<strong>Com 28° edições, Rodeio Internacional do Conesul organiza pela primeira vez a categoria laço prenda</strong>

Eduardo Ramos

Pela primeira vez, nos mais de 30 anos de existência do rodeio do Conesul, esta edição terá uma competição feminina, como uma espécie de celebração ao Mês da Mulher. A categoria estreante teve 80 inscrições. Outra questão pouco comum nas competições campeiras femininas é o prêmio em dinheiro. Normalmente as vencedoras são agraciadas apenas com um troféu, mas a competidora que ganhar também receberá uma cifra como premiação.

Como funciona o duelo de prendas

As competidoras têm 120 metros de cancha – que é o espaço para laçar –, para preparar suas armadas (o laço na vaca montada em um cavalo). Não há limite de tempo para realizar a armada, contando que seja antes do fim da cancha, onde está a raia – que é o fim da cancha. Para a armada valer, é necessário que acerte as aspas do boi, o que equivale a uma armada maragata (que contou). Caso a competidora não consiga ou ultrapasse a raia, a armada é branca (que não valeu).

O duelo funciona com a classificatória de quatro tentativas. De uma a uma elas têm seu momento para laçar. Caso a competidora consiga de três a quatro armadas, concorre na força A, valendo R$ 2.400; duas armadas classificam para a B, com o prêmio a R$ 1.600; e para a C, o prêmio é de R$ 1.000.

Foto: Eduardo Ramos

Mariana Henn, de 21 anos, cresceu sendo incentivada pelo pai, Vasco Moreira, 52 anos. Competindo há cinco anos, a estudante de Medicina da Universidade Franciscana (UFN) reforça a importância da categoria. Ela também ajudou na organização junto à Associação Tradicionalista Estância do Minuano:

– É frequente acontecer de competirmos e o prêmio ser somente o troféu. Então, nos dedicamos para que as competidoras recebessem também este valor.

A égua Jamila, que já tem seus 10 anos, acompanha Mariana desde 2018, quando iniciou de fato as competições. O início de tudo foi em São Gabriel, onde Mariana morava. Lá, ela começou a treinar em uma escolinha de laço. No primeiro rodeio, mesmo iniciante, venceu a prova. O pai, que incentivou desde o começo, segue acompanhando e torcendo pela filha:

– Ainda nos dias de hoje a mulher precisa lutar para conquistar seus espaços. E é por isso que incentivo a Mariana a seguir e insistimos também pela realização do torneio, aqui no segundo maior rodeio do Estado.

Contente pelo feito inédito, Mariana espera que o domingo seja competitivo entre as laçadoras e de grande incentivo para outras mulheres que assistem ao evento.

Funcionamento

Cada rodeio tem a sua especificidade definida pelo regulamento. Já na inscrição os competidores precisam se atentar a algumas situações:

No rodeio do Conesul, todos os participantes devem possuir o Cartão Tradicionalista do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG)

Caso haja empate na competição em alguma prova, o critério de desempate deverá ser o encurtamento da raia (de 20 em 20 metros). Caso precise, o encurtamento será até os 20 metros

Todos os competidores devem estar devidamente pilchados e as montarias do cavalo encilhadas, conforme as regras do MTG

Todos os cavalos passam por triagem, antes e depois das provas, para conferir se a saúde do animal está em dia. Nesse processo, recebem um chip. Após a prova, há a conferência com o cavalo e competidor para que a armada seja validada.

Nas categorias Laço Crioulaço e Quarto de Milha apenas cavalos das respectivas raças competem.

Nos laços em equipe, cinco são competidores por equipe. Laçam seis vezes, três no primeiro dia (quinta), duas no segundo (sexta) e uma no domingo.

Na prova laçador do Conesul competem apenas os laçadores das Barra do Guassupi, Cerrito e Tarupã.

Os termos

Neste ano, são seis os narradores que intercalam o trabalho de ficar de olho no rodeio, anotar as armadas e passar emoção a quem assiste. Eles se revezam no microfone a cada 1h45min. São cerca de 103 nomes narrados. Acompanhando o processo, o narrador Cândido Neto, de 39 anos, que vive os rodeios há 25 anos, deu lugar a Márcio Bataglim, de 43 anos. Até domingo, eles se trocam entre eles.

Foto: Eduardo Ramos

Quem não participa pode até estranhar os termos utilizados. Cândido explica o processo de narração:

– Aqui da cabine temos a lista com todos os competidores, marcamos a cada passo que eles laçam. Em frente à cabine, há o juiz campeiro, que levanta a bandeira para armadas maragatas e abaixa para armadas brancas, as negativas.

Com o passar do tempo, os profissionais vão se atualizando e mudando a forma de narrar:

– O laço é muito repetitivo então para quem está assistindo. A gente sempre tenta passar alguma coisa para que engrandeça o rodeio. Por exemplo, cutuca que é mutuca e tique taque da roseta (atiçar o cavalo para que ele ande mais rápido).

Valores para entrar no parque

8h às 18h: R$ 5

18h às 22h: R$ 10

Atrações

Feiras

Praça de alimentação

Shows do Comparsa Sureña (quarta-feira), César Oliveira e Rogério Melo (sexta-feira) e Ênio Medeiros (sábado)

Baile tradicional da Estância do Minuano

Programação

Quinta-feira (9)

7h às 13h – Laço Crioulaço

A seguir: Intervalo para o almoço