Fotos: Gustavo Ruviaro (Especial Diário) / Voluntários distribuem refeições, na Praça Saldanha Marinho, para pessoas em situação de vulnerabilidade social
Quando o relógio marca 8h, eles começam a chegar na Praça Saldanha Marinho munidos de pão, leite, café, bolos, cucas, bolachas e muito amor. São os integrantes do Café Solidário, que, desde outubro de 2017, doam suas manhãs de domingo para ajudar a quem nem sempre consegue fazer uma das principais refeições do dia. Na Praça, além do café da manhã, eles cortam cabelos, disponibilizam peças de roupa e, uma vez por mês, oferecem almoço a dezenas de pessoas em situação de rua.
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Segundo o presidente do Conselho de Segurança Alimentar de Santa Maria, Juarez Felisbetto, 60 anos, a iniciativa teve origem a partir do incentivo do presidente do Núcleo Popular de Rua de Porto Alegre, Reinaldo Santos, que esteve na cidade em julho deste ano. Outra motivação para o engajamento da equipe foi o fechamento do Restaurante Popular Dom Ivo Lorscheiter, ocorrido em 2016. A partir disso, outros voluntários aceitaram o desafio, entre eles, a conselheira do Conselho de Alimentação, Lise Maria Brasil, 45 anos.
- Muitas pessoas deixam a Casa de Passagem às 7h e ficam na rua o dia inteiro. Agora, pelo menos uma vez por semana, cerca de 20 a 45 moradores em situação de rua podem contar com um café farto, preparado por voluntários e entidades apoiadoras - diz Lise.
A professora Jéssica Barbosa, 26 anos, coordenadora do Café Solidário, afirma que ver tantos jovens empenhados com a iniciativa já é um incentivo para continuar.
- Contamos com a integração de várias pessoas da Igreja do Evangelho Quadrangular. Elas abraçaram a ideia imediatamente. Fazem os alimentos, preparam a mesa e ajudam no que for necessário. Ajudar o próximo é a grande missão do cristianismo - declara.
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Enquanto o café é servido, a esteticista Lourdes Togni, 50 anos, empenha-se em realizar os cadastros para que todos os atendidos possam ser acompanhados em outras necessidades, como vestuário, medicação, entre outros. Para ela, o movimento só tem uma motivação: o amor.
GRATIDÃO
Desempregada e com problemas de saúde, Branca Helena Kemerich, 50 anos, agradece todos os dias por conhecer pessoas que se preocupam com quem já perdeu muito na vida. Para ela, o café solidário é uma bênção, um cuidado especial.
O pedreiro Giovane da Silva Marques, 54 anos, vive em situação de vulnerabilidade há mais de três anos. Ele conta que só se alimenta do que ganha na rua, sendo que, na maioria das vezes, vive de pão e água.
- Quando me falaram do Café Solidário corri para a praça. Leite quente, café, almoço e até roupas a gente recebe. É muito bom - agradece.
SAÚDE PÚBLICA
Para Felisberto, o projeto é uma questão de saúde pública, já que pessoas em situação de rua estão predispostas a doenças e outros perigos recorrentes a quem não tem abrigo ou um lar. Ele comenta que algumas mulheres em situação de rua são gestantes, o que aumenta a preocupação da equipe de voluntários.
- Precisamos avançar. Nosso objetivo, agora, é compor uma rede de Núcleo de Apoio a Pessoas em Situação de Rua em Santa Maria. Desta forma, buscaremos auxílio junto ao Poder Legislativo, e quem sabe, criar um ambulatório para esse segmento. A gente age por necessidade. Não deveríamos ter pessoas nessa situação em um país como o Brasil - opina.
Foto: Gustavo Ruviaro (Especial Diário) / Peças de roupa também estão à disposição dos beneficiados
QUER AJUDAR?
- Como - Interessados em ajudar no Café Solidário podem ir diretamente à Praça Saldanha Marinho, aos domingos, das 8h às 10h
- O que doar - O projeto aceita doações de roupas masculinas e femininas de verão (blusas, camisetas, calções, bermudas, shorts, vestidos), materiais de higiene, café, suco, farinha de trigo e alimentos não perecíveis. As doações também são feitas na praça
- Informações - (55) 99985-5678