atendimentos suspensos

'Uma pessoa é prejudicada e um profissional acaba com medo' diz dentista que teve imagem associada a fake news

Eduardo Tesch

Fotos: Renan Mattos (Diário)
Carolina registrou ocorrência quando percebeu que vídeo dela foi espalhada com notícia falsa

Quando recebemos uma informação via rede social, clicar no botão "compartilhar" pode parecer fácil ou, até mesmo, tentador. O problema é que disseminar uma notícia na internet pode trazer consequências, principalmente quando ela não foi devidamente checada. Pensar no que se compartilha é o primeiro ato para combater as fake news. Porém, quando isso não acontece, os problemas começam a afetar o dia a dia da população, chegando bem mais perto da gente do que se imagina.  

Na última terça-feira, em Santa Maria, um áudio de WhatsApp assustou moradores de Camobi. Nele, uma mulher alerta que um grupo de supostos enfermeiros vestidos de branco estaria visitando casas do bairro e infectando os moradores com o vírus do HIV por meio de agulhas contaminadas.

No mesmo dia, a Brigada Militar atestou que a notícia era falsa. Porém, horas depois, uma dentista, uma auxiliar e três estagiárias da Unidade de Saúde Wilson Paulo Noal, em Camobi, foram realizar um atendimento em uma escola no município. Os trajes brancos que vestiam fizeram com que um homem as filmassem e atribuísse a elas a suposta visita domiciliar para infectar os moradores com HIV.

- A gente se sente estranha na hora, porque nunca nos passa pela cabeça fazer mal para ninguém, porque estávamos indo para uma atividade que a gente gosta muito de fazer. Todo mundo estava bem empolgado. É claro que dá uma tristeza na hora, porque não tinha absolutamente nada a ver com aquilo que estávamos fazendo - relata a dentista Carolina Marchesan Felin, 39 anos.

Indignada com a situação e com a exposição da sua imagem em conversas de WhatsApp, ela resolveu procurar a polícia.

- Isso não pode, de forma alguma, passar batido. A gente precisa tomar as providências quando acontece, porque é uma coisa muito séria. Se a gente não registrar os fatos, daqui a pouco, todo mundo esquece. E, logo mais, uma pessoa é prejudicada e mais um profissional acaba com medo - afirma Carolina.

Em função do ocorrido, por medida de segurança dos profissionais de saúde, os atendimentos dos agentes comunitários e das equipes da estratégia de saúde da família, que fazem as visitas agendadas com dentistas e médicos, foram suspensas. Hoje, a assessoria de comunicação da prefeitura disse que o Executivo deve reavaliar a orientação, com a visita do secretário de Saúde, Francisco Harrisson, à Unidade de Saúde Wilson Paulo Noal, em Camobi. A Polícia Civil investiga a ocorrência e procura o autor do vídeo e também o autor do áudio que relacionada a imagem deles com a notícia falsa. 

- A mentira gera tanto medo e indignação que acaba se passando adiante. O desmentido é frio, as pessoas leem e não tem o mesmo impulso de repassar adiante, porque é uma coisa fria. É muito fácil a notícia se espalhar e muito difícil de se corrigir - relata o professor de políticas públicas da Universidade de São Paulo (USP) Pablo Ortellado.

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