folha da erva-mate para fazer a infusão com várias finalidades, como para ajudar a revigorar e também esquentar. O jesuíta não tinha noção do que se tratava a erva, ainda se tinha muitos resquícios da mitologia que envolve a bruxaria e todo esse imaginário da igreja católica. Então, até se entender que ela não era maligna o mate era visto de uma forma negativa  - explica Tainá. 

No Rio Grande do Sul, o chimarrão foi trazido pelos índios Guaranis. A infusão da erva era feita em porongo e sorvida por meio do tacuapi, uma espécie de bomba feita de taquara. De acordo com a historiadora, por meio da popularização dos hábitos dos povos das missões e da troca cultural entre o indígena e o europeu, é que o chimarrão começa a se difundir como prática. 

- Hoje, ele se tornou um hábito do povo gaúcho, mas não apenas com a intenção do tradicionalismo. Tem pessoas que não são adeptas ao movimento tradicionalista, mas consomem o chimarrão como um hábito alimentar - completa a historiadora. 

Atualmente, para preparar o chimarrão utiliza-se uma cuia, tradicionalmente feita de porongo (porém, hoje existem cuias feitas de diversos materiais, como madeira, cerâmica e plástico), bomba (que pode ser feita de aço inox, ouro ou prata, por exemplo), chaleira ou térmica com água quente e a erva-mate.  

VÍDEO: como fazer o chimarrão tradicional

SIMBOLOGIA
Entre lendas e mitos que envolvem o chimarrão, a bebida é carregada de significados. De acordo com o 2º Peão do Estado 2018/2019, Thiago Rodrigues da Cunha, antigamente dependendo do que o mate continha, queria dizer alguma coisa:

- Em muitos causos contam, na época das tropeadas, que o chimarrão era uma das formas de se comunicar. Quando tu ia visitar uma pretendente, por exemplo, não podia simplesmente chegar e conversar. Então usava o mate para isso - explica o peão. 

Conheça alguns dos significados:

  • Mate com açúcar: significa que quer a amizade
  • Mate com açúcar queimado: és simpático
  • Mate com canela: só penso em ti
  • Mate com casca de laranja: vem buscar-me
  • Mate com mel: quero casar contigo
  • Mate frio: desprezo-te
  • Mate lavado: vai tomar mate em outra casa
  • Mate enchido pelo bico da bomba: vás embora
  • Mate muito amargo (redomão): chegaste tarde, já tenho outro amor
  • Mate com sal: não apareças mais aqui
  • Mate muito longo: a erva está acabando
  • Mate curto: pode prosear a vontade
  • Mate servido com a mão esquerda: você não é bem vindo
  • Mate doce: simpatia

COMO TOMAR UM CHIMARRÃO
Segundo Cunha, para saborear a bebida é preciso cumprir uma série de peculiaridades. Há três formas de matear: solito (sozinho), de parceria (com outra pessoa) ou em uma roda (em um grupo). Quem faz o chimarrão é chamado de cevador. Ele é quem toma o primeiro mate e o responsável por servir aos demais participantes da roda.

- Na época da Revolução Farroupilha, usavam o chimarrão como forma de envenenar os combatentes. Então tu tomava o primeiro chimarrão para provar que ele não estava envenenado - conta o peão. 

Quando se está na roda de chimarrão, sempre deve passar o mate com a mão direita e com a bomba voltada para quem vai tomar. Ela deve ser devolvida ao cevador com a bomba voltada a ele. Quando não se quer mais, se diz obrigado. Quem quiser entrar em uma roda de chimarrão, deve sentar-se à esquerda de quem está servindo o mate, para entrar no final da fila. 

- Nunca pode mexer na bomba. Inclusive, se usava muito para fora, para pessoas que gostam de mexer na bomba, colocar um prego em cima do chimarrão, para mexer no prego em vez da bomba - completa Thiago. 

*Colaborou Victoria Debortoli

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