A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) promoveu uma audiência pública na manhã de sexta-feira para mostrar à comunidade santa-mariense a situação orçamentária da instituição. De acordo com o reitor, Paulo Burmann, com os contingenciamentos do governo federal, de todo o ano de 2014 ao final de agosto deste ano, a UFSM não recebeu R$ 152,39 milhões em recursos que estavam previstos pela Lei Orçamentária Anual (LOA) da instituição.
MEC libera mais 5% da verba para universidades e reitor se diz preocupado
Burmann comentou sobre os anos em que ele está à frente da gestão da universidade. Ele demonstrou que o previsto para a peça orçamentária da UFSM reduziu R$ 24,42 milhões de 2016 para 2017 e lembrou que o Ministério da Educação (MEC) não terminou os repasses refentes a este ano. Como noticiado pelo Diário no começo deste mês, até a data, o MEC liberou 80% do previsto para as instituições federais de ensino na LOA de 2017.

Na ocasião, o ministro da Educação, José Mendonça Filho, afirmou que o governo federal vai liberar totalmente da verba prevista para universidades e institutos, porém, não deu prazo para concluir o repasse. Na sexta-feira, Burmann reforçou que isto é uma informação incompleta, que amarra as mãos dos gestores das instituições federais de ensino.
UFSM prevê encerramento do ano com déficit de R$ 10 milhões
O reitor da UFSM lembrou que da maneira que as finanças estão, a universidade pode fechar o ano com um déficit de R$ 25 milhões. E, mesmo que receba 100% dos recursos previstos, o ano financeiro também será encerrado com déficit de aproximadamente R$ 10 milhões. Para Burmann, uma solução possível, que foi utilizada em 2016, é que o governo federal libere verba da UFSM que está com o Tesouro Nacional.
– A instituição não pode ter recursos próprios, mas faz captação de recursos por meio de projetos via fundação. Esta verba não fica com a UFSM, vai para Tesouro Nacional e no ano passado nós solicitamos R$ 12,41 milhões deste recurso para encerrar o ano financeiro. Este ano vamos fazer este pedido, com certeza. Temos de "crédito" com o Tesouro cerca de R$ 25 milhões – conta o reitor.
MOBILIZAÇÃO
Na audiência pública, Burmann informou que nesta segunda-feira vai participar da criação da Frente Gaúcha em Defesa das Instituições de Ensino Federais. O ato ocorre na Assembleia Legislativa, no Teatro Dante Barone, a partir das 9h, e contará com a presença de outros reitores e gestores da universidades e institutos federais.
Viva o campus: edição abordou o suicídio
A Frente tem o propósito de definir uma série de ações dentro da mobilização contra os cortes orçamentários das instituições federais de ensino.
Problemas orçamentários afeta obras do campus de Cachoeira do Sul
Durante a audiência pública, o reitor comentou que o campus de Cachoeira do Sul, que está em obras, sofre com a falta de recursos e que a previsão de abertura de dois prédios para o primeiro semestre de 2018 deverá ser adiada. Burmann afirma que apesar dos problemas financeiros, a universidade ainda não pensa em rever o projeto de Cachoeira, como reduzir o tamanho do campus para concluir a construção mais rápido.
– Vamos apostar que o Ministério da Educação vai investir o que prometeu no campus de Cachoeira. Mas, da maneira que as coisas estão andando, o primeiro semestre de 2018 já está comprometido.
BOLSAS E EDITAIS
A coordenadora do curso de Jornalismo da UFSM, Laura Storch, questionou o reitor se os problemas no orçamento vão afetar os editais previstos e o pagamento de bolsistas, que já teriam reclamado de atrasos. Burmann citou que se os repasses do governo federal seguirem desta maneira, com certeza os editais serão prejudicados.
Sobre as bolsas, ele garantiu que todas serão pagas, mesmo que com atrasos, e disse que as últimas parcelas de 2017 poderão ser pagas em 2018, caso a universidade não tenha verba suficiente. O reitor ainda descreveu esta ação como "pedaladas fiscais", mas reforçando que a UFSM vai louvar com todos os compromissos financeiros previstos.