Com potencial turístico, arquitetônico e de histórias vivas, Vila Belga completa 115 anos

Diário

Com potencial turístico, arquitetônico e de histórias vivas, Vila Belga completa 115 anos
Foto: Eduardo RamosPresidente da Associação dos Moradores da Vila Belga desde março, Paulo Conceição busca fazer uma gestão que valorize a história dos moradores da vila

O conjunto de 84 casas com arquitetura belga na região central da cidade completa, nesta quarta-feira, 115 anos de história. Fundada em 13 de abril de 1907, este é o mais antigo núcleo habitacional do Estado. Nesse contexto, os ferroviários belgas fizeram de Santa Maria estação para importantes avanços na educação e saúde durante o século passado:

– Com a criação da Associação dos Moradores, eles (belgas) tinham como preocupação a educação das mulheres. Foi desta demanda que foi criada a Escola Santa Terezinha, atual Manoel Ribas (Maneco). Já na saúde, os belgas ajudaram na construção do Hospital Casa de Saúde, que hoje é municipal, mas que à época atendia ferroviários de todo Estado. Era um dos hospitais mais qualificados de todo o país – explica Paulo Conceição , morador e atual presidente da Associação dos Moradores da Vila Belga.Conceição conta que para os 115 anos, o Brique da Vila Belga do próximo domingo terá programação especial:– Além dos expositores, o Brique do dia 17 terá palestras da Brigada Militar sobre segurança pública. A Delegacia da Mulher participa desta edição com o”papo responsa”, e a TV OVO exibirá o documentário sobre a Vila – revela.

Exposição faz releitura das 15 estações da Via Sacra

O evento que inicia às 15h e vai até as 19h será o primeiro de 2022. Como parte do circuito do aniversário da Belga, na terça-feira, a Associação dos Moradores da Vila Belga ocupou a tribuna livre da Câmara de Vereadores Municipal. A Vila Belga e seus moradores foram homenageados pelos 115 anos e ainda encaminharam suas reivindicações, como a falta de iluminação pública na Rua Doutor Wauthier. Os moradores desta rua reclamam que os postes ornamentais foram vandalizados e aqueles que sobraram, não iluminam o suficiente.

Foto: Eduardo RamosSeu Caetano, de 68 anos, é morador da Rua Doutor Wauthier e reclama da falta de iluminação pública. Caetano teve que comprar um refletor para não ficar no escuro à noite

– Fui obrigado a colocar um refletor e um circuito de câmeras para me sentir um pouco mais seguro. Se não fosse isso, eu estaria completamente às escuras aqui – reclama Osvaldo Caetano (foto acima), 68 anos, ferroviário aposentado, morador há 35 anos da Vila.

Em seu discurso na tribuna, Paulo Conceição, presidente da Associação, chamou a atenção dos vereadores pela falta de projeto para consertar o problema.

PRESENTE DE OBRAS

Iniciada em março deste ano, a obra de recuperação da pavimentação e da drenagem do cruzamento das Ruas André Marques e Ernesto Beck está em sua fase final. A previsão é que o ponto histórico, historicamente alvo de reclamações pela comunidade, terá a reforma entregue em maio.

Foto: Eduardo RamosObras na Belga de drenagem da água da chuva estão 95% concluídas e revitalização deve ser entregue em maio

A recuperação do trecho faz parte do projeto do Distrito Criativo, que pretende impulsionar a economia do Centro Histórico Ferroviário. O investimento da Prefeitura é de R$ 325.020,25, dos quais R$ 199.174,07 são referentes aos materiais, e R$ 68.631,70, à mão de obra. O valor é custeado com recursos do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa).Segundo a prefeitura de Santa Maria, a parte de drenagem pluvial das obras, a que é feita antes das intervenções no calçamento da Vila, está 95% concluída.

CONSTRUINDO O FUTURO

Póloturístico referência do município e da região central, a Vila Belga busca em sua própria história, inspiração para se renovar sem perder sua essência.

– Temos que fazer com que a (Vila) Belga mantenha, assim como no passado, o protagonismo no desenvolvimento da cidade. Hoje somos um pólo da economia criativa de Santa Maria. São mais de 30 empreendedores que têm como ofício o artesanato, estúdios, ateliês, todos ligados, de alguma maneira, à cultura local – sublinha Conceição.

Foto: Eduardo RamosFilho de ferroviário, o eletricista Sérgio, de 40 anos, mora a vida inteira na Vila Belga 

– É onde eu me criei. Cresci aqui, meu pai era ferroviário. Isso daqui é uma parte da nossa história. Precisamos que a comunidade seja mais unida e se envolva mais (às atividades culturais do local) para que a cultura da Vila seja preservada e, claro, visitada – avalia Sérgio Santini (foto acima), morador da Vila.

Reconhecida em 2016 como “Patrimônio Belga no Exterior” pelo Serviço Público Federal Belga dos Negócios Estrangeiros e da Fundação Rei Baudouin, tem nas pessoas seu maior prêmio:– O mais importante é o patrimônio imaterial. Nós temos grande parte das moradias com ferroviários ou familiares de ferroviários. Temos a história viva dos ferroviários que podem ser contadas em uma roda de conversa ou até mesmo às pessoas que visitam a nossa Vila. Esse patrimônio é muito caro: as pessoas com as suas histórias – concluí Conceição.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Licitação para projeto de duplicação da Faixa Nova é adiada de novo Anterior

Licitação para projeto de duplicação da Faixa Nova é adiada de novo

Inscrições para o XVI Salão Latino-Americano de Artes Plásticas começam nesta sexta Próximo

Inscrições para o XVI Salão Latino-Americano de Artes Plásticas começam nesta sexta

Geral