Juscelino Kubitschek

Aposentado da Vila Caramelo dedica seu tempo à vida comunitária

Silvana de Castro

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Quem nunca viu Luis Antonio Dias, 56 anos, brabo, não imagina que aquele senhor de fala pausada e mansa sabe levantar a voz para defender seus direitos. Ele aumenta o tom não só para proteger os próprios direitos, mas também os dos moradores da Vila Caramelo, no bairro Juscelino Kubitschek.

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Luis Antonio, conhecido como Tonho, é um porta-voz da comunidade, mesmo sem cargo oficial de líder comunitário. A Associação de Moradores, da qual já foi presidente de 2010 a 2012, nem existe mais. A briga mais recente dele é pelo posto de saúde Roberto Binato. Na prefeitura e na Câmara de Vereadores, todos o conhecem. Alguns integrantes dos órgãos públicos até fogem dele. É que Tonho é insistente.

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Em uma reunião no Legislativo para discutir a saúde pública, no final do ano passado, o sereno Tonho teve de ser acalmado. Cobrava, entre outras melhorias, um bebedouro e uma rampa para deficientes.

– Um vereador disse que estavam tratando do Hospital Regional e que o postinho não interessava. Daí me alterei – conta.

A próxima batalha dele é para conseguir recepcionista para o posto. Para isso, mandará um abaixo-assinado ao Ministério Público. Tonho já bancou com recursos próprios melhorias para a vila. E as pessoas costumam procurá-lo quando têm algum problema. Aposentado há oito anos por motivo de doença, ele toma três remédios para tratar a epilepsia. Mas não consegue ficar só repousando. Não pretende se aposentar da vida comunitária.

– Não quero ficar parado. Gosto de estar agitando. Quero mostrar para os políticos que não adianta eles virem aqui só para pedir votos, quero mostrar que eles têm obrigações com a gente – explica.

Tonho já recebeu convites para entrar na política. Rejeitou-os.

– Se é para ser vereador, que seja só da Caramelo – brinca.

Da política partidária, ele tem histórias para contar. Algumas engraçadas, como a de uma moradora filiada ao PMDB, cujo número é 15, a qual recusava ter o poste em frente à casa dela marcado com o número 13 (do adversário PT). A numeração dos postes tinha a finalidade de identificar pontos de troca de lâmpadas.

A vontade de ajudar os outros é uma herança do pai, Albani Dias, que, como pedreiro, foi um dos construtores a Igreja São João Evangelista. Tonho começou sua trajetória comunitária nos eventos da igreja, vendendo rifas e risoto. Seus pais foram dos primeiros moradores da vila. O aposentado sabe até o porquê do nome do lugar, só não sabe explicar o motivo do “e” fechado: o dono dos terrenos promovia corridas de cavalo e, para atrair público, dava caramelos para a criançada. Para ganharem mais doces, as crianças incomodavam os pais para serem levadas às carreiras.

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