Azeite gaúcho e azeite português

Já referenciei aqui na coluna que quando estive em Santa Maria em dezembro de 2021 visitei as Termas Romanas e conheci uma área de plantação de oliveiras para produção de azeite de oliva. Quando ainda trabalhava na reportagem de televisão, conheci propriedades na região de Caçapava do Sul nas quais estava sendo implantado o cultivo e havia um projeto para importar uma máquina alemã para a produção de azeite. Fiquei feliz em ler a notícia de que um azeite produzido em Caçapava está entre os 9 rótulos brasileiros em destaque no ranking da Flos Olei de 2023, que seleciona os 500 melhores produtos do mundo; a lista tem outros seis rótulos produzidos em solo gaúcho. Os critérios avaliados para este ranking são produção, qualidade e variedade.

Nosso estado tem atualmente 321 produtores de oliva, totalizando 6 mil hectares. Segundo reportagem do Diário de Santa Maria, em 2022 foram produzidos 448,5 mil litros de azeite no Rio Grande do Sul.

Enquanto os gaúchos comemoram uma boa produção, Portugal que é referência em produção de azeite de oliva teve queda na safra este ano em função do clima. As ondas de calor extremo condicionaram a floração das oliveiras e somando a falta de chuva, esses fatores provocaram uma redução de 60% na produção. O ano de 2021 tinha sido excelente com um marco histórico de 200 mil toneladas de azeite. O total em 2022 deve chegar as 75 mil toneladas. Os especialistas dizem que uma redução é normal na “contra-safra”, mas que o clima prejudicou muito o cultivo. Representantes do setor garantiram que os preços não devem sofrer um aumento muito expressivo por causa da redução no volume, nem vai faltar produto no mercado, tendo em vista que há estoque de azeite das produções de anos anteriores. Mas, em função do aumento do custo em geral, principalmente da eletricidade, tudo o que se vê nas prateleiras dos supermercados está mais caro. A reportagem cita que vários países tiveram quebras acentuadas na safra, como por exemplo a Espanha que teve a produção reduzida pela metade.   

O Brasil importa muito azeite de oliva português. Das 69 mil toneladas importadas em 2020, 38 mil eram de origem portuguesa. A diferença de preço ainda é bem expressiva entre o mercado brasileiro e o português. Claro que o valor tem a ver com a qualidade e a pureza do produto. Existem aqui azeites caríssimos. Mas numa rápida pesquisa no valor de mercado do azeite mais popular, o custo é de cerca de 4 euros o litro (20 reais aproximadamente), enquanto no Brasil encontrei uma média de preço de 40 reais por litro. O preço mais acessível aqui fez com que nós mudássemos os hábitos – em Portugal, as pessoas usam azeite de oliva para cozinhar; evitando o óleo que é menos saudável. No Brasil, na nossa casa tínhamos o azeite de oliva para uso como tempero de iguarias ou saladas.